segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

SUPERANDO OBSTÁCULOS

Maravilhosa crônica de FABRICIO CARPINEJAR ( 17 de janeiro de 2012-Jornal ZH)

Retardado aos oito anos

Mãe é exagerada. Sempre romantiza a infância do filho. A minha, Maria Carpi, dizia que eu fui um milagre, que enfrentei sérias rejeições, que não conseguia ler e escrever, que a professora recomendou que desistisse de me alfabetizar e que me colocasse numa escola especial.


Eu permitia que contasse essa triste novela, dava os devidos descontos melodramáticos, entendia como licença poética.

Até que mexi na estante do escritório materno em busca do meu histórico escolar.

E achei um laudo, de 10 de julho de 1980, assinado
por famo so neurologista e endereçado para a fonoaudióloga Zulmira.

“O Fabrício tem tido progressos sensíveis, embora seja com retardo psicomotor, conforme o exame em anexo. A fala, melhorando, não atingiu ainda a maturidade de cinco anos. Existe ainda hipotonia importante. Os reflexos são simétricos. Todo o quadro neurológico deriva de disfunção cerebral.”

Caí para trás. O médico informou que eu era retardado, deficiente, não fazia jus à mentalidade de oito anos. Recomendou tratamento, remédios e isolamento, já que não acompanharia colegas da faixa etária.

Fico reconstituindo a dor dela ao abrir a carta e tentar decifrar a
quela letra ilegível, espinhosa, fria do diagnóstico. Aquela sentença de que seu menino loiro, de cabeça grande, olhos baixos e orelhas viradas não teria futuro, talvez nem presente.

Deve ter amassado o texto no bolso, relido sem parar num can
tinho do quintal, longe da curiosidade dos irmãos.

Mas não sentiu pena de mim, ou de si, foi tomada de coragem que é a confiança, da rapidez que é o aperto do coração. Rejeitou qualquer medicamento que consumasse a deficiência, qualquer internação que confirmasse o veredito.

Poderia ter sido considerada negligente na época, mas prefe
riu minha caligrafia imperfeita aos riscos definitivos do eletroencefalograma. Enfrentou a opinião de especialistas, não vendeu a alma a prazo.

Ela me manteve no convívio escolar, criou jogos para me divertir com as palavras e dedicou suas tardes a aperfeiçoar minha dicção (lembro que me fazia ler Dom Quixote, e minha boca andava apoiada no corrimão dos desenhos).

Em vez de culpar o destino, me amou mais.


Na vida, a gente somente depende de alguém que confie na gente, que não desista da gente. Uma âncora, um apoio, um ferrolho, um colo. Se
hoje sou escritor e escrevo aqui, existe uma única responsável: Maria Carpi, a Mariazinha de Guaporé, que transformou sua teimosia em esperança. E juro que não estou exagerando.

Superando obstáculos

Com a ajuda dos pais, crianças podem reverter distúrbios de desenvolvimento ou aprendizagem

(...) O escritor Fabrício Carpinejar conta como enfrentou sérias rejeições quando pequeno, que não conseguia ler e escrever, que a professora recomendou que desistissem de alfabetizá-lo e que o colocassem numa escola especial. O laudo de um neurologista recomendava tratamento, remédios e isolamento, já que ele não acompanharia colegas da faixa etária. Apesar dos diagnósticos, Carpinejar relata como, com o amor e a insistência de sua mãe, venceu os obstáculos e se tornou um escritor de sucesso. (...)

Qualquer criança em idade escolar está sujeita a não processar as informações que recebe da maneira esperada, podendo apresentar problemas de leitura, escrita e pronúncia das palavras, ou ao prestar atenção em sala de aula. Isso não significa, porém, que ela precise conviver negativamente com o rótulo de portadora de distúrbios de desenvolvimento ou de aprendizagem.

Especialistas na área da educação atualizados com os parâmetros teóricos mais modernos concordam, contudo, que receber uma informação como essa de forma prematura, e, muitas vezes, de maneira equivocada, pode causar estragos para o resto da vida. Novos paradigmas apontam para a ideia de que ninguém é menos inteligente por tirar nota baixa em matemática, ou por não conseguir decorar a tabela periódica: o próprio conceito de inteligência está em mutação.

Por isso, diante de uma situação em que um filho se encontra vulnerável, em vez de entrarem em pânico, perguntando-se o que fizeram de errado ou se ele é diferente dos outros, os pais devem entender que a solução pode passar por eles mesmos.

– A maneira como os pais vão lidar com um diagnóstico desse tipo está ligada à forma como eles representam seus filhos dentro de si, tornando-se decisivo na forma como a criança vai superar os problemas – define o psiquiatra Celso Gutfreind, ressaltando que, quando um pai acredita no filho acima de tudo e tem uma imagem positiva dele, transmite confiança, diminuindo o poder do diagnóstico, da “etiqueta” que colocaram na criança.

Um exemplo é a passagem da pré-escola para a primeira série. Nessa fase, algumas crianças estão mais preparadas do que outras para aprender a ler e a escrever. Ao se constatar dificuldades no aprendizado, deve-se prestar atenção para as mais simples alterações emocionais (como ansiedade e medo). A personalidade do aluno e situações mais complexas, como estar enfrentando problemas em casa – pais se separando, irmão nascendo ou bullying na escola – também devem ser considerados.

– Só porque uma pessoa não se encaixa em um padrão pré-determinado ou alguém é incapaz de compreendê-la não quer dizer que ela seja totalmente incapaz – justifica a psicóloga Lisiane Machado de Oliveira Menegotto, doutora em Psicologia do Desenvolvimento e coordenadora do curso de Psicologia da Universidade Feevale.

( LÍVIA MEIMES )

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Como lidar com crianças com dificuldades de aprendizagem




O termo 'dificuldade de aprendizagem' começou a ser usado na década de 60 e até hoje - na maioria das vezes - é confundido por pais e professores como uma simples desatenção em sala de aula ou 'espírito bagunceiro' das crianças. Mas a dificuldade de aprendizagem refere-se a um distúrbio - que pode ser gerado por uma série de problemas cognitivos ou emocionais - que pode afetar qualquer área do desempenho escolar.

Na maioria dos casos é o professor o primeiro a identificar que a criança está com alguma dificuldade, mas os pais e demais membros da família devem ficar atentos ao desenvolvimento e ao comportamento da criança.

Segundo especialistas, as crianças com dificuldades de aprendizagem podem apresentar desde cedo um maior atraso no desenvolvimento da fala e dos movimentos do que o considerado 'normal'.

Mas os pais têm que ter cuidado para não confundir o desenvolvimento normal com a dificuldade de aprender. A psicóloga Maura Tavares Rech, especialista em psicoterapia infantil, afirma que "toda a criança tem um processo diferente de desenvolvimento - umas aprendem a andar mais cedo, outras falam mais cedo - e isso é absolutamente normal, não existe um 'padrão' de desenvolvimento. Portanto é importante que os pais respeitem o desenvolvimento geral da criança. Nesta fase o pediatra torna-se um grande aliado dos pais", diz a psicóloga.

Crianças com dificuldades de aprendizagem geralmente apresentam desmotivação e incômodo com as tarefas escolares gerados por um sentimento de incapacidade, que leva à frustração.

Neste caso, a orientação da psicóloga é de "valorizar o que a criança sabe para fortalecer sua autoestima". Mostrar para a criança o quanto ela e boa em tarefas na qual ela tem habilidade e incentivá-la a desenvolver outras tarefas nas quais ela não é tão boa, é fundamental.

"Os pais têm que dar segurança e atenção para ensinar a criança a aceitar as frustrações", diz Maura. Criar um ambiente adequado para que ela desenvolva o estudo e estabelecer limite de horários para a realização das tarefas são outras dicas importantes da psicóloga.(...)

Se os pais acreditam que seu filho apresenta dificuldades de aprendizagem, devem procurar um profissional para receber as orientações.

Neste caso, os psicólogos com especialização em clinica infantil, são os profissionais adequados para realizar uma avaliação e tratar da criança, se o problema for gerado por fator emocional. Caso o diagnóstico da criança for dificuldade cognitiva, a criança deve ser encaminhada para um psicopedagogo que poderá ajudar no desenvolvimento dos processos de aprendizagem.

Para obter resultados concretos é preciso ser feito um trabalho em conjunto entre pais, psicólogos, escolas e professores, que deverão estar envolvidos com um único objetivo: ajudar a criança. E é imprescindível que os pais conheçam seus filhos e conversem freqüentemente com eles para que possam detectar quando algo não vai bem.


(Terra)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

MEUS AGRADECIMENTOS À TODOS QUE COMPARTILHARAM COMIGO ESTE ANO ...

  • Natal é sinônimo de família, união, aproximação das
    pessoas, e quando elas se sentem próximas é sinal que o sentido do Natal
    se realizou. Feliz Natal a todos!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Férias escolares: Como manter seus filhos ocupados...


Manter os filhos ocupados durante as férias não é uma tarefa nada fácil! Os filhos ficam super ansiosos para a chegada das férias para que os pais cumpram todas as promessas de passeios, de brincadeiras, de viagens e de tudo mais que os pais sempre prometem realizar quando chegar as férias. Os pais ficam loucos! Não sabem o que fazer para gastar toda a energia acumulada dos seus filhotinhos! As crianças são incansáveis no período das férias! E a dúvida que sempre aparece é como mantê-los ocupados, alegres e saltitantes durante as férias?

Primeiramente, crie um cronograma de atividades, passeios e tarefas a cada dia das férias para que a criança possa realizar. Não deixe de incluir tarefas que devem ser feitas pela criança em casa (como organizar o seu quarto, etc.), se for uma criança com faixa etária maior. Isso ajuda a criar senso de responsabilidade. Não é necessário sair de casa todos os dias! Você pode inventar brincadeiras lúdicas com seu filho e, até mesmo, incluir seus coleguinhas. Assim, tudo vai ficar ainda mais divertido. Conte com os imprevistos. Se algo acontecer e tiver que cancelar alguma atividade! Não tem problema! Só não esqueça de cumprir depois. As crianças, assim como os adultos, odeiam falsas promessas! E não pense que eles não entendem quando você tenta enganá-las para não fazer determinada coisa. São mais espertas que parecem.

Não centre as atividades das crianças com passeios e alimentação em shopping. Uma atividade saudável para criança não pode estar vinculada apenas aos centros comerciais, comida “fast-food” e consumo. Isso não é nada educativo. Há outras alternativas mais interessantes e saudáveis. Leve-a ao shopping para ver um filme ou alguma coisa bacana que esteja acontecendo nesse local (exposições de coisas para crianças, atividades de recreação, etc), mas não faça das férias um “acampamento” no shopping. Procure desenvolver atividades lúdicas e de recreação com as crianças.

Não deixe que a criança fique durante um longo período divertindo-se com jogos eletrônicos (computadores, videogame, entre outros). A criança precisa se movimentar e agitar. Não pode aprender a ser sedentária desde pequena. Você deve permití-las brincar com isso. E elas adoram! Porém, não deixe que seja apenas isso! E esqueça aquela idéia de deixá-las fazendo isso para lhe dar sossego! Vocês são os pais dela e precisa se envolver mais no cotidiano da criança, especialmente nas férias!

Procure desenvolver jogos de tabuleiro, de recreação e lúdicos (mesmo na sua casa), monte teatrinhos de contação de histórias em que cada um é um personagem, promova saraus de leitura de livros com as crianças, dê livros e as incentive, promova o dia “Gourmet Criança” sob sua supervisão e as incentive fazer alguma refeição, monte competições com os coleguinhas, faça jogo de mímica, faça uma sessão cinema em casa com todos os coleguinha, com direito a pipoca e suco, leve-as em parques. Viaje também e promova um momento de brincadeiras durante a própria viagem. Use sua criatividade e imaginação! Ufa! Até vocês (pais) se sentem cansados com tantas atividades? Essa é a idéia! Divertir, brincar e passar mais tempo com seus filhos! Vocês (pais e filhos) irão expandir toda a energia! E juntos podem perceber como as férias foram muito legais!


Fonte: Mulher digital

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Programa da Ana Maria Braga levanta polêmica sobre transtorno do déficit de atenção


Seu filho é agitado, não para quieto um segundo e tem dificuldade em se concentrar? Em um primeiro momento você pode pensar que isso é comum para a idade, mas logo vem a dúvida: e se ele tem déficit de atenção?

Desconhecido por muitos anos, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é considerado, hoje, um diagnóstico fácil para atitudes antes vistas como normais na infância. O tema sempre causa dúvidas e polêmica, como a deflagrada pelo programa "Mais Você", da TV Globo, no último dia 28. Em entrevista a Ana Maria Braga, o neurologista Eduardo Mutarelli chegou a colocar em dúvida a existência da doença. O fato fez a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) a divulgar uma carta de repúdio, esclarecendo que o transtorno é descrito desde o século 18.

"Se o TDAH fosse apenas “um jeito diferente de ser” e não um transtorno mental, por que os portadores, segundo pesquisas científicas, têm maior taxa de abandono escolar, reprovação, desemprego, divórcio e acidentes automobilísticos", questiona a ABP, após informar que mais de 200 artigos científicos já foram publicados demonstrando alterações no funcionamento cerebral de portadores do transtorno.

Dados do National Institute of Health (NHI) indicam que o TDAH é o problema psiquiátrico mais comum na infância. Um recente estudo concluiu que 4,5% das crianças e adolescentes brasileiros sofrem desse distúrbio. E não só. Cerca de 58% deles estariam sem diagnóstico, e apenas 13,3% estariam sob tratamento adequado.

É importante destacar que doenças mentais são poucos reconhecidas nesta faixa etária. Segundo o psiquiatra Guilherme Vanoni Polanczyk, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), resultados como esses ainda devem ser vistos com critério. “Isso porque a ideia de que uma criança possa ter depressão ou ansiedade é algo recente”, diz. “Até a disciplina que estuda esse grupo é nova no Brasil. Além disso, a disponibilidade de serviços é escassa. Todos esses aspectos influenciam o TDAH”, completa.

Guris sim, capetas não

Mas como reconhecer o TDAH, se uma de suas características é a extrema agitação que pode ser confundida com traço de caráter, energia ou indisciplina? Juliana Gomes Pereira, coordenadora dos Ambulatórios de Dependência Química e Abuso e Violência na Infância e Adolescência da Unidade da Criança e do Adolescente de São Caetano do Sul, ligada à Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), explica que "a gravidade dos efeitos causados por esses sintomas é o indício mais veemente do problema”.

Polanczik concorda, e acrescenta que a linha limítrofe entre uma coisa e outra é o prejuízo para a vida da criança: “Quando pais e professores, e estes são os que mais identificam e validam a existência do distúrbio, notam a relevância de determinado prejuízo para a criança, sua família e seus relacionamentos, além do desempenho cognitivo, é hora de procurar ajuda”.

Veja possíveis sinais do Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade

O diagnóstico do DTAH é clínico e deve ser feito por um médico, mas fique atento aos seguintes sintomas, especialmente se eles causam prejuízo à vida social, escolar e familiar:

Desatenção: a criança não consegue ler sem perder o foco. Essa atividade é de extremo esforço e penosa. Pequenos estímulos externos são valorizados, quando as demais crianças não os perceberiam. Perda frequente de objetos. Comportamento de quem parece não escutar. Mas atenção: esse sintoma, isolado, pode estar relacionado a outros distúrbios.

Hiperatividade: : não consegue ficar sentada por muito tempo ou parada. A sensação que se tem é que é movida por um motor. Agitação, fala em demasia.

Impulsividade: tem dificuldade de esperar sua vez, interrompe conversas, não espera a finalização de respostas para sua pergunta, age antes de pensar.

Dificuldade de memória de trabalho: : é incapaz de gerir várias informações ao mesmo tempo para execução de uma tarefa.

O diagnóstico, nesta fase, é considerado complexo”, afirma Bruno Nazar, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Mesmo se não apresentarem prejuízos associados aos sintomas, esses pacientes têm importantes limitações em suas atividades diárias para conseguir um funcionamento normal e poderiam apresentar melhora na qualidade de vida com tratamento”.

De acordo com os especialistas, como se trata de um distúrbio que envolve questões comportamentais e emocionais, o médico treinado para avaliar o problema é o psiquiatra. “Mas muitas vezes o neurologista tem sido procurado em razão da escassez desse especialista, assim como pelo estigma relacionado à sua procura, principalmente para crianças”, completa Pereira.

Pediatras também podem ser os primeiros a receber a queixa do TDAH, mas o acompanhamento da doença exige ação conjunta de equipes multidisciplinares, formadas por neurologista, neuropsicólogo, terapeuta comportamental, fonoaudiólogo, psicopedagogo, entre outros.

Desatenção pode indicar outros problemas

Como não existem exames laboratoriais para o diagnóstico, este é clínico, isto é, o médico deve colher histórico familiar e do paciente, observar a dinâmica da família, o comportamento escolar, além de avaliar a criança para identificação dos sintomas típicos, estratégias que pressupõem múltiplas sessões informativas, além de várias formas específicas de avaliação.

O psiquiatra Polanczyk informa que o diagnóstico diferencial (avaliações complementares para excluir outras situações como dislexia, problemas neurológicos, depressão etc.) é desejável, pois há situações em que o motivo da busca por ajuda médica é a desatenção. “É importante saber que nem sempre esse sintoma isolado é TDAH. Ele pode estar relacionado a outros transtornos como a depressão, a dislexia, problemas neurológicos, etc”, diz o especialista.

O papel da escola

Na escola, posicionar esses alunos mais à frente e conferir-lhes mais tempo para a realização de tarefas (provas, leituras, lições), seriam as estratégias ideais para a perfeita conjunção de esforços na busca por melhor aproveitamento. De acordo com os especialistas, já existe até Projeto de Lei que dispõe sobre a adaptação da grade curricular para quem tem TDAH. “Mas, em geral, as escolas não têm esse preparo”, observa Polanczyk.

Todo esse empenho pode valer a pena. Embora não se fale em cura, há a chance de que a história natural leve à remissão dos sintomas. Uma parcela significativa de pacientes seguirá com sinais brandos pela idade adulta.

*Com informações do UOL Ciência e Saúde

Saiba mais sobre TDAH

A Ritalina (metilfenidato), é remédio mais usado para o disturbio. A droga apresenta efeitos colaterais como taquicardia, agitação e boca seca.

Desde o meio deste ano o Brasil já conta com outra classe de remédios estimulantes, vendido comercialmente com o nome de Venvanse (dimesilato de lisdexanfetamina), que teria efeito mais duradouro. Os médicos acreditam que cada paciente se adapta melhor a um tipo de remédio.

“O objetivo desses remédios é regular as vias neuronais, principalmente do sistema dopaminérgicos e noradrenérgico, que são disfuncionais nesse distúrbio, permitindo que a pessoa foque sua atenção, e consiga reduzir a atividade motora e os demais sintomas”, completa o médico.

Nos casos em que não haja resposta positiva, a indicação é combinar o tratamento medicamentoso à terapia comportamental e auxílio acadêmico/pedagógico. Crianças com TDAH podem ter outras doenças (oposição de desafio, ansiedade, transtorno bipolar etc), chamadas comorbidades, e estas devem ser tratadas concomitantemente.

Cristina Almeida - UOL Ciência e saúde

domingo, 27 de novembro de 2011

Crianças Especiais: Anjinhos enviados por Deus!



"Quando era criança me disseram que no fim do arco-íris havia um pote de ouro. Pensei: - Nossa, vou ser 'dono' de um tesouro! Nos anos que sobravam da meninice, armado de um estilingue, tornei-me um intrépido caçador de arco-íris; mas, por mais que tentasse, não conseguia alcançá-los. Passou-se o tempo e fui tomado pela sensatez, característica que é erroneamente valorizada, pois que é na verdade pouco mais que mero matador de sonhos. Entretanto, havia algo que eu não sabia. Podemos não conseguir alcançar o arco-íris, mas, às vezes, por uma graça, ele vem até nós. Um dia, o arco-íris passou por minha casa. Trouxe consigo, brincando de 'escorregador', um anjo aprendiz, disfarçado de criança especial, um tesouro com o qual não sonhava. Essa criança-anjo povoou minha casa de sorrisos mágicos, capazes de curar dores da alma, e, desde então, eu e minha família temos vivido como disse um poeta (do qual não recordo): - A vida não é para ser contada pelo número de respirações, mas pelo número de vezes que perdemos o fôlego".
- Autor: José Carlos da Silva, pai de João Pedro - Ajude a divulgar Crianças Especiais: www.criancasanjosespeciais.com.br

Crianças especiais são todas com algum tipo de deficiência física e/ou mental, tais como paralisia cerebral, distrofia muscular congênita, deficiência mental, síndrome de Down, autismo, síndrome do Usher, síndrome de Willians, esclerose tuberosa, deficiência auditiva e visual, epilepsia, etc. É, portanto, um termo muito genérico, pois abrange as mais diferentes síndromes infantis. São portadoras de necessidades especiais e, portanto, de cuidados, acompanhamento e atenção também especial.

Porém, a grande dificuldade -entre muitas outras- da criança especial é a sua inserção na sociedade, por conta ainda da ignorância e preconceito de muitos. Não é à toa que o grande físico Albert Einstein dizia: "É mais fácil quebrar o núcleo de um átomo do que os preconceitos humanos".

Pais, familiares e, principalmente, as crianças especiais, são alvos freqüentes da intolerância e discriminação daqueles que não aceitam conviver com pessoas diferentes.
Mas, o pior preconceito vem dos próprios pais que, em muitos casos, não aceitam a deficiência de seu filho(a). Reagem com tristeza, revolta, vergonha, decepção, inconformismo ou mesmo com culpa e sentimento de fracasso por terem gerado uma criança deficiente.

Casamentos são desfeitos, os relacionamentos acabam se azedando, mas podem também unir os casais. "Por que o meu filho(a) é especial?" (...)

Embora não se possa generalizar a causa de uma deficiência, pois cada caso é um caso, como se diz no jargão médico, mas na minha experiência clínica, após ter conduzido inúmeras sessões de regressão com os pais de crianças especiais, são comuns seus mentores espirituais lhes revelarem que seus filhos escolheram no plano espiritual reencarnar nesta vida terrena, passando pela experiência como deficientes para depurarem suas próprias almas e melhorarem seus pais como seres humanos. Em outras palavras, pais e familiares precisam aprender com as crianças especiais a amar sem discriminar pessoas diferentes, pois numa outra vida, muitos deles discriminaram, perseguiram, prejudicaram de forma racista, sendo intolerantes - muitas vezes com atos de crueldade, tortura - determinados povos, ou mesmo pessoas com alguma deficiência.
Então, muitas dessas crianças especiais aprenderam, foram preparadas no Astral para virem como anjos encarnados com o intuito de depurarem suas próprias almas, bem como melhorarem seus pais. Outras, no entanto, não são crianças-anjos; reencarnaram como parte de seu resgate cármico vindo com deficiência física e/ou mental, pois cometeram atos bárbaros, matando, perseguindo, discriminando, decepando os corpos de seus inimigos. Por exemplo: crianças com problemas de retardo mental ou com graves problemas de aprendizado, vêm com essa deficiência como um resgate cármico por terem feito mau uso de sua inteligência, prejudicando muitas pessoas numa vida passada. Podem ter sido aqueles cientistas nazistas que faziam experimentos médicos com os judeus nos campos de concentração.

Observe, caro leitor, que as crianças especiais-anjos normalmente são muito meigas, dóceis, carinhosas, afáveis, profundamente amorosas, enquanto as que não são anjos, trazem ainda resquícios das inclinações negativas ( traços de personalidade) de uma vida passada, como revolta, agressividade, egoísmo exacerbado, queixumes, impaciência, irritabilidade, maledicência, etc.
Osvaldo Shimoda

IASMIM VENCENDO O AUTISMO

É emocionante perceber que nossos anjos especiais são portadores de iguais possibilidades...basta oferecermos a elas as condições necessárias...


domingo, 20 de novembro de 2011

PAIS DE FILHO COM TDAH



Educar um filho com TDAH não é tarefa das mais simples. É preciso ser paciente, calmo e ter bastante jogo de cintura.

Além de seguir religiosamente o tratamento prescrito pelo psiquiatra, há algumas dicas simples que podem tornar a vida dos pais e da criança mais sadia e feliz.

O comportamento dos pais não é a causa do TDAH, mas pode agravá-lo. O velho clichê de oferecer à criança um lar feliz, com harmonia e carinho, onde ela se sinta amada e querida, também vale aqui. E muito.

A criança com TDAH é sempre criticada, chamada de bagunceira e se sente frustrada por não conseguir corresponder às expectativas dos pais.

Ofereça atenção e carinho ao seu filho.

A casa precisa ter regras claras e que sejam seguidas por todos. Pelos pais principalmente.

A máxima do "faça o que eu digo mas não faça o que eu faço" não tem vez. Só assim a criança terá parâmetros de comportamento claros e saberá o que pé exigido dela.

Quem tem TDAH se esquece das coisas com facilidade e ter uma rotina regular ajuda a criança a se “organizar”.

Elogie, elogie, elogie. O estímulo nunca é demais. A criança precisa ver que seus esforços em vencer a desatenção, controlar a ansiedade e manter o "motorzinho de 220 voltz" em baixas rotações está sendo reconhecido.

Lembre-se que ela está sempre tentando corresponder às expectativas, mas às vezes não consegue.

A dica número 3 não é sinônimo de permissividade. A criança tem que ter limites claros e o respeito a eles precisa ser exigido.

Com uma boa dose de carinho, evidentemente. Tudo precisa ser adaptado à realidade da criança. Não adianta nada tentar estabelecer uma disciplina militar.

Leia muito sobre o assunto e tente entender como funciona a cabeça do seu filho.

Compreenda as suas limitações e não exija demais dele.

A melhor maneira para aprender a lidar com a criança portadora deTDAH é se informar.


(Regiani Pinheiro)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O JOGO DE XADREZ COMO ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA PARA ALUNOS COM TRANSTORNO POR DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE

O JOGO DE XADREZ COMO ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA (TDAH)


(Artigo Científico de Elizabeth Kuchiniski de Francisco)

A pesquisa apresentada está vinculada ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do estado do Paraná. Esta tem como objeto de estudo o aluno com transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), o qual é um transtorno funcional específico que leva crianças e adolescentes a prejuízos acadêmicos e sociais devido aos sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Desta forma,buscou-se alternativas para contribuir nos processos de atenção dos alunos com TDAH, usando como estratégia atividades relacionadas ao Jogo de Xadrez. Nesse processo realizou-se a produção de um Caderno Pedagógico, contendo fundamentação teórica e sugestões de atividades para serem desenvolvidas com alunos com TDAH, matriculados na Sala de Recursos. A intervenção pedagógica foi realizada na Escola Estadual Monteiro Lobato, Ponta Grossa/PR, pela professora de Educação Física, proponente deste estudo do PDE e escolares com TDAH. Como resultado, verificou-se que os escolares melhoraram os níveis de atenção sustentada, seletiva e executiva. Destaca-se a melhora na auto-estima dos alunos com TDAH que participaram desse estudo, além disso o relato dos professores desses educandos do Ensino Regular quando referem-se a mudança visível desses educandos em relação a mobilização, interesse e produção escolar. Conclui-se a pesquisa afirmando que o estudo possibilitou aos

professores ampliar os conhecimentos e provocar mudanças qualitativas na prática escolar da escola pública paranaense, estabelecendo o diálogo entre os professores das Universidades e os da Educação Básica, por meio de troca de experiências e produção de conhecimentos.


1 INTRODUÇÃO

Ensinar é uma tarefa que impõe desafios diários e variados para o educador. Ensinar uma criançacom TDAH (Transtorno por Déficit de Atenção e Hiperatividade) é ainda mais desafiador, pois cada criança com ou sem transtorno é única.

No contexto escolar há uma grande diversidade de educandos, os quais apresentam suas singularidades e especificidades. Muitas vezes, o professor desconsidera a individualidade dos escolares propondo atividades de forma coletiva, o que se traduz posteriormente em dificuldades de aprendizagem.

É comum a queixa dos docentes que o aluno não aprende porque é desatento e/ou indisciplinado. O Transtorno por Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um dos mais frequentes distúrbios que ocorrem nas crianças. Não existe uma única forma de TDAH e com o tempo ela pode sofrer alterações imprevisíveis. Esse distúrbio afeta a criança na escola, em casa e na comunidade em geral, muitas vezes prejudicando seu relacionamento com professores, colegas e familiares (SARRIÀ, 1995, p.160). Para haver um diagnóstico deste transtorno, os sintomas devem interferir significantemente na vida da criança, num comportamento crônico, com duração de no mínimo seis meses e as características devem estar presentes em mais de um ambiente (DSM – IV, 1995).

O TDAH tem sido atualmente objeto de estudos de vários profissionais, tanto da área médica quanto educacional. Este transtorno caracteriza-se pela desatenção, agitação motora excessiva - hiperatividade e auto-regulação de impulsos - impulsividade, os quais favorecem a manifestação de problemas de aprendizagem, de relacionamento familiar, escolar e social (DSM – IV, 1995; RIZO; RANGE 2003; ROHDE; BENCZIK,1999).

Muitos educadores (VYGOTSKY; LURIA; LEONTIEV, 2006; PIAGET, 1975; WALOON, 1981) sugerem a utilização de jogos e brincadeiras como metodologia de ensino e aprendizagem com vistas a contribuição no desenvolvimento da inteligência, da criatividade, da linguagem, da sociabilidade, da afetividade e da organização do pensamento.

A função social da escola é propiciar a todos os alunos o saber sistematizado ao longo da história da humanidade. No decorrer do trajeto muitos podem ser os obstáculos encontrados no processo de ensino e de aprendizagem.

De acordo com Blanco (1995) o professor precisa ter clareza de como a criança aprende, pois o conceito de aprender determina o de como ensinar. Responder adequadamente a cada aluno significa entender que cada escolar tem seu ritmo, seu estilo, seus interesses, seus limites e suas possibilidades. Em síntese, “é a escola que deve adaptar-se à criança e não o contrário, como ocorreu até agora” (BLANCO,

1995, 308).

Isso significa entender que o espaço escolar é um ambiente de diferenças e de diversidades, portanto, exige de os educadores novas compreensões acerca dos fatores que interferem na aprendizagem dos alunos, bem como mudanças nas estratégias, nos encaminhamentos metodológicos e avaliativos do processo ensino-aprendizagem.

Pois, o enfrentamento aos desafios educacionais contemporâneos (educação ambiental; educação em/para direitos humanos; prevenção ao uso indevido de drogas; enfrentamento a violência, educação inclusiva e outros) necessita dos docentes uma formação sólida e consistente, para enfrentar e propor ações educativas de qualidade para essas demandas (SEED, 2009).

Uma educação que se propõe inclusiva e de qualidade para todos, deve re(conhecer) as diferenças e diversidades, respeitando-as e compreendendo os limites e os avanços de seus educandos. Isso só será possível, se o professor propor intervenções pedagógicas considerando as singularidades e subjetividades

presentes no espaço educativo da unidade escolar (BRASIL, 2004).

Desta forma, justifica-se a realização deste estudo, pois realizou um trabalho pedagógico com uma população considerada pelos educadores difícil de ser trabalhada, a saber: o aluno com TDAH.

Pensando na inclusão deste educando e na sua sociabilização, e que algo deveria ser realizado para diminuir suas dificuldades acadêmicas, muitas vezes geradas pela falta de entrosamento no meio em que vive e no seu ambiente escolar, utilizou-se como ferramenta pedagógica o jogo.

Este é considerado como uma importante atividade na educação de crianças, uma vez que permite o desenvolvimento afetivo, motor, cognitivo, social, moral e a aprendizagem de conceitos, pois jogando a criança experimenta, descobre, inventa, exercita e confere suas habilidades, estimulando a curiosidade, a iniciativa e a auto confiança, proporcionando aprendizagem, desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração da atenção, sendo indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança (HUIZINGA, 1996).

Sendo assim, dentre os vários jogos que desenvolvem a atenção e concentração utilizou-se o jogo de xadrez como estratégia de intervenção pedagógica para alunos com TDAH. A atividade com o xadrez possibilita ao aluno: jogar atendendo as normas, adaptar-se a um código comum, tendo liberdade para criar iniciativas e acatar limites não violando regras. Ademais o jogo favorece o planejamento estratégico (atenção executiva), o manuseio das peças no tabuleiro (atenção seletiva) e a concentração no jogo (atenção sustentada), habilidades estas que o aluno com TDAH apresenta extrema dificuldade em atividades escolares, o objetivo do jogo de xadrez é propiciar de uma forma prazerosa o domínio dessa função cognitiva superior (D’AGOSTINI, 2002;TIRADO; SILVA, 1996).

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO TRANSTORNO POR DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE

O Transtorno por Déficit de Atenção/Hiperatividade é considerado um problema de saúde mental, o qual se manifesta pela desatenção, agitação motora excessiva (hiperatividade) e impulsividade (DSM IV, 1995; ROHDE; BENCZIK, 1999).

Pesquisas têm abordado sobre possíveis causas para o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, como a hereditariedade, problemas durante a gravidez ou no parto, exposição a determinadas substâncias, problemas familiares. Mas, como afirma Rohde e Benczik (1999, p.58), é importante lembrar que muitas destas pesquisas somente mostram uma associação entre estes fatores, mas não mostram uma relação de causa e efeito.

De acordo com o DSM IV (1995) os sinais e os sintomas de cada característica são observados de diferentes maneiras, tanto no âmbito escolar quanto fora dele, ou seja:

a) Desatenção

- incapacidade de fixar atenção a detalhes e, por isso, comete erros nos exercícios escolares;

- incapacidade de sustentar a atenção nas brincadeiras, jogos e atividades escolares;

- incapacidade de escutar o outro;

- incapacidade em seguir roteiros e completar as tarefas solicitadas;

- incapacidade na organização dos materiais e das tarefas;

- incapacidade em realizar atividades as quais exijam esforço mental;

- incapacidade de manter-se atento frente a estímulos distratores;

- incapacidade de lembrar-se das atividades rotineiras;

- incapacidade de não perder os materiais e os objetos.

b) Hiperatividade

- incapacidade de manter os pés e as mãos parados;

- incapacidade de manter-se sentado por um período longo;

- incapacidade de detectar situações perigosas (corre, sobe e desce em locais inapropriados);

- incapacidade de executar uma brincadeira silenciosamente;

- incapacidade motora (excessiva perseveração);

- incapacidade de manter-se quieto (fala excessiva).

c) Impulsividade

- incapacidade de esperar sua vez;- incapacidade de não se intrometer em conversas e brincadeiras alheias;

- incapacidade de ouvir o término da pergunta, responde precipitadamente.

Estes sintomas do Transtorno por Déficit de Atenção/Hiperatividade podem ser classificados em três subtipos: a) Tipo Combinado; b) Tipo Predominantemente Desatento; c) Tipo Predominantemente Hiperativo/Impulsivo.

O manual de diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM – IV, 1995) considera o diagnóstico de TDAH a manifestação desses conjuntos de sintomas (pelo menos seis de cada subtipo) em contextos diversificados, os quais ocorrem frequentemente pelo menos por seis meses. Os pesquisadores

(BARKLEY, 2002; BENCZIK, 2000; RODHE; MATTOS, 2003) indicam que várias são as causas do transtorno, como por exemplo: fatores genéticos, ambientais e sociais.

Alguns pesquisadores adicionam outros sintomas, como por exemplo: humor instável, depressões freqüentes, caligrafia de difícil entendimento (SILVA, 2006). De acordo com Andrade (2003) nos primeiros anos de vida da criança já se pode detectar alterações no processo de desenvolvimento neurológico e emocional, pois algumas crianças apresentam choro excessivo, sono agitado, poucas horas de sono e irritabilidade. Com o decorrer dos anos, a agitação dessas crianças muitas vezes leva-as a quebrarem os brinquedos, perderem o interesse pelas brincadeiras e se machucarem, com frequência.

Para Rohde e Benczik (1999) os infanto-juvenis com características de hiperatividade, impulsividade e desatenção tendem a apresentar desvantagens em espaços que exijam habilidade de atenção, de controle motor e de impulsos, os quais são de extrema importância em tarefas da vida diária e escolar. Neste sentido, é comum as crianças e os adolescentes com TDAH apresentarem baixa auto estima devido ao seu comportamento, muitas vezes, são rotulados de mal educados, inconvenientes, sem limites, o que levam a se isolarem ou serem rejeitados em grupos.

2.2 REDES DE ATENÇÃO

Toda atividade consciente humana requer a atos de atenção (VIGOTSKI, 2001). A atenção é de suma importância na realização consciente de uma atividade quer seja escolar ou não. Luria (1981) infere que toda atividade mental organizada e planejada humana possui algum nível de direção e de seletividade. Portanto, define atenção como a organização do caráter direcional e a seletividades dos processos mentais.

Para Luria (l981) o cérebro humano é um órgão que comanda todo o organismo, dele depende toda capacidade de receber, codificar, elaborar as informações e programar as ações. O cérebro é formado por três unidades ou blocos, suas funções são essenciais, pois, delas dependem toda atividade organizada e consciente do homem.

O primeiro bloco do cérebro é formado pelo tronco encefálico, hipotálamo e talámo, e tem comofunção a manutenção do tônus cerebral, o controle do sono, da vigília, da atenção e da memória.

A segunda unidade funcional do cérebro é composta pelas regiões posteriores do cérebro (occiptal, temporal e parietal). A função primária deste bloco consiste em receber, processar e armazenar as informações das áreas auditivas, visuais e tátil-cinestésica.

Essas regiões são subdivididas em áreas primárias, secundárias e terciárias. As áreas primárias recebem todo tipo de informações, selecionam os estímulos recebidos e distribui para as áreas secundárias. O córtex visual possibilita a entrada da informação, as áreas 17 (córtex estriado), no mapa citoarquitetônico de Broadmann tem a função de simplificar o processamento das informações recebidas (KAJIHARA, 1993).

O córtex auditivo está localizado nas áreas 41 e 42 (giro temporal transverso) responde estímulosacústicos variados. O córtex sensorio-motor está localizado nas áreas 1, 2,3 e 4 de Broadmann, toda informação processada nesta área envolve processos receptivos auditivos, visuais e somestésicos (KAJIHARA, 1993).

A área terciária tem função de organização espacial de impulsos que chegam às diferentes zonas cerebrais. A terceira unidade funcional é formada pela região anterior do cérebro e está conectada com o tronco cerebral incluindo a formação reticular. Tem a função de programar, regular atenção e concentração e verificar ação consciente do homem (LURIA, 1981).

A aprendizagem só acontece quando o sistema nervoso central está em condições favoráveis, integrado e coordenado com seus componentes. Alterações no sistema nervoso central manifestam em problemas de aprendizagem, mas especificamente em aritmética, leitura e escrita dos alunos. Benczik (2000) destaca alguns fatores que contribuem para o insucesso escolar do aluno com TDAH, como por exemplo, a formação pedagógica insuficiente na compreensão dos transtornos da aprendizagem, excesso de educandos matriculados na mesma turma, má remuneração dos docentes, o que dificulta buscar novos cursos complementares acerca das dificuldades no processo de ensino e aprendizagem.

2.3 CONSIDERAÇÕES EDUCACIONAIS DO TDAH

Benczik e Bromberg (2003) consideram alguns fatores que contribuem para o desempenho e a adaptação do escolar com TDAH, a saber: o atual sistema de educação no Brasil; as intervenções educacionais e o desempenho escolar do aluno com TDAH; a função da escola e do professor naadaptação e flexibilização curricular dessa população.

De acordo com as autoras supracitadas a escola desconsidera as diferenças individuais tratando deforma homogênea todos aqueles que passam por ela. A demais, o sistema educacional enfatiza, apenas, os aspectos cognitivos do ensino e da aprendizagem, renegando outras habilidades, como por exemplo,

cinestésica, musical, espacial e outras. Para Macedo (2005, p.12) “tanto a dimensão intelectual como em nosso cotidiano, deparamo-nos com o diferente, com o que surpreende, com aquilo que transgride nosso esforço de redução ao conhecido”.

O tratamento de crianças com TDAH supõe intervenção psicológica, pedagógica e médica. Diante da diferença, toda escola, todo educador tem que apresentar-se aberto à diversidade e oferecer respostas às necessidades concretas de todos os alunos, transpondo os modelos rígidos e inflexíveis, dirigidos ao aluno médio (BLANCO, 1995). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96 refere-se no seu artigo 59 a obrigação das escolas na adequação do ensino para aqueles que apresentarem necessidades educativas especiais.

O referido artigo destaca:

Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:

I- currículos, métodos, técnicas, recursos e organização específicos, para atender às suas necessidades;

II- terminalidade específica para aqueles para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;

III- professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns.

Sendo assim, é direito do aluno um ensino diferenciado e flexibilizado com currículos adaptados e processos avaliativos diversificados, os quais atendam as necessidades educacionais especiais singulares do educando.

Acreditamos que o sucesso na sala de aula pode exigir uma série de intervenções. A maioria destas crianças pode permanecer na classe regular, com pequenas intervenções no ambiente estrutural da escola, modificação de currículo e estratégias adequadas à situação, como por exemplo o jogo.

2.4 O JOGO

O jogo é considerado como uma importante atividade na educação de crianças, uma vez que permite o desenvolvimento afetivo, motor, cognitivo, social, moral e a aprendizagem de conceitos, pois jogando a criança experimenta, descobre, inventa, exercita e confere suas habilidades, estimulando a curiosidade, a iniciativa e a auto confiança, proporcionando aprendizagem, desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração da atenção, sendo indispensável à saúde física, emocional eintelectual da criança (HUIZINGA, 1996).

O jogo é considerado uma atividade lúdica que envolve três funções:

1- Socializadora (através do jogo a criança desenvolve hábitos de convivência);

2- Psicológica (pelo jogo a criança consegue controlar seus impulsos);

3- Pedagógica (o jogo trabalha a interdisciplinaridade, a heterogeneidade e o erro de forma positiva, tornando a criança agente ativo no processo de desenvolvimento).

O jogo possibilita o “aprender-fazendo” e para ser mais bem aproveitado é conveniente que proporcione atividades dinâmicas e desafiadoras, que exijam participação ativa da criança.

As relações cognitivas e afetivas, consequentes da interação lúdica, propiciam amadurecimento emocional e vão construindo a sociabilidade. O jogo, compreendido sob a ótica do brinquedo e da criatividade, deverá encontrar maior espaço para ser entendido como educação, na medida em que os professores compreenderem melhor toda a sua capacidade potencial de contribuir para o desenvolvimento dos escolares.

No jogo existem as regras e depois que todos a conhecem têm as mesmas oportunidades, e aprendem a aceitá-las, pois o desafio está, justamente, em saber respeitá-las, esperar sua vez, aceitar o resultado do jogo ou de um fator de sorte que o determine, são excelentes exercícios para lidar com frustrações e, ao mesmo tempo, elevar o nível da motivação (HUIZINGA, 1996).

Para Piaget (1975) nos jogos de regras existe algo mais que a simples diversão e interação, pois, eles revelam uma lógica diferente da racional. Este tipo de jogo revela uma lógica própria da subjetividade necessária para a estruturação da personalidade humana quanto à lógica formal, advinda das estruturas cognitivas. Optou-se pelo Xadrez por uma atividade primordial por excelência, não só por atender às características de desporto, estimulando, entre outros, o espírito competitivo e autoconfiança, bem como, adequando-se às exigências da educação moderna e elevando a auto-estima da pessoa para além do xeque-mate. Por isso sugere-se a utilização do jogo de xadrez como estratégia de intervenção pedagógica para alunos que apresentam TDAH.

A atividade com o xadrez possibilita ao aluno: jogar atendendo as normas, adaptar-se a um código comum, tendo liberdade para criar iniciativas e acatar limites não violando regras (D’AGOSTINI, 2002; TIRADO; SILVA,1996).

2.5 O JOGO DE XADREZ

No xadrez, o tempo todo está se criando jogadas, das mais simples às mais complexas, para se alcançar o objetivo proposto que são: capturar o adversário, proteger nossas próprias peças, atacar o Rei adversário, entre outras. Dessa forma, a prática do jogo parece potencializar o desenvolvimento de habilidades como: planejamento estratégico (atenção executiva), o manuseio das peças no tabuleiro (atenção seletiva) e a concentração no jogo (atenção sustentada).

Ainda desenvolve várias habilidades como atenção (indiscutível para qualquer aprendizagem, é fundamental durante o jogo, dentre outras coisas para que não cometam lances impossíveis), concentração, julgamento, planejamento, imaginação (é necessária para conseguir abstrair o sentido da representação gráfica expressa por uma determinada palavra), antecipação, memória (base de toda e qualquer aprendizagem e no xadrez é requisitada o tempo todo, desde o nível mais elementar do jogo até o mais avançado), vontade de vencer, paciência, autocontrole, espírito de decisão e coragem, lógica matemática, criatividade, inteligência e também é um excelente meio de recreação e de formação de caráter dos adolescentes dando a possibilidade desse aluno progredir segundo seu próprio ritmo (PINTO; CAVALCANTI, 2005).

Além dessas habilidades é possível observar sua interferência nas seguintes áreas do desenvolvimento (PINTO; CAVALCANTI, 2005):

ÁREA MOTORA: Coordenação viso motora, coordenação dinâmica manual, orientação espacial.

ÁREA COGNITIVA: Memória, atenção e concentração, raciocínio, antecipação e planejamento, bem como a sua linguagem.

ÁREA AFETIVO-EMOCIONAL: Socialização.

ÁREA ACADÊMICA: Construção do número e oralidade.

O xadrez (GIUSTI, 2006) é um jogo muito antigo, e não se sabe ao certo sua origem. Uma das versões, muito conhecida como a verdadeira história do xadrez é a “Lenda de Sissa”. "Conta-se que o rajá indiano Balhait, entediado com jogos em que a sorte acabava prevalecendo sobre a perícia e a habilidade do jogador, pediu a um sábio de sua corte, chamado Sissa, que inventasse um jogo que valorizasse qualidades nobres, como a prudência, a diligência, a lucidez e a sabedoria, opondo-se às características de aleatoriedade e fatalidade observadas no nard (antigo jogo indiano com

dados).

Passado algum tempo, Sissa se apresentou ao rajá com sua invenção. Tratava-se de um tabuleiro quadriculado, sobre o qual se movimentavam peças de diferentes formatos, correspondendo cada formato a um elemento do exército indiano: Carros (Bispos), Cavalos, Elefantes (Torres) e Soldados (Peões), além

de um Rei e um vizir (Rainha). Sissa explicou que escolheu a guerra como tema porque é a guerra onde mais pesa a importância da decisão, da persistência, da ponderação, da sabedoria e da coragem.

O rajá ficou encantado com o jogo e concedeu a Sissa o direito a pedir o que quisesse como recompensa. Sissa tentou recusar a recompensa, pois a satisfação de ter criado o jogo, por si só, já lhe era gratificante. Mas o rajá insistiu tanto que Sissa concordou em fazer um pedido:

- Desejo, como recompensa, um tabuleiro de Xadrez cheio de grãos de trigo, sendo que a primeira casa deve ter um grão, a segunda deve ter dois, a terceira deve ter quatro, a quarta deve ter oito, e assim sucessivamente, dobrando o número de grãos na casa seguinte, até encher todas as casas do tabuleiro com

o número de grãos correspondentes.

O rajá se recusou a satisfazer um pedido tão modesto, e tentou persuadir Sissa a escolher uma recompensa mais valiosa. No entanto, Sissa disse que para ele bastava que lhe fosse conferida aquela recompensa, e nada mais.

Diante disso, o rajá ordenou que lhe dessem um saco de trigo, julgando que nele haveria pagamento de sobra, mas Sissa se recusou a aceitá-lo. Disse que não queria nem um grão a mais nem a menos do que lhe cabia receber.

Foi só então que o rajá ordenou aos seus matemáticos que calculassem a quantia exata que deveria ser paga, e descobriu, para sua consternação, que todo o trigo da Índia não era suficiente, aliás, todo o trigo cultivado no mundo, durante dezenas de anos, não seria suficiente! A quantia era 264 - 1 grão de trigo, que corresponde à soma da série: 1 + 2 + 4 + 8 + 16 + 32 + 64 + 128 + 256 + 512 + 1.024 + 2.048 + 4.096 + ... + 9.223.372.036.854.775.808, isto é, 18.446.744.073.709.551.615 grãos de trigo!

Para alívio do rajá, Sissa disse que já sabia que sua recompensa não poderia ser paga, pois aquela quantidade daria para cobrir toda a superfície da Índia com uma camada de quase uma polegada de espessura."

No decorrer da história do jogo de xadrez, diversos países, tais como: Egito, Pérsia, Grécia, Irlanda, Índia, entre outros, são apontados como o berço do xadrez. Na atualidade, a maioria dos pesquisadores concorda que o jogo tenha se originado no norte da Índia, baseado na prova linguística que indica que os termos para a palavra xadrez, nas línguas portuguesas, árabe, persa, turca, grega e espanhola, derivam do sâncrito Chaturanga. É apenas nesta versão que contém os três animais citados até hoje no xadrez: o cavalo, o elefante e o camelo, que representam respectivamente o cavalo, o bispo e a torre no xadrez. Segundo Tirado e Silva (1996) com o Advento da Renascença Italiana, em 1485, o jogo de xadrez sofre alterações definitivas, transformando-se em um jogo mais competitivo. Novos poderes foram dados a algumas peças (dama, bispos, peões); nascendo assim o xadrez moderno. O xadrez moderno foi basicamente criado a partir do século XV e finalizado no século XIX. O jogo de xadrez (D’ AGOSTINI, 2002) é um esporte intelectual, que é jogado entre dois adversários ou em equipes. Os adversários iniciam o confronto com forças iguais, ou seja, com o mesmo número de peças, que são de cores diferentes, geralmente pretas e brancas.

Este jogo é realizado sobre um tabuleiro quadrado, dividido e sessenta e quatro casas. Dispõem-se o tabuleiro de maneira que o jogador tenha a sua direita a casa angular branca. As sessenta e quatro casas do tabuleiro formam as 8 colunas, as 8 horizontais e as diagonais.

Todas as casas do tabuleiro possuem uma denominação específica que é dada pelo encontro de uma fila (horizontal), com uma coluna (vertical). As colunas recebem letras de “a” até “h” e as filas que são enumeradas de “1” a “8”. As peças que estão sobre ele e se movimentam segundo leis convencionais são em número de 32, cabendo 16 para cada lado e são as seguintes: 2 torres, 2 cavalos, 2 bispos,1 dama e 1 rei.

Os peões estendem-se pela segunda horizontal; as torres formam nas casas angulares; os cavalos junto às torres; os bispos ao lado dos cavalos. A dama branca ocupa a casa branca, a dama preta ocupa a casa preta. Os reis situam-se nas casas restantes.

Cada peça tem seu movimento próprio:

Rei – É a peça principal do jogo. O rei se movimenta para todos os lados, de uma em casa.

Dama - A dama movimenta-se em todas as direções quantas casas for conveniente. Ela é muito poderosa pelo seu raio de ação.

Torre – A torre movimenta-se no sentido horizontal ou vertical, quantas casas forem possíveis.

Cavalo – O cavalo possui um movimento particular bastante diferente das demais peças. Para simplificar digamos que o cavalo anda uma casa como a torre e uma casa como o bispo. O cavalo é a única peça que salta sobre as outras. Se o cavalo sair de uma casa branca ele irá parar numa casa preta e vice-versa.

Bispo - Os bispos percorrem as diagonais quantas casas for necessário Cada jogador começa a partida com um par de bispos, um que percorre casas pretas e outro pelas casas brancas.

Peão – Peça de valor teórico reduzido, mas de grande importância. Seu movimento é limitado e funciona, na maior parte das vezes, como um escudo para outras peças. O peão só anda para frente de casa em casa. Quando ainda na posição inicial, ele pode pular duas casas. Os peões não capturam as peças ao longo do seu movimento e sim na diagonal.

Ao se iniciar uma partida as peças do jogo têm uma posição definidas, e o primeiro lance corresponde às brancas, a seguir as pretas e assim sucessivamente. O objetivo do jogo é dar o mate no adversário. O jogador que consegue dar o xeque-mate é o vencedor da partida. Antes que este final aconteça várias batalhas antecedem com o deslocamento das peças.

3 METODOLOGIA

As atividades de intervenção pedagógica foram realizadas na Escola Monteiro Lobato com 20 escolares de 5ª e 6ª séries matriculados no Ensino Regular e Sala de Recursos (alunos já diagnosticados com TDAH).

Antecede a essa intervenção in lócus, estudos e atividades realizados de acordo como Plano de Desenvolvimento Educacional (PDE), proposto pelo Governo do Estado do Paraná.

As primeiras atividades (PDE) foram aulas presenciais, seminários, palestras, vários cursos e diálogos entre os professores do Ensino Superior e os da Educação Básica, com atividades teórico-práticas, orientadas, tendo como resultados a produção de conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar da escola pública paranaense. Este plano seguiram com 5 etapas distintas:

3.1 PLANO DE TRABALHO

O Plano de Trabalho da proponente deste artigo (Professora PDE), realizado em 2008 contempla o Projeto de Intervenção Pedagógica e a Implementação da Produção Didático-Pedagógica na Escola Estadual Monteiro Lobato. Neste processo buscou-se conhecer as necessidades educacionais especiais, procurando as alternativas pedagógicas que melhor pudessem atender às necessidades e anseios dos alunos com TDAH, professores e pedagogos desses educandos.

3.2 CADERNO PEDAGÓGICO

Para realização da intervenção pedagógica, respeitando as necessidades e dificuldades dos alunos com TDAH, foram realizados leituras, estudos e a produção didático-pedagógica, ou seja, um Caderno Pedagógico. Este material sugere atividades com o jogo de xadrez, como instrumento metodológico para auxiliar no desenvolvimento dos níveis de atenção desses alunos.

Neste sentido, utilizou-se estudos de vários autores, como por exemplo: Vygotski; Luria; Leontiev (2006); Piaget (1975) e Waloon (1981) os quais sugerem a utilização de jogos e de brincadeiras como metodologia de ensino e aprendizagem para contribuir no desenvolvimento da inteligência, da criatividade, da linguagem, da sociabilidade, da afetividade, da organização do pensamento e outros.

3.3 PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO NA ESCOLA

A Proposta foi apresentada, pela professora PDE, na Semana Pedagógica das escolas estaduais que acontece no início do ano letivo, que tem por objetivo a formação continuada dos Profissionais da Educação, onde Direção, Equipe Pedagógica, Professores, funcionários, pais e alunos discutem a organização da escola, a gestão escolar democrática, o projeto político-pedagógico e a avaliação escolar. Junto com a Professora da Sala de Recursos e a equipe pedagógica elaborou-se um calendário, para a implementação, que teve a duração de 4 meses, e que nela seria utilizado o Caderno Didático.

3.4 ASSESSORIA DOS ALUNOS DE TRABALHO EM REDE

Dentre as atividades previstas Plano de Carreira destaca-se a do Grupo de Trabalho em Rede – GTR, que possibilita a integração do Professor PDE com os Professores da Rede, por meio de encontros virtuais, para a discussão das temáticas de sua área de formação e/ou atuação.

3.5 TRABALHO FINAL: ARTIGO

Finalizou-se este programa de desenvolvimento com este artigo, após muitos estudos, pesquisas, intervenções, seminários, grupo de trabalho em rede, formação continuada dos professores. Finalizou-se este programa de desenvolvimento com este artigo, após muitos estudos, pesquisas, intervenções, seminários, grupo de trabalho em rede, formação continuada dos professores dentro da sua realidade escolar.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A motivação em estudar os alunos com TDAH, se deve ao índice de escolares que podem apresentar este transtorno. De acordo com Dupaul e Stoner; (2007) cerca de 3% a 7% da nossa população escolar pode manifestar esse distúrbio.

Diante dessa situação e como professora de Educação Física buscou-se na atividade com jogo, em especial o jogo de xadrez oportunizar o desenvolvimento das redes de atenção de uma forma lúdica e prazerosa.

O aluno diagnosticado com TDAH tem o direito de um ensino diferenciado e flexibilizado, com currículos adaptados e processos avaliativos diversificados, os quais atendam as necessidades educacionais especiais singulares do educando.

Observou-se que o aluno com TDAH consegue obter maior aproveitamento quando recebe apoio, incentivo e ajuda individual; compreensão e respeito ao seu tempo de aprendizagem e suas limitações. A firmeza e o comprometimento do professor são fundamentais, bem como a utilização de técnicas e recursos adequados, evitando a exposição do aluno à situações constrangedoras.

As atividades propostas pelo Caderno Pedagógico propiciaram resultados satisfatórios, pois vários professores inferiram que observaram melhora da concentração, no rendimento escolar e, principalmente, na auto-estima dos alunos (TDAH) que participaram da atividade com o jogo de xadrez

Um dos aspectos observados quando da realização da atividade refere-se a capacidade de prontidão que os alunos com TDAH demonstraram, pois participaram das atividades e estenderam-na quando as ensinavam aos seus colegas do Ensino Regular que não participaram da atividade.

Verificou-se que no momento que transmitiam o aprendizado do jogo de xadrez aos seus colegas, os alunos com TDAH demonstravam interesse e satisfação em saber algo adicional em relação aos companheiros de turma. Esse fato denota que houve elevação da estima, bem como, segurança na realização da atividade. Um dos fatores que interfere negativamente no aprendizado do aluno é a insegurança em sua

produção, esta atividade proporcionou descobrir e desenvolver os pontos fortes em cada aluno. Como professora de Educação Física desconhecia o trabalho realizado na Sala de Recursos. Por meio da intervenção pedagógica foi possível observar como é o cotidiano desse programa da Educação

Especial.

A professora desta turma realiza várias atividades, de forma individual e também coletiva, estabelecendo uma rotina clara, usando recursos visuais e auditivos. Adota-se atitudes positivas, como elogios para os comportamentos adequados (alunos com TDAH sempre tem sua atenção chamada para o que fazem de errado), enfatiza-se o que fazem de correto. Procura-se controlar pela proximidade, usar música para relaxar, usar proximidade física (mão no ombro, contato no olhar, toque na carteira), sempre com voz calma e firme.

São usadas técnicas que envolvem a escrita, a leitura, os contos de fada e os jogos. Os jogos, em geral, são utilizados como metodologia na Sala de Recursos. O jogo de xadrez desenvolvido com os alunos com TDAH contribuiu o tempo o todo para criação de jogadas, das mais simples às mais complexas, para se alcançar o objetivo proposto que são: capturar o adversário, proteger nossas próprias peças, atacar o Rei adversário, entre outras. Dessa forma, a prática do jogo parece potencializar o desenvolvimento de habilidades como: planejamento estratégico (atenção executiva), o manuseio das peças no tabuleiro (atenção seletiva) e a concentração no jogo (atenção sustentada).

Ainda desenvolve várias habilidades como atenção (indiscutível para qualquer aprendizagem, é fundamental durante o jogo, dentre outras coisas para que não cometam lances impossíveis), concentração, julgamento, planejamento, imaginação (é necessária para conseguir abstrair o sentido da representação gráfica expressa por uma determinada palavra), antecipação, memória (base de toda e qualquer aprendizagem e no xadrez é requisitada o tempo todo, desde o nível mais elementar de jogo até o mais avançado), vontade de vencer, paciência, autocontrole, espírito de decisão e coragem, lógica matemática, criatividade, inteligência e também é um excelente meio de recreação e de formação de caráter dos adolescentes dando a possibilidade desse aluno progredir segundo seu próprio ritmo (PINTO; CAVALCANTI, 2005), o que foi observado em várias situações, quando da realização das atividades com os alunos da Sala de Recursos.

A situação apresentada vem ao encontro da legislação, a qual sinaliza para um ensino diferenciado para os alunos que encontram obstáculos, tanto acadêmicos quanto de sociabilização.

Neste sentido, concorda-se com a professora participante do grupo do GTR 2008 quando esta comenta:

Sabemos que um dos maiores desafios sociais que a educação tem é a integração dos alunos com deficiências e/ou com problemas de aprendizagem e que não existe cura para esses problemas, essas dificuldades são para toda a vida. No entanto estas crianças podem progredir e aprender muito, superando muitas de suas limitações, quando há um suporte pedagógico adequado. Essa proposta com atividades de xadrez para alunos com TDAH apresenta uma sucessão de idéias e metodologias que darão subsídios para o trabalho do professor, enfatizando a aprendizagem com sucesso, do aluno como um todo, trazendo junto ao jogo do xadrez conhecimento em várias áreas, sendo que a atenção focada no jogo irá estimular o interesse pelo estudo (M. J. C.).

O jogo de xadrez, segundo estudos denomina-se um esporte pedagógico, a sua prática auxilia no desenvolvimento de todas as disciplinas curriculares, melhorando assim o seu rendimento escolar e consequentemente eleve sua auto-estima, visto que o TDAH não é apenas um problema comportamental.

Pode-se inferir que o jogo tem todos os elementos necessários à aprendizagem, pois ele desafia, desequilibra, descentraliza o pensamento e o comportamento. Estimula a reflexão, a criatividade, a cooperação e a reciprocidade. Jogando a criança vai organizando o mundo à sua volta, vivenciando experiências, emoções e sentimentos, descobrindo suas aptidões e possibilidades, construindo e inventando alternativas.

Aprender e praticar o jogo de xadrez potencializa o desenvolvimento de habilidades, como capacidade de antecipação, planejamento e elaboração de estratégias, proporcionando com isto uma melhora na sua capacidade de fixar sua atenção por um período mais longo e de vislumbrar um futuro.

Também pudemos contar com experiências trazidas pelo grupo de GTR, as quais foram riquíssimas, visto que vários desses professores já vivenciam algumas dificuldades em suas escolas estaduais e usam o xadrez para amenizar esses problemas.

Os participantes dos Grupos puderam estabelecer relações teórico-práticas em sua área de conhecimento, visando ao enriquecimento didático-pedagógico, por meio de leituras, reflexões e troca de idéias.

Este grupo de trabalho virtual nos trouxe muitas experiências, visto que quase todos os alunos atuam com esta ferramenta pedagógica (o Jogo de Xadrez) com seus alunos. Iniciou-se com 40 alunos (professores da rede pública), de todo o Estado do Paraná, altamente comprometidos com a Educação.

Este trabalho em rede contou com 6 Módulos, com diários e Fóruns, dando a possibilidade de muitos debates sobre o tema. Muitos professores demonstram sua angústia por este aluno, nota-se isto pelo relato de uma aluna/professora que cita:

Penso que se faz necessário o aprofundamento do tema pelos professores. O aluno com TDAH e outras dificuldades de aprendizagem, estão presentes nas salas de aula, muitas vezes fazendo parte de um grupo considerado indisciplinado - desatento. Na verdade a criança não quer ser assim ou ficar assim, ela pede incansavelmente por ajuda. Quando me refiro ao estudo é porque o professor após um diagnóstico deve conhecer, entender o caso para buscar aperfeiçoamento em sua prática, só saber não é suficiente. A fundamentação teórica deixa claro isso quando de acordo com Blanco 1995, especifica: Responder adequadamente a cada aluno, significa entender que cada escolar tem seu ritmo, seu estilo, seus interesses, seus limites e suas possibilidades (M. J. C.). Esta possibilidade de se poder dialogar com outros professores da rede Estadual é riquíssima e com certeza trás muitos conhecimentos tanto para os alunos quanto para os seus tutores.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos inferir que o jogo tem todos os elementos necessários à aprendizagem, pois ele desafia, desequilibra, descentraliza o pensamento e o comportamento. Estimula a reflexão, a criatividade, a cooperação e a reciprocidade. Jogando a criança vai organizando o mundo à sua volta, vivenciando

experiências, emoções e sentimentos, descobrindo suas aptidões e possibilidades, construindo e inventando alternativas.

No decorrer da pesquisa foi possível observar que o aluno com TDAH quando da atividade com o xadrez desenvolveu várias habilidades, como por exemplo: iniciativa de decisão, raciocínio lógico e espacial, controle, memória, percepção, respeito às regras, resiliência, auto-estima e espírito de equipe (PINTO;CAVALCANTI,2005), além disso é um jogo prazeroso, que pode ser jogado a vida inteira e a cada lance, ou cada jogo é diferente. O trabalho desenvolvido na Implementação Pedagógica confirmou a concepção de que o Jogo de Xadrez, por suas peculiaridades consegue atingir até aquele aluno com maiores dificuldades, pois ele está sempre desafiando, motivando e deixando transpor barreiras.

Durante a execução das etapas que se seguiram foram visíveis, quanto ao aprofundamento tema e o sucesso que o jogo fez com todos os educandos por ser algo dinâmico e diferenciado. Verificouse ainda que os alunos diagnosticados com este transtorno conseguiram melhorar sua atenção sustentada, bem como elevar sua alto estima e assim se sociabilizarem.

Espera-se que esta metodologia de trabalho seja implementada por professores que acreditam na Educação, e estão em constante movimento na busca de construção e aperfeiçoamento.

A professora da Sala de Recursos bem como, as das diversas disciplinas, comentaram que esses alunos estão conseguindo melhores resultados em sala de aula fazendo com que isso eleve consideravelmente sua auto-estima.

Ressalta-se que vários alunos demonstram interesse em continuar praticando o jogo e alguns já participam de competições internas, obtendo grande sucesso.

É imprescindível a compreensão, o estudo, a intervenção do educador sobre os fatores que interferem na aprendizagem do aluno, refletindo constantemente as questões internas (cognitiva, psicomotora e afetiva) e externas (escola, família, sociedade) que atingem e conseguem modificar o processo de construção do conhecimento, a permanência e a exclusão do ambiente escolar. É necessário envolver-se pessoalmente nos desafios, sensibilizar-se, mobilizar-se, ousar acreditar que a escola pode se renovar a cada dia e que o conhecimento pode romper com preconceitos e rótulos associados aos alunos hiperativos, garantindo a eles o desenvolvimento de suas potencialidades. Esta pesquisa é apenas o começo do novelo que o problema do TDAH apresenta hoje nas escolas.

Há muito ainda por desenrolar, pesquisar e estudar sobre o assunto na busca de melhores alternativas. Há muitas barreiras a serem transpostas.

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