quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Adolescência e Mentira

Adolescência e Mentira: histórias de pescador ou falta de caráter?

(Claudia Pedrozo)
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Esta semana estava aguardando (infinitamente!) para ser atendida numa consulta e  matava o tempo folheando uma revista feminina quando deparei-me com uma mãe que pedia socorro a um especialista, relatando que tem uma filha pré-adolescente que mente demais, segundo a mãe, a garota é compulsiva, mente por qualquer coisa. A mãe relatava já ter passado por vários estágios da raiva à piedade, mas a situação só se agravava. Foi dura, bateu, gelou, castigou, privou de tudo que é prazeroso, fez chantagem emocional, elogiou, premiou e… nada, a menina continua mentindo, e mesmo quando é “desmascarada”, age como se tivesse sendo vítima da maior injustiça do mundo, dizendo que faz o que faz para ajudar os outros, para não magoar ninguém e que sofre com as atitudes injustas dos pais ou age como se nada tivesse acontecido, embora fique num monólogo apontando justificativas e injustiças. Num determinado momento da queixa a mãe diz que a compara com o irmão  mais novo que não mente. Os pais estão com medo dela se tornar uma criança de má índole, estão arrasados, não encontram uma solução,não sabem o que fazer. A mãe reforça que a filha é maravilhosa e o que a estraga é a mania de mentir. Sente que a filha precisa de ajuda, conta que a garota é muito fechada e que por mais que tente, esta não se abre com ela. Termina afirmando que cuidar de filhos não é fácil!
Coincidentemente (Jung não acredita em coincidências, mas sim em sincronicidade, tipo Lei da Atração!) no mesmo dia uma colega me falou sobre o mesmo problema com o filho e sugeriu que eu escrevesse algo sobre o assunto. Bem, vou tentar!
Muitas são as questões que a mãe da revista traz. Podíamos fazer a psicanálise selvagem analisando uma série de coisas, mas vamos nos ater à questão da mentira na adolescência.
Aprendemos desde pequenos que mentir é errado.  Informação dada não significa valor introjetado.  Deste modo ouvir que mentir é errado e não mentir de modo algum ao longo da vida são ações distintas. Não é porque ouvimos que fazemos.
Para muitos pais perceber que o filho mente compulsivamente pode despertar um sentimento de ter fracassado na educação de valores que a família tentou passar para ele. Nem sempre isso é uma verdade. Nem tampouco é sempre mentira! Há casos e casos e cada um é um!
Nos educamos pelos exemplos, nossos valores são construídos com base nos valores e atitudes de nossa família e nos da sociedade em que vivemos.
A mentira está presente em nossas vidas. Muitas vezes a achamos “necessária”, logo perdoada, muitas vezes a condenamos, logo reprimimos.
Na sociedade moderna a mentira é tão frequente que já se banalizou. Encontramos mentirinhas e mentimos muitas vezes ao dia, em diferentes situações sociais. Fazemos um elogio mentiroso, damos desculpas esfarrapadas ou mentimos descaradamente por mil razões: medo das consequências negativas, insegurança, pressão social, ganhos ou patologicamente.
Quando crianças, mentimos para não sermos punidos.  Na infância, até os cinco, seis anos a criança não consegue distinguir claramente a realidade da fantasia, a partir dos sete anos aproximadamente, ela já sabe o que é mentira e a usa em “beneficio próprio”.
Na adolescência mentimos para sermos aceitos e amados, para atender ao desejo de fazer o que queremos e a realidade de atender ao que esperam de nós. Mentir é estratégia comum entre os adolescentes para conseguir fazer coisas que sabem que não serão aprovadas pelos pais.
Crianças/adolescentes com superego rígido (censura) podem se tornar mentirosos compulsivos ao descobrirem que a mentira sacia a curiosidade dos pais ou os ajuda a serem aceitos e valorizados pelas pessoas, em especial por outras crianças/adolescentes
Na vida adulta mentir é uma forma de se preservar, de não ter que assumir responsabilidades por algo que não deu certo. Está presente em muitos mecanismos de defesa que usamos cotidianamente: na atuação (quando nos passamos por algo que não somos, mas que os outros (ou nós mesmos) gostariam que fossemos, na idealização (quando nos mostramos de forma idealizada, que não corresponde com a realidade), na intelectualização (quando usamos a inteligência para criar argumentos que justifiquem condutas que sabemos não serem condizentes com nossos valores, mas que lá no fundinho desejamos), na racionalização (quando fazemos “caquinha” e usamos argumentos lógicos para explicar o que fizemos, nos isentando da responsabilidade da escolha), por exemplo.Ao mentir podemos ser “anjo” – mentir para agradar  – ou “demo” mentir para poder receber algo em troca.
A mentira está presente em pessoas normais ou pessoas com problemas sérios como Neuroses e Psicoses. Nos estados neuróticos, a mentira surge devido a incapacidade de  enfrentarmos  desejos recalcados e que se encontram no  inconsciente ou por problemas de baixa autoestima Nos estados limite, chamados Borderline,  a mentira revela a  falta de barreiras externas que regulem o comportamento do indivíduo. Esta situação decorre geralmente de uma educação feitas por pais muito repressivos ou demasiadamente permissivos. Na Psicose a mentira está presente nos delírios. O psicótico acredita piamente nos delírios por ele criados para fugir da realidade, do sofrimento que a realidade lhe impõe. O hábito de mentir compulsivamente pode ser também uma patologia conhecida por Mitomania. Neste caso a mentira é como um vício, o mentiroso é dependente emocional da mentira, ele é incapaz de se controlar, quando vê a mentira já foi contada e para mantê-la mente mais e mais. Esta patologia causa muito sofrimento e a terapia é uma saída para enfrentar o problema.
Dentro de padrões de comportamento não patológicos a mentira pode ser considerada uma falha de caráter, entendendo  caráter como um conjunto de características e traços relativos à maneira de agirde reagir de um indivíduo ou de um grupo”.
Se seu filho mente descaradamente e esta mentira prejudica a ele ou a outras pessoas você deve ficar atento(a). Mentir para sair com o namorado ou fazer um passeio em um lugar perigoso é diferente de roubar dinheiro da sua carteira. Uma coisa é testar limites, outra é transgredir lesando o outro. Ao perceber esta situação os pais devem chamar o jovem à realidade, devem passar a acompanhá-lo bem de perto, se fazendo presentes de forma educadora e carinhosa, intervindo e orientando sempre. Mas cuidado com a manipulações e dissimulações, por isso confie, desconfiando! Mentir faz parte da adolescência, caracterizam uma necessidade de distanciamento e diferenciação na busca do encontro consigo mesmo.
Diante das mentirinhas recorrentes, avalie as relações interpessoais que há no seu âmbito familiar. Estabeleça o diálogo, mostrando ao adolescente que a mentira pode trazer consequências negativas, mas cuidado com o monólogo, pratica comum dos pais que dissertam sobre algo com seus filhos. Observe se o que você ensina está coerente com o que você pratica. Você tem pedido a cumplicidade de seu filho para “pequenas mentirinhas”? Tem valorizado as espertezas de seu filho no hábito de inventar “mentirinhas brandas”? Você é um(a) educador(a) observador(a) ou um(a) intrometido(a), que suspeita e invade a privacidade do adolescente, minando o clima de confiança entre vocês?
Ai, meu Deus… Como identificar uma mentira?
Somos programados para dizer a verdade. Quando mentimos nosso corpo nos delata! Especialistas afirmam que ao mentir emitimos sinais não verbais da mentira que podem ser captados por um interlocutor mais atento. Os sinais mais comuns em crianças, adolescentes e adultos pode estar no choro sem lágrimas ou que para de repente ao ser atendido, na colocação da mão na boca, no morder ou coçar a região labial, no desvio dos olhos, na dilatação das pupilas, nas pausas longas e frequentes no discurso, marcado por repetir a pergunta antes de responder, no sorriso curto, nervoso e inexpressivo, que some com rapidez, na falta de gesticulação ou nos gestos dissociados das palavras.
Há ainda uma outra faculdade que não deve ser esquecida nunca pelos pais: a intuição.
Ouça a sua sempre. E investigue e dialogue sempre.
Voltando à mãe da revista, ela está certa. Educar é trabalhoso! Requer orientação, limites e verdade. Acima de tudo seja coerente. Como dizem por aí, “palavras movem, exemplos arrastam”!

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Transtorno ou Distúrbio de Aprendizagem?

O TRANSTORNO decorre de uma disfunção na região frontal do cérebro, que provoca perturbação na pessoa devido à falha na entrada do estímulo(SINAPSES) e da Integração de informações, comprometendo a atenção seletiva e gerando Impulsividade e dificuldade vísuo-motora. As respostas em tarefas que exigem habilidade de leitura e memória de trabalho são inibitórias. Com isso, esse quadro transtorna a vida da pessoa, em razão do evidente comprometimento comportamental.r
Por serem de origem interna, distúrbios e transtornos independem do desejo que o portador possa ter
de desempenhar atividades da forma que a família, a escola ou a sociedade esperam dele. Ele precisa, portanto, de ajuda especializada, para atingir os objetivos de desempenho social e acadêmico satisfatório...e  CONTRARIANDO ALGUMAS OPINIÕES, NEM TODAS AS PESSOAS ESTÃO FADADAS AO FRACASSO TUDO DEPENDE TAMBÉM DE ESTÍMULOS E AJUDA TERAPÊUTICA.




 DISTÚRBIO pode ser traduzida como "anormalidade patológica por alteração violenta na ordem natural". Assim, o distúrbio é uma disfunção no processo natural da aquisição de aprendizagem, ou seja, na seleção do estímulo, no processamento e no armazenamento da informação e, conseqüentemente, o problema aparece na emissão da resposta. É um problema em nível individual e orgânico, que resulta em déficits nas medidas das habilidades de linguagem: fala, leitura e escrita. É uma disfunção na região parietal (lateral) do cérebro, com falha na atenção sustentada, no processamento do estímulo e na resposta que é dada a ele, causando lentidão no processamento cognitivo e na leitura, sem comprometimento comportamental aparente.





Fonte:  Roneide

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Tabuada da multiplicação: memorizar e aprender


Tabuada da multiplicação: memorizar e aprender



Muitos professores ainda se questionam sobre a importância ou não, da memorização da tabuada.

Normalmente o que se decora acaba por ser esquecido, portanto, há um entendimento generalizado em dar prioridade à compreensão da tabuada em detrimento da sua memorização. A ideia que fica é que o aluno, em qualquer altura, consegue construir a tabuada não havendo portanto, a necessidade de a decorar.

No entanto, em níveis de escolaridade mais avançada os professores queixam-se dos alunos não saberem a tabuada. Esta situação impossibilita o desenvolvimento de outras técnicas de cálculo e exploração de novos conceitos matemáticos .

questão da memorização, a meu ver, é uma atividade de especial importância na formação escolar e, cabe à escola desenvolver no aluno, de acordo com a sua forma de pensar, a capacidade em descobrir as melhores técnicas que facilitem a sua memorização.
Constata-se que a grande dificuldade na memorização da tabuada, na maior parte dos alunos, é a partir da tabuada do seis.

Partindo-se do princípio que o aluno não tem dificuldade em saber a tabuada até ao cinco, toda a outra tabuada se torna muito fácil. Assim, qualquer aluno poderá confirmar, de forma autónoma, o produto de dois números maiores que cinco e de um só dígito.

Tomemos como exemplo o produto de 7 por 8 (7x8). Basta representar o sete numa mão e o oito na outra mão. Dado que as mãos têm apenas cinco dedos, então recorremos aos dedos dos pés para ajudar nessa representação. Assim, tendo cinco dedos nos pés mais 2 dedos levantados na mão, será uma forma de representar o sete. Seguindo a mesma técnica não há dificuldade em representar o oito - três dedos levantados na mão.


Agora, é só adicionar os dedos “levantados”, 2+3=5, e juntar à direita deste, o produto obtido pelos dedos “deitados”, 3x2=6. Obtém-se assim 56 o que corresponde ao produto pretendido: 7x8=56.
Creio que olhar mais vezes para as mãos, este algoritmo que parece ser complicado no início, poderá entrar na rotina e, para além de ajudar a memorizar a tabuada, é um exercício que também desenvolve a abstracção do aluno e consolida outros conhecimentos a favor de outras novas técnicas de cálculo mental.
Importante: Repare que a soma dos dedos “levantados” corresponde ao número de dezenas, e o produto dos dedos “deitados” corresponde ao número de unidades. Estes dois valores adicionados dão sempre o resultado pretendido. Faço este reparo para que saiba aplicar o algoritmo quando pretende determinar 6x6 ou 6x7.

mãos:
dedos "levantados" : 1+1= 2
dedos "deitados" : 4x4= 1 

ou seja: Dezenas(e 1) +unidades(6) = produto ( 6x6=36)

Fonte: Prof. J.Filipe (Portugal)
TABUADA DO 9:

Há um modo interessante para se obter a tabuada do nove usando os dedos das mãos. Coloque as mãos abertas sobre a mesa.
Figura 97
Vamos obter, por exemplo, 3 x 9. Dobre o 3° dedo, a contar da esquerda para a direita.
Figura 98
Veja que, á esquerda do dedo dobrado, ficaram dois dedos e, á sua direita, 7 dedos.
Figura 99

Eis o resultado: 3 x 9 = 27!
Veja como se obtém 6 x 9:
Figura 100


terça-feira, 1 de outubro de 2013

Teste de Personalidade




Olhe para a árvore e escolha imediatamente a que mais é atraente para você .
Não pense sobre isso por muito tempo, é só escolher e descobrir o que sua escolha diz sobre sua personalidade. Não esqueça de comentar.
OS RESULTADOS !

1 . Você é uma ( não confundir com moralização ) pessoa generosa e moral. Você sempre trabalhar em auto aperfeiçoamento. Você é muito ambicioso e tem padrões muito elevados . As pessoas podem pensar que a comunicação com você é difícil, mas para você , não é fácil de ser quem você é . Você trabalha muito duro, mas você não é egoísta. Você trabalha porque quer melhorar o mundo. Você tem uma grande capacidade de amar as pessoas até eles te machucarem. Mas, mesmo assim você continuar amando . Poucas pessoas apreciam tudo no mundo como você.

2 . Você é uma pessoa honesta e divertida. Você é muito responsável e gosta cuidar dos outros, por que se preocupa com eles e aceita muitas responsabilidades relacionadas ao trabalho. Você tem uma personalidade muito boa e as pessoas confiam em você facilmente. Você é brilhante , inteligente e de pensamento rápido. Você sempre tem uma história interessante para contar.

3.Você é uma pessoa inteligente e atenciosa. Você é um grande pensador . Seus pensamentos e suas idéias são muito importante para você. Você gosta de pensar sobre suas teorias e pontos de vista só. Você é um introvertido . Você se dá bem com quem gosta de pensar e aprender. Você gasta muito tempo , pensando sobre a moralidade . Você está tentando fazer o que é certo, mesmo que a maioria da sociedade não concorda com você.

4 . Você é uma pessoa perspicaz e filosófica. Você é intuitivo e um pouco peculiar . É muitas vezes incompreendido , e isso te machuca . Você precisa de espaço pessoal. Sua criatividade precisa ser desenvolvida , você busca o respeito dos outros. Você é uma pessoa que vê claramente os lados claro e escuro da vida. Você é muito emocional.

5. Você é auto -confiante e responsável . Você é muito independente. Seu princípio orientador na vida é ' eu vou fazer do meu jeito " . Você é muito auto confiante e sabe como ficar forte para si e para as pessoas que você ama . Você sabe exatamente o que quer e não tem medo de perseguir seus sonhos . A única coisa que demanda de pessoas é a honestidade. Você é forte o suficiente para aceitar a verdade.

6. Você é gentil e sensível. As pessoas se relacionam muito bem com você. Você tem muitos amigos e adora ajudá-los. Você tem essa aura quente e brilhante que faz as pessoas se sentir bem quando estão ao seu redor. Todos os dias, você pensa sobre o que você pode fazer para melhorar a si mesmo . Você quer ser interessante , perspicaz e único. Mais do que qualquer outra pessoa no mundo , você precisa amar. Você está pronto para amar sem esperar que te ame de volta .

7. Você é feliz e sereno . Você é uma pessoa muito sensível e compreensivo. Você é um grande ouvinte e não faz julgamnetos . Você acredita que todo mundo tem seu próprio caminho na vida. Você está aberto a novas pessoas e eventos. Você é altamente resistente ao estresse e raramente se preocupe. Normalmente , você é muito relaxada. Você sempre conseguem dirigir seu tempo e nunca perder o seu caminho .

8. Você é charmoso e energético. Você é uma pessoa divertida , sabe fazer as pessoas rirem. Você vive em um estado de harmonia com o universo. Você é espontâneo e entusiasta. Você nunca diz não para uma aventura. Muitas vezes , você surpreendentes e até mesmo choca as pessoas com sua espontaneidade . Mas isso é apenas como você é... Você sempre permanecer fiel a si mesmo . Você sempre busca aprender mais sobre alguma coisa que te interesse e você não descansa até que você adquira o conhecimento profundo e necessário de determinada área ou assunto.

9. Você é otimista .Você acredita que a vida é um presente e tentar aproveitar o máximo possível dela. Você é muito orgulhoso de suas realizações. Você gosta de conviver com as pessoas que se preocupam com o todo . Você tem uma abordagem muito saudável para a vida. Você é transparente com o vidro. Você pode usar qualquer oportunidade para perdoar, aprender e crescer, porque você acredita que a vida é muito curta para fazer o contrário.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Os sapatos dos outros - EMPATIA




Que com a reflexão desta linda mensagem, seu dia seja excelente.

Bom dia a todo(a)s...

Os sapatos dos outros – sobre a empatia

Os países de língua inglesa usam um termo muito interessante para explicar a empatia: colocar seus pés nos sapatos dos outros.

Trata-se de um exercício difícil, num primeiro momento, mas, que depois de aprendido, torna-se grande aliado para melhorar as nossas relações com o próximo.

Essa técnica envolve a capacidade de suspender provisoriamente a insistência no próprio ponto de vista, e encarar a situação a partir da perspectiva do outro.

Significa imaginar qual seria a situação caso se estivesse no seu lugar, como se lidaria com o fato.

Isso ajuda a desenvolver uma conscientização dos sentimentos do outro e um respeito por eles, o que é um importante fator para a redução de conflitos e problemas nas relações.

Só vestindo o calçado do outro saberemos se ele é apertado ou não, se machuca aqui ou ali, e assim poderemos compreender e tomar atitudes mais eficazes para consolar e ajudar.

Quem tem a habilidade da empatia consegue desenvolver a compaixão e estender as mãos para auxiliar.

Para que alguém esteja apto a, verdadeiramente, consolar alguém, é indispensável ter a percepção ou mesmo a compreensão do que está sofrendo aquele que busca ou aguarda consolação.

Quem tem o comportamento empático compreende melhor, e julga menos, ou julga com menos severidade.

Quem usa a empatia entende as razões do outro e consegue suavizar o ódio, o rancor, o ressentimento, preparando-se melhor para o perdão.

A empatia ou a falta dela pode determinar se um lar viverá em constante guerra ou harmonia.

Os pais precisam da empatia na educação dos filhos, colocando-se em seu lugar constantemente – evitando as broncas desnecessárias, os comportamentos distanciadores e a falta de contato com as emoções das crianças.

Os filhos devem usar de empatia com os pais, percebendo e entendendo suas preocupações, suas dúvidas, suas inseguranças, e sua vontade de sempre acertar e de fazer o melhor para seus rebentos.

A esposa precisa colocar-se no lugar do marido, o marido no lugar da esposa. Ambos precisam conhecer o mundo do outro, suas angústias, suas dificuldades e o que lhe dá alegria.

Puxa... Que dia terrível você teve hoje! Vou tentar ajudá-lo fazendo uma comidinha bem gostosa para nós dois. Assim esquecemos um pouco dos problemas.

Eis o exemplo de um gesto simples, mas precioso, de empatia.

Ainda outro:

Que trabalheira você tem em casa, meu amor... Acho que você precisa sair um pouco para espairecer, não é? Vamos sair só nós dois para jantar?

A criatividade voltada para o bem nos dará tantas e tantas ideias de como realizar esse processo empático, indispensável para a sobrevivência dos lares.

Se desejamos harmonia e melhoria nas relações, temos que passar pela empatia, indubitavelmente.

* * *

Experimentemos usar o sapato do outro. Experimentemos o mundo a partir do ponto de vista do outro. Saiamos do egocentrismo destruidor ainda hoje.

Empatia... Sempre.



A carta magna da paz, pelo Espírito
Camilo, psicografia de José Raul Teixeira, ed. Fráter.
Em 24.9.2013.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A regeneração da figura do pai e a violência na sociedade

Leonardo Boff


É notória a crise da figura do pai na sociedade contemporânea. Por função parental, ele é o principal criador do limite para os filhos e filhas. Seu eclipse provocou um crescimento de violência entre os jovens nas escolas e na sociedade, que é exatamente a não consideração dos limites.
O enfraquecimento da figura do pai, desestabilizou a família. Os divórcios aumentaram de tal forma que surgiu uma verdadeira sociedade de famílias de divorciados. Não ocorreu apenas o eclipse do pai mas também a morte social do pai.
          A ausência do pai é, por todos os títulos,  inaceitável. Ela desestrutura os filhos/filhas, tira o rumo da vida, debilita a vontade de assumir um projeto e ganhar autonomamente a própria vida.
Faz-se urgente um re-engendramento, sobre outras bases,  da figura do pai. Para isso antes de mais nada é de fundamental importância, fazer a distinção entre  os modelos de pai e o princípio antropológico do pai. Esta  distinção, descurada em tantos debates, até científicos, nos ajuda a evitar mal-entendidos e a resgatar o valor inalienável e permanente da figura do pai. 
A tradição psicanalítica deixou claro que o pai  é responsável pela primeira e necessária ruptura da intimidade mãe-filho/filha e a introdução do filho/filha num outro continente, o transpessoal, dos irmãos/irmãs, dos avós, dos parentes e de outros da sociedade.
Na ordem  transpessoal e social, vige a ordem, a disciplina, o direito, o dever, a autoridade e os limites que devem valer entre um grupo e outro. Aqui as pessoas trabalham, se conflituam e realizam projetos de vida Em razão disso, os filhos/filhas devem mostrar segurança, ter coragem e disposição de fazer sacrifícios, seja para superar dificuldades, seja para alcançar algum objetivo.
            Ora, o pai é o arquétipo e a personificação simbólica destas atitudes. É a ponte para o mundo transpessoal e social. A criança ou o jovem ao entrar nesse novo mundo, devem poder orientar-se por alguém. Se lhes faltar essa referência, se sentem inseguros, perdidos e sem capacidade de iniciativa.
É neste momento que se instaura um processo de fundamental importância para a jovem psiqué  com consequências para toda vida: o reconhecimento da autoridade e a aceitação do limite que se adquire através da figura do pai.
A criança vem da experiência da mãe, do aconchego, da satisfação dos seus desejos, do calor da intimidade onde tudo é seguro, numa espécie de paraíso original. Agora, tem que aprender algo de novo: que este novo mundo não prolonga simplesmente a mãe; nele, há conflitos e limites. É o pai que introduz a criança no reconhecimento desta dimensão. Com sua vida e exemplo, o pai surge como portador de autoridade, capaz de impor limites e de estabelecer deveres.
É singularidade do pai ensinar ao filho/filha o significado destes limites e o valor da autoridade, sem os quais eles não ingressam na sociedade sem  traumas. Nesta fase, o filho/filha se destacam da mãe, até não querendo mais lhe obedecer e se aproximam do pai: pede para ser amado por ele  e esperam dele orientações para a vida. É tarefa do pai explicar ajudar a superar a tensão com a mãe  e recuperar a harmonia com ela.
Operar esta verdadeira pedagogia é  desconfortável. Mas se o pai concreto não a assumir está prejudicando pesadamente seu filho/filha, talvez de forma permanente.
        O que ocorre quando o pai está ausente na família ou há uma família apenas materna? Os filhos parecem mutilados, pois se mostram inseguros e se sentem incapazes de definir um projeto de vida. Têm enorme dificuldade de aceitar o princípio de autoridade e a existência de limites.
Uma coisa é este princípio antropológico do pai, uma estrutura permanente, fundamental no processo de individuação de cada pessoa. Esta função personalizadora não está condenada a desaparecer. Ela continua e continuará a ser internalizada pelos filhos e filhas, pela vida afora, como uma matriz na formação sadia da personalidade. Eles a reclamam.
Outra coisa são os modelos histórico-sociais que dão corpo ao princípio antropológico do pai. Eles são sempre cambiantes, diversos nos tempos históricos e nas diferentes culturas. Eles passam. 
Uma coisa, por exemplo,  é a forma do pai patriarcal do mundo rural com fortes traços machistas. Outra coisa ainda é o pai da cultura urbana e burguesa que se comporta mais como amigo que como pai e aí se dispensa de impor limites.
Todo este processo não é linear. É tenso e objetivamente difícil mas imprescindível. O pai e a mãe devem se coordenar, cada um na sua missão singular, para agirem corretamente. Devem saber que pode haver avanços e retrocessos; estes pertencem à condição humana concreta e são normais.
Importa também reconhecer que, por todas as partes, surgem figuras concretas de pais que com sucesso enfrentam as crises, vivem com dignidade, trabalham, cumprem seus deveres, mostram responsabilidade e determinação e desta forma cumprem a função arquetípica e simbólica para com os filhos/filhas. É uma função indispensável para que eles amadureçam e ingressem na vida sem traumas  até que se façam eles mesmos pais e mães de si mesmos. É a maturidade.

FONTE: leonardoboff.com

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O que não se deve falar para as crianças

Os pais são os exemplos dos filhos e suas atitudes podem ter um impacto positivo ou negativo naformação da personalidade e identidade social da criança. Por isso, de acordo com o pediatra Marcelo Reibscheid, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo, existem algumas coisas que jamais devem ser ditas às crianças ou faladas na frente delas. Veja quais são:

1 – Não rotule seu filho de pestinha, chato, lerdo ou outro adjetivo agressivo, mesmo que de brincadeira. Isso fará com que ele se torne realmente isso.
2 – Não diga apenas sim. Os nãos e porquês fazem parte da relação de amizade que os pais querem construir com os filhos.
3 – Não pergunte à criança se ela quer fazer uma atividade obrigatória ou ir a um evento indispensável. Diga apenas que agora é a hora de fazer.
4 – Não mande a criança parar de chorar. Se for o caso, pergunte o motivo do choro ou apenas peça que mantenha a calma, ensinando assim a lidar com suas emoções.
5 – Não diga que a injeção não vai doer, porque você sabe que vai doer. A menos que seja gotinha, diga que será rápido ou apenas uma picadinha, mas não engane.
6 – Não diga palavrões. Seu filho vai repetir as palavras de baixo calão que ouvir.
7 – Não ria do erro da criança. Fazer piada com mau comportamento ou erros na troca de letras pode inibir o desenvolvimento saudável.
8 – Não diga mentiras. Todos os comportamentos dos pais são aprendidos pelos filhos e servem de espelho.
9 – Não diga que foi apenas um pesadelo e mande voltar para a cama. As crianças têm dificuldade de separar o mundo real do imaginário. Quando acontecer um sonho ruim, acalme seu filho e leve-o para a cama, fazendo companhia até dormir.
10 – Nunca diga que vai embora se não for obedecido. Ameaças e chantagens nunca são saudáveis.


sábado, 13 de julho de 2013

DISLEXIA COMPREENSAO Como as estrelas na Terra legendado

POR QUE OS DEFICIENTES INTELECTUAIS ACATAM ORDENS DOS AMIGOS?



Verificando os bastidores deste blog, encontrei uma pesquisa bastante interessante: "COMO ENSINAR A UM DEFICIENTE INTELECTUAL QUE ELE NÃO PODE FAZER TUDO O QUE LHE MANDAM"?

Vivenciei esse problema durante quatro dos seis anos que cuidei de uma adolescente com atrofia do cerebelo e dois dos três anos que cuidei de um garoto com paralisia cerebral. Portanto, sei muito bem como é este problema.

As reclamações de que aprontavam eram muitas. Para falar a verdade, quase todos os dias. Muitas vezes, fui buscá-los na diretoria do Colégio onde trabalhava. Além disso, os pais eram chamados e depois da conversa com o Diretor ou Coordenadora, onde ouviam a série de reclamações, corriam desesperados para minha sala querendo saber o que fariam com o filho ou filha.

Na verdade, essas ordens são dadas por colegas. E fazem isso por que querem se divertir às custas dos deficientes intelectuais, ao mesmo tempo que revelam uma atitude preconceituosa e desrespeitosa pelos sentimentos dos colegas mais inocentes. Isso quando não praticam o bullyng. E a razão é simples:

Ao chegarem ao 5º ano, todas as crianças começam a se "enturmar". E passam a formar grupinhos. Primeiro, do mesmo sexo e, um pouco mais tarde, esses grupos passam a ser mistos. Isto porque é uma necessidade do desenvolvimento humano. Com os deficientes intelectuais não é diferente. Eles também necessitam de amigos da mesma idade para conversar, trabalhar junto, obter informações etc.

Porém, os "amigos" não estão muito afim deles: por julgá-los esquisitos ou feios, por vergonha de tê-los por perto, por  medo do que os "paqueras" podem achar ou por preconceito mesmo. Por isso, ou por tudo isso junto, os isolam.

Mas, os deficientes querem (como qualquer outra pessoa) ser aceitos numa roda ou grupo de amigos. Porém, quando nessa roda ou grupo existem alguns "espertinhos", esses propõem uma condição: "Só se você fizer X coisa". E os deficientes aceitam e fazem o que mandam porque não conseguem prever as consequências desse ato.


Antes de se ensinar o deficiente intelectual a não fazer determinadas coisas, é preciso conscientizar o "grupo " ou classe onde esse deficiente está incluído. Falar abertamente a problemática dele para que saibam com quem estão lidando, das dificuldades que ele (deficiente) vai encontrar e, principalmente, como devem lidar com ele. Dizer isso, não é segregar, mas ajudar a compreender. E sempre fazendo com que se coloquem no lugar do deficiente.

O projeto de inclusão é lindo. Mas, infelizmente nossas escolas ainda não estão adaptadas para isso. Acreditam que basta colocar o deficiente numa classe, que a inclusão está feita. Esse é apenas o primeiro passo. O segundo, o de inseri-lo nesse grupo, é bem mais difícil e trabalhoso. 

Inserir é fazer o deficiente intelectual se sentir parte da classe ou do grupo como outro aluno qualquer, e fazer com que a turma sinta que ele é membro desse grupo ou classe. Inserir é respeitar a sua condição com programação, conteúdos, exercícios e materiais que sejam capazes de fazê-los evoluir  apesar de suas dificuldades. 

Inserir é compreender e fazer com que os colegas de turma compreendam que o cérebro dos deficientes intelectuais é mais lento e, portanto, requer mais repetições, com  trabalhos diferenciados e concretos, com provas específicas que avaliem suas conquistas dentro do que foi proposto  e não do que foi trabalhado com a turma. E esta é uma atividade que engloba a todos: direção, coordenação, professores, auxiliares escolares (inspetores, faxineiros, porteiros etc) e dos alunos da escola como um todo. Isto servirá de exemplo de respeito aos demais alunos.


Muitos pais pedem aos filhos que se afastem dos deficientes intelectuais por medo que contraiam a "doença". Isto é desconhecimento. Deficiência intelectual não "pega" porque não é transmitida por contato, nem por um vírus que se espalha pelo ar. E cabe à Escola promover palestras, conversas e reuniões sobre o assunto  para pais, professores e alunos para que esta atitude (preconceituosa ou não) melhore beneficie a comunidade em em seu entorno. 

Só então podemos pensar em ensinar os deficientes a não fazer o que os amigos  mandam.  E será que vai ser preciso?

Agora, se nada disso for feito, não culpe ou puna o deficiente. Ele é o menos culpado nessa história. Converse com ele, diga que não pode (repita um milhão de vezes se for necessário). Um dia, ele entenderá.


Sueli freitas

terça-feira, 25 de junho de 2013

COMO ENSINAR AUTOESTIMA PARA AS CRIANÇAS


Como ensinar autoestima para as crianças

Psicóloga dá dicas para incentivar o "eu me amo" na medida certa



autoestima (Foto: shutterstock)
















A psicóloga Beatriz Acampora, professora da Universidade Estácio de Sá (RJ) e autora do livro Autoestima: Práticas para Transformar Pessoas (Ed. Wak), com previsão de lançamento para este mês, explica a importância do amor próprio e de como os pais podem ajudar as crianças a desenvolverem esse sentimento.
CRESCER: Quando começa a formação da autoestima?
Beatriz Acampora:
 Desde que a criança nasce. No começo, ela se vê como extensão da mãe, então, para estimular a autoestima, é importante pegar o bebê no colo, dar carinho, amor, afeto. Aos poucos, ele começa a ver que a mãe não é só dele, que sai para trabalhar, e começa a ter outros cuidadores e a desenvolver a noção do “eu” e do “outro”. Com 1 ano, a criança já se olha no espelho e fala: “Bebê”. Às vezes, se beija no espelho.
C.: E qual é o papel dos pais nesse momento?
B.A.: Eles precisam estimular o filho a se reconhecer. Não podem superproteger e precisam incentivar a independência, para ele começar a criar a sua autoestima. Isso não significa só dizer coisas boas para a criança, mas também encorajar os pequenos sucessos. Se ela está aprendendo a andar e consegue ficar dois ou três segundos em pé, é importante festejar isso, dar o reforço positivo. Outra opção é apresentar pequenos desafios, como deixar a criança tentar encaixar as peças de um quebra-cabeça sozinha e fazer festa quando ela conseguir. Essa satisfação própria, que vem do mérito de ter feito algo sem ajuda, fortalece a construção do autoconceito. Entre 3 e 4 anos, ela já pode escolher a roupa, ir ao banheiro e tomar banho sozinha (com supervisão), e isso deve ser estimulado, para que ela aprenda a cuidar de si, a se valorizar e a fazer suas escolhas.
C.: O que acontece quando os pais exageram nos elogios e tratam o filho como se ele fosse “o máximo”? Como não cair nessa cilada?
B.A.: É um grande erro dizer sempre que a criança é demais, tudo de bom. O ideal é estimular dentro do processo de realidade – e a frustração faz parte da vida, a criança precisa aprender a lidar com ela e superá-la. Os pais precisam mostrar que têm defeitos, fraquezas e qualidades, e que isso é normal do ser humano, assim como errar também é normal. Se a criança vir isso nos pais, vai reconhecer em si mesma os mesmos sentimentos, de forças e fraquezas. É importante mostrar que fazemos o nosso melhor, mas às vezes erramos, e aí corrigimos e tentamos fazer melhor da próxima vez.
C.: Criticar demais também pode prejudicar o desenvolvimento da autoestima da criança?
B.A.: Críticas pejorativas não são boas. É preciso ter cuidado com as palavras, porque uma comunicação negativa pode ter um impacto grave na criança. Para ela tudo é uma experiência, não existe certo e errado, então a maneira de repreender, o tom da voz, a fala, tudo tem que estar bem claro. Se ela bate em um colega, por exemplo, os pais não podem falar que ela é feia, horrível ou mesmo bater também. A criança tem que ser orientada com atenção e cuidado, para entender o que não pode, aprender a compartilhar e brincar junto. Falar coisas como “você sempre estraga tudo”, “esse menino é uma peste” e “você está me envergonhando” faz com que a criança se sinta inadequada. É melhor dizer: “você pode melhorar nisso e naquilo”, “eu posso te ajudar a superar essa dificuldade dessa forma”, “você é tão bacana, não precisa agir assim” e “existe lugar para tudo, aqui você não pode fazer isso”. Tudo sem ofender. A criança entende o que você fala, e quanto mais ela ouvir que é feia, que não faz nada direito, mais ela acredita que aquilo é verdade, o que resulta em baixa autoestima e que pode ser levada para a vida adulta.

Por Fernanda Carpegian



A FUNÇÃO PERVERSA DOS CONTOS DE FADAS


Ao invés de desenvolver suas próprias capacidades, meninas aprendem a esperar pelo “homem salvador”

Pat, engenheira de 34 anos, separada, chegou ao meu consultório e foi logo dizendo: “Não aguento mais ter que arranjar dinheiro para pagar as contas e resolver tudo na minha vida. Estou buscando um marido que me proteja, cuide de mim e me sustente. Minha filha, no seu aniversário de seis anos, pediu uma festa com o tema de Cinderela. Ela até se vestiu dessa forma. Assim é bom, porque ela já vai se acostumando com a ideia de que é importante procurar um homem bem diferente do pai dela, que não tem dinheiro. Quando ficar maior, mesmo que tenha uma profissão, espero que se case com alguém que a proteja e garanta seu sustento.”
Não tenho dúvidas de que os contos de fadas são prejudiciais às crianças. Mas será que pais e professores se dão conta disso? Será que percebem quais tipos de ideias estão passando para as crianças, subliminarmente, por meio desses contos? Cinderela, Branca de Neve, Bela Adormecida.Modelos de heroínas românticas, que, ao contrário do que se poderia imaginar, no que diz respeito ao amor, ainda são parecidas com muitas mulheres de hoje. Mas isso não é à toa.

Desde a Antiguidade as mulheres detinham um saber próprio, transmitido de geração em geração: faziam partos, cultivavam ervas medicinais, curavam doentes. Na Idade Média seus conhecimentos se aprofundaram e elas se tornaram uma ameaça. Não só ao poder médico que surgia, como também do ponto de vista político, por participar das revoltas camponesas. Com a “caça às bruxas”, no século XVI, 85% dos acusados de feitiçaria eram mulheres. Milhares delas foram executadas, na maior parte das vezes queimadas vivas.

Segundo os manuais usados pelos inquisidores, é pela sexualidade que o demônio se apropria do corpo e da alma dos homens, dominando-os através do controle e da manipulação dos atos sexuais. 
Não foi assim que Adão pecou? Como as mulheres estão essencialmente ligadas à sexualidade, elas se tornam agentes do demônio (as feiticeiras). Rose Marie Muraro na introdução do livro "O martelo das feiticeiras", escrito por dois inquisidores em 1484, chama a atenção para um detalhe importante: “eram consideradas feiticeiras as mulheres orgásticas e ambiciosas, as que ainda não tinham a sexualidade normatizada e procuravam se impor no domínio público exclusivo aos homens.”

Foto: Reprodução
Final para Branca de Neve foi feliz, ao lado do príncipe em um castelo
A partir daí podemos entender melhor como as mulheres e as personagens femininas das histórias infantis foram se tornando passivas, submissas, dóceis e assexuadas. Em "Cinderela", "Branca de Neve" e "A Bela Adormecida" existem algumas mulheres que até fazem mágicas, mas a mensagem central não é a do poder feminino, e sim da impotência da mulher. O homem, ao contrário, é poderoso. Não só dirige todo o reino, como também tem o poder mágico de despertar a heroína do sono profundo com um simples beijo. Além da incompetência de lutar por si própria, comum às principais heroínas, Cinderela é enaltecida por ser explorada dia e noite, trabalhando sem reclamar e sem se rebelar contra as injustiças. Padece e chora em silêncio. Seu comportamento sofrido, parte do treinamento para se tornar a esposa submissa ideal, é recompensado: seu pé cabe direitinho no sapato e ela se casa com o príncipe.
No entanto, o mais grave nos contos de fadas é a ideia de que as mulheres só podem ser salvas da miséria ou melhorar de vida por meio da relação com um homem. As meninas vão aprendendo, então, a ter fantasias de salvamento, em vez de desenvolver suas próprias capacidades e talentos. As heroínas das histórias estão sempre ansiosas em fazer o máximo para agradar ao homem, ser como ele deseja, e acreditam que adequar seu corpo à expectativa dele é fundamental. Não se esqueça de que Cinderela e todas as moças do reino tentam se ajustar ao sapatinho encontrado pelo príncipe — a madrasta orienta as filhas a cortar um pedaço do pé para corresponder ao que o homem espera delas.

A historiadora americana Riane Eisler afirma que “essas histórias incutem nas mentes das meninas um roteiro feminino no qual lhes ensinam a ver seus corpos como bens de comércio para conseguirem pegar não um sujeito comum, mas um príncipe, status e riqueza.Em última análise a mensagem dos ‘inocentes’ contos de fadas, como Cinderela, é que não somente as prostitutas, mas todas as mulheres devem negociar seu corpo com homens de muitos recursos.”

Em vez de desenvolver suas próprias potencialidades e buscar relações onde haja uma troca afetiva e sexual, em nível de igualdade com o parceiro, muitas mulheres se limitam a continuar fazendo tudo para encontrar o príncipe encantado.
O que você pensa a respeito dos contos de fadas? Deixe seu comentário no campo abaixo!Há um tempo atrás perguntei a algumas pessoas o que eles pensam a respeito dos contos de fadas.
A grande felicidade não é encontrar um homem, é encontrar a si própria. Se a mulher encontrar um parceiro, tudo bem, mas se não encontrar, ela está ótima. O grande encontro do homem e da mulher é cada um consigo próprio. Cláudia Alencar (atriz)Estamos caminhando para a dissolução do molde romântico. É um processo muito lento, talvez demore 100 anos; o ser humano levou um tempão para construir esse projeto de infelicidade. Ele chegou ao apogeu no século XIX e só nos demos conta da falência disso na virada do século, quando o Dr. Freud preconizou que o ser humano só pensa em sacanagem. Coisa que a gente já sabia há muito tempo, mas só se tornou explicitada a partir da reflexão dele. A partir dessa incompatibilidade entre a superestrutura dos sonhos e a infra-estrutura dos instintos estamos vivendo um momento conflitivo em que as coisas estão se transformando para melhor, principalmente nessa área da sexualidade e dos afetos. Geraldo Carneiro (poeta e escritor)
Há toda uma estrutura vigente que desinforma e continua insistindo nessas mentiras. As próprias novelas criam um romantismo falso, bastante prejudicial e os danos são profundos. Mas as questões sobre amor e sexo são vitais por estarem estreitamente ligadas à nossa felicidade. Chico Azevedo (dramaturgo e escritor)

 Regina Navarro Lins