sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Criança X Comportamento Forte


Nenhuma faculdade nos ensina como educar nossos filhos, mas estamos sempre em busca de novas estratégias de tentativas e erros para sermos bons pais. Infelizmente, com uma criança de temperamento forte não há tempo para errar e quando isso acontece vem a frustração, a falta de apoio e de recursos para lidar com a situação.

Precisamos entender os fatores que contribuem para o comportamento forte das crianças, assim teremos condições de alinhar as mudanças necessárias para tratar tal comportamento indesejado.

Primeiro vamos entender o que é comportamento forte. Normalmente essas crianças apresentam um perfil de independência, que é um ponto positivo, pois são mais assertivas, determinadas, confiantes, persistentes, espontâneas, hiperativas e emotivas, por outro lado, para os pais essa criança é teimosa, questionadora e desafiadora. Esse comportamento pode entrar em conflito com o que, você como pai, acredita ser o melhor para seu filho.

Então por que meu filho está cada vez mais rebelde?
Muito da maneira como a criança se comporta foi aprendido por meio de interação com os outros, ou seja, foi estabelecido um comportamento, tanto adequado como inadequado.

A primeira habilidade que os pais devem aprender é dar atenção, sem fazer nenhuma crítica, nem dar ordens. Essa habilidade vai ajudar a melhorar o comportamento forte de seu filho e ele vai sentir que você está interessado nas coisas positivas que ele faz, ficando mais disposto a colaborar com você.

Depois da atenção vem a recompensa, isso destina-se a mostrar a seu filho que você aprova o que ele esta fazendo. As recompensas não substituem a atenção, em outras palavras, você ainda deve dar atenção para o comportamento positivo e recompensar com um elogio. Mas existem também as recompensas físicas, como por exemplo, um toque no ombro ou um forte abraço.
Se o comportamento inadequado persiste, aprenda a ignorar. Elogie os comportamentos adequados e ignore os inadequados, como escândalos, choramingos e exigências de atenção desnecessária. Remova toda sua atenção, mas volte-se imediatamente assim que tal comportamento se extinguir e comece a dar-lhe atenção e recompensar pelo bom comportamento.
Dar ordens exige eficiência, caso contrário serão inefetivas.
Ordens efetivas vão eliminar a confusão da cabeça da criança e vai aumentar a probabilidade de obediência.

Estes são alguns componentes para um bom resultado:


Atraia a atenção de seu filho olhando nos olhos, use voz firme, mas não fale alto nem seja grosseiro, dê ordem simples e específica, usar gestos como apontar ajuda muito, use ordens positivas como “faça isso” em vez de “não faça isso”, recompense a obediência e pense antes de dar ordens.

O mais importante em todo o processo de educação é o amor e o quanto você quer ajudar nesse relacionamento com seu filho. Incentive os interesses e a capacidade da criança, deixe que assuma mais risco, dê algumas responsabilidades, não exija perfeição, nunca faça promessas que não poderá cumprir, fique mais com seu filho e aceite como ele é.


Marjori Lotuf0 ( Psicóloga)

sábado, 22 de outubro de 2011

Brinquedos - Que agradam e fazem bem


Comprar brinquedos não é uma tarefa das mais simples. Além da qualidade e segurança, o produto precisa agradar ao pequeno consumidor. A escolha de um brinquedo exige alguns cuidados que devem levar em consideração o gosto, o interesse, a habilidade e a limitação infantil. Prefira os mais educativos, capazes de estimular a coordenação motora, a inteligência, a afetividade e a socialização. Todas as suas partes devem ser maiores do que o pulso da criança para prevenir o sufocamento.
De acordo com a psicóloga clínica Fernanda Sartorelli Garcia, o brinquedo é a porta de entrada do adulto no mundo dos pequenos. "Mesmo em tratamento, as brincadeiras e os brinquedos nos auxiliam na aproximação com as crianças que apresentam qualquer tipo de problema emocional. Com esta ferramenta, elas conseguem visualizar melhor o mundo real e expressar sentimentos", explica a psicóloga. Presentear uma criança com brinquedos que sejam muito superior ou muito inferior à idade correspondente pode ser inadequado e até causar lesões.
A escolha mais adequada:

Recém-nascido até os 09 meses
É a fase em que as crianças vão, pouco a pouco, descobrindo a cor, o som e a forma das coisas. Elas devem ser estimuladas com brinquedos macios e bastante coloridos, pois este será o início de uma etapa preparatória de desenvolvimento motor. Os brinquedos devem ser leves, resistentes, sem quinas ou pontas, antialérgicos, ter sons agradáveis e não soltar tinta nem pequenas partes. Algumas dicas são: brinquedos para o banho, animais de pelúcia sem olhos ou nariz de botão, móbiles e chocalhos.

09 a 12 meses
Os brinquedos com texturas, formas e tamanhos diferentes trazem para estas crianças um desenvolvimento bastante satisfatório nos aspectos de coordenação motora, noção de conceitos quantitativos básicos e, principalmente, na aquisição dos sentidos sensoriais iniciais, como tato, audição e visão. Os mais adequados incluem tapetes de atividade, livros de pano, bonecos macios ou blocos de madeira ou plástico de tamanho grande.

01 a 03 anos
Crianças desta idade são curiosas e sem noção de perigo, elas testam e experimentam todas as possibilidades de brincar. Gostam de escalar, pular, atirar objetos e empurrar. A preocupação da família se volta para o cuidado no manuseio dos brinquedos. Porém, os pais não devem afastá-las destes perigos, mas sim orientá-las, com atenção redobrada. Estas brincadeiras podem ser aproveitadas para trabalhar limites, concentração e atenção das crianças. Você pode abusar de livros, blocos, jogos de encaixar, abrefecha, bolas, brinquedos que imitam painel de automóveis, telefones de brinquedo, brinquedos de forma, jogos com peças de montar e bonecos mais robustos.

03 a 05 anos
Estas gostam de testar sua força física, além de jogos de experimentação ou aqueles que imitam as atividades das crianças mais velhas ou dos pais. É a fase do faz-de-conta. Nesta etapa, as crianças começam a ter noções do que é real e do que é abstrato, porém esta divisão entre o concreto e o subjetivo ainda é bastante primária e deve ser estimulada para que a criança não pule etapas em seu desenvolvimento. Brinquedos adequados incluem material de artes não tóxico (tintas, massa de modelar, entre outros) vídeos, livros de história, instrumentos musicais, quadro negro e giz, martelo e bancada, brinquedos de casa (vassoura, fogão, carrinho de feira), brinquedos de transporte (triciclos, carros, caminhões), karaokê infantil, fantasias, utensílios para chá, balanço e caixa de areia.

05 a 07 anos
Aqui começa a fase mais criativa e fisicamente mais ativa. As brincadeiras em grupo ganham importância e elas já sabem escrever, fazer artesanato, artes e usar brinquedos mecânicos simples como trens e carros. As dicas são os materiais de artesanato, corda de pular, marionetes, livros, bicicletas, bolas, tabela de basquete e trava para gol.

07 a 09 anos
Os jogos de raciocínio e memória adaptam-se às crianças desta idade, que dominam sua capacidade motora e inventam regras. Brinquedos mais indicados são os jogos de visualização, os quebra-cabeças, patins e equipamentos esportivos.

09 a 12 anos
Estas crianças já têm "vontades" e gostam de desenvolver hobbies e atividades científicas. Procure observar as preferências da criança, antes de comprar um presente. Um violão não irá agradar a um aficionado por jogos eletrônicos. Presentes apropriados incluem computador, microscópio, jogos de mesa e de tabuleiro, equipamentos para esportes coletivos.

domingo, 9 de outubro de 2011

SUGESTÃO DE COMO MONTAR SEU CONSULTÓRIO

Recebo pedidos e dúvidas sobre o que é necessario para iniciar uma clínica psicopedagógica...então resolvi publicar novamente a sugestão que dei a dois anos atrás.



RELAÇÃO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS PARA MONTAR SEU CONSULTÓRIO PSICOPEDAGÓGICO:


Material para anamnese:

entrevista semi-estruturada; formulários; fichas de avaliação e acompanhamento.

Livros que abordam temas específicos.
autoestima, bullying, TDHA, anorexia, timidez, racismo, agressividade, mentira, medos, inclusão...

Jogos para avaliação de algumas habilidades como:
atendimento a ordens; nomeação de objetos e figuras;
interação social; persistência e atenção; sequenciação e motricidade.


Sugestão de alguns jogos:
Caixa-encaixa ;pranchas de encaixes; blocos lógicos ; alfabeto ( de diversas formas e materiais) Jogo de loto leitura; jogos de mico de palavras; jogo de baralho para classificação; jogo de carimbos (diversos); bloco de construção; conjunto de esquema corporal (quebra-cabeça); 01 fazendinha; 01 caixa quadrado vazado; jogo de linha (matemática); jogo de numerais e quantidades de 0 a 9; jogos de memória (diversos); 02 jogos de dominó e/ou memória de associação de idéias; 01 jogo de dominó e/ ou memória sobre associação geométrica; jogos de dominó e/ou memória de frases e palavras ; 01 jogo de dominó e/ou memória de quantidades; Jogos de dominó e/ou memória ( metade; subtração multiplicação; divisão silábica; horas; divisão; divisão de figuras e fundos, tipos de letras...) 03 jogo de fantoches (família branca; família preta ; animais); Ábaco ; 01 Cara a Cara ; Jogos de seqüência lógica; Blocos lógicos; Quebra cabeça (diversos); jogos BOOLE
Rádio com CD;
CDs de música (diversos);
Jogos para computador;
Livros de histórias (diversos);
Brinquedos diversos (bola, boneca,carrinhos, avião, trem, ambulância, bombeiro, monstros , dinossauros, cobras, telefones, tubarão , João Teimoso, corda para pular...)
Tintas e pincéis;
Quadro e giz;
Papel, crayons, canetas hidrográficas , argila...
Espelho para corpo inteiro.
Muitos jogos poderão e devem ser construídos para atender dificuldades específicas de cada criança
*se esqueci alguma coisa..acrescentarei em outro momento rsrrsss

sábado, 1 de outubro de 2011

A BRINCADEIRA DE DAVI - Como educar nossos filhos

O tiro que chocou o Brasil desvenda o delicado tema da violência de crianças e adolescentes na escola, palco da primeira experiência de socialização – além da casa familiar. Difícil não lembrar de Realengo. Difícil não inseri-lo como mais um fato na sequência de acontecimentos violentos envolvendo armas de fogo. Difícil não buscar rapidamente uma explicação que possa trazer algum alento frente ao que se apresenta como inexplicável. Difícil também apagar as particularidades desse episódio.
O que teria acontecido? Davi, um menino de 10 anos, vai à escola com a arma de seu pai. Depois de atirar na professora, sai da sala e dispara contra sua cabeça. Não havia nada que particularmente chamasse atenção para Davi. Menino tranquilo. Cheio de amigos. Estava bem na escola. Seria bullying? “Foi uma brincadeira que não deu certo”, disse a diretora da escola.
Na mochila de Davi, um desenho em que ele aparecia armado, ao lado de um professor. Ali ele teria 16 anos. As crianças armam brincadeiras, criam histórias e desenham um tempo que ainda virá. Imitam em jogos aquilo que conhecem da vida dos adultos ensaiando o desejo de crescer e de se tornar também adultos.
Toda criança adora se divertir com armas de brinquedo. Na década de 1970, a agressividade na infância ainda podia ser simulada sem o fantasma social de que o jogo formaria adultos violentos.
Eu tinha um pequeno revólver com o punho bege. Era possível inserir um rolo vermelho de espoletas.As espoletas vinham em caixinhas de papelão com cinco unidades: cinco rolinhos novinhos em folha e o mundo inteiro aguardando os tiros. O barulho era tímido, não incomodava os vizinhos, mas era suficientemente alto para fazer acreditar que o inimigo tinha sido atingido. Lá pelos 11 anos, quando não achava mais graça nessas brincadeiras, uma amiga me convida para entrar no quarto de seu pai: “Vou te mostrar uma coisa...”. Abre a porta do guarda-roupas, levanta uma pilha de camisas e, na ponta dos pés, alcança o revólver do pai. Tomei um grande susto e saí correndo do quarto.
Quando uma criança brinca, cria um mundo próprio em que os elementos da realidade são dispostos conforme seu prazer. E esse mundo a criança leva muito a sério. Freud ensina que a antítese do brincar não é o que é sério, mas o que é real. As crianças desde muito cedo distinguem perfeitamente o que é brincadeira e o que é realidade.
Davi fez da brincadeira uma realidade.


*Psicanalista, membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre

POR FERNANDA PEREIRA BREDA*