quarta-feira, 22 de junho de 2011

Filhos: a difícil arte de pôr limites




A coisa mais difícil que existe nesta vida é educar um ser humano, pois que demanda a nossa atenção por um tempo, que deixamos de perceber porque até o último momento podemos receber educação.

Alguns fatores apontam as causas da falta de limites na educação das crianças de um modo geral, destacando os valores morais que sumiram do nosso cenário, haja vista o enorme número de casos de corrupção ininterrupta; na política, empresas, igrejas, etc, apresentados na mídia, onde, dificilmente a lei consegue ser cumprida, ademais, instaurou-se na cultura a idéia de que ser esperto é a grande jogada, o contrário; uma tremenda burrice, então, por qual razão seguir regras?

Outro ponto importante vem a ser a ausência dos pais na vida da criança, em virtude da carga horária dedicada ao trabalho, deixando a convivência educacional aos cuidados da escola, desde os primeiros momentos, nas creches e nas instituições educacionais, do governo ou particulares. Esta necessidade familiar gerou um sentimento de culpa nos pais, que, para compensar tais circunstâncias, acabam sendo permissivos em demasia com os seus filhos, impedindo, por conseguinte, momentos de se educar e proporcionar os valores que devem ser seguidos; derivados dos próprios valores existentes nos pais e na constituição da personalidade da criança. Contudo, abre-se nova polêmica neste rastro de educação sem limites, ao lembrarmos que muitos pais com filhos hoje adolescentes e outros adultos vêm de uma geração na qual pregou por muitos anos a idéia de que a liberdade total era a melhor saída, contrapondo à idéia de repressão sócio-histórica vivida por eles em sua juventude, o que acarretou em juízo de valores distorcido, vindo de um radicalismo social para outro, sem fazer "escola" desta forma de se educar. Não houve ponderação e conseqüentemente faltou um plano mediano que fosse sendo ajustado à medida que as demandas surgissem. Simplesmente foi-se estabelecendo este modelo de educação até o momento em que se evidenciaram os desastrosos resultados.

Outra condição a ser pensada é o exagero que os pais têm com relação aos traumas que poderão causar, caso venham a ser mais enérgicos na educação dos seus filhos. Usar o bom senso e algumas regras para estabelecer limites na educação infantil não arranca pedaço de ninguém. Faz-se necessária a consciência de que para educar é preciso esforço, dedicação, perseverança e paciência; muita paciência.

Nas escolas a relação entre o aluno e o professor chegou a uma condição muito favorável, quando entendemos que a participação do aluno está maior, diferentemente de outras épocas onde o papel se restringia apenas a ouvir e guardar as informações que chegavam.

A criança de hoje está mais bem estimulada e responde com maior agilidade ao meio, o que lhe confere a boa posição de ser participante nos grupos sociais; casa e escola especialmente. Todavia, dada a falta de condução por conta da educação sem limites, a criança acaba se tornando um canhão sem direção, que atira para vários lados ao acaso a acerta em quem estiver na trajetória, e a si mesma invariavelmente.

Para ilustrar este contexto da educação sem limites, relatarei uma cena que vi na sala de diretoria de uma escola do governo. De um lado encontrava-se a vice-diretora desta instituição, a qual descrevia o descaso de um aluno com relação aos estudos, seu comportamento rebelde e desrespeitador mediante as regras daquela escola, exaltando o fato de que este menino, de aproximadamente onze anos, já havia "bombado" em ano anterior e que em seu boletim constavam muitas faltas. De outro lado, a mãe, estupefata com aquelas faltas, tentando compreender aquele furacão que se lhe apresentava. Ao lado da mãe que estava sentada, encontrava-se sua filha menor, à frente do referido estudante, e ao lado dele outra irmã, presumivelmente mais velha. O quadro estava formado; o garoto permaneceu imóvel entre as pessoas de sua família e apenas comentou em tom humilde que a direção da escola lhe perseguia há muito tempo e que ele era bonzinho. Apesar da postura de cobrança por parte da diretoria da escola, é quase impossível obter do aluno um comportamento adequado, uma vez que lhe falta o direcionamento educacional, sutilmente revelado pela mãe quando alegou não ter tempo de poder criar o próprio filho, permanecendo ausente em virtude do trabalho.

Tal situação é comum e é clara quanto às dificuldades existentes para todas as partes: do aluno que precisa e não tem a educação fundamental de ser acompanhado em casa por seus responsáveis; dos pais, que não têm tempo e sentem a dificuldade se ampliar conforme o tempo passa, desestimulando cada vez mais, ter que mexer com esta situação, e, para a escola, que acaba arcando com tal responsabilidade, sem ter estrutura para isso. A situação destas várias crianças e de suas famílias é caótica, não existindo meio termo para classificar o que se passa nesta inversão de valores, onde inexiste a educação pautada em acompanhamento e com limites. Muitos pais crêem que o tempo dará jeito na questão, deixando à sorte o futuro de seus filhos.

O exercício do viver só é realizável vivendo, na prática, e o mesmo ocorre com a educação, portando, é preciso arregaçar as mangas e assumir o papel de orientador, de guia, de educador. Começar, antes tarde do que nunca a se envolver neste processo importante e determinador da vida do ser humano, cavando tempo e espaço para esta empreitada. Sempre que desejamos muito alguma coisa damos um jeito no tempo e espaço para alcançá-la. O que nos impede de lutar por esta causa mais do que nobre? Qual medo existe em tentar educar os próprios filhos?

Como em qualquer situação da vida, haverá tropeços, que darão lugar ao adequado proceder conforme a prática e a persistência desta convivência. Os rumos poderão ser diferentes, e certamente o serão. Outros benefícios virão naturalmente, como um maior sentimento de amor próprio, e em muitos casos, a unidade familiar. Mas é preciso começar, tentar, fazendo acontecer. Confie em si mesmo e mude o cenário, assumindo as responsabilidades e transmitindo muitos valores aos seus filhos, por via de uma educação que dá segurança e conforto, pois todos nós sempre desejamos isto.


* Armando Correa de Siqueira Neto (psicólogo)

sábado, 11 de junho de 2011

TABUADA COM OS DEDOS

TABUADA DA MULTIPLICAÇÃO: memorizar e aprender



Muitos professores ainda se questionam sobre a importância ou não, da memorização da tabuada.

Normalmente o que se decora acaba por ser esquecido, portanto, há um entendimento generalizado em dar prioridade à compreensão da tabuada em detrimento da sua memorização. A ideia que fica é que o aluno, em qualquer altura, consegue construir a tabuada não havendo portanto, a necessidade de a decorar.

No entanto, em níveis de escolaridade mais avançada os professores queixam-se dos alunos não saberem a tabuada. Esta situação impossibilita o desenvolvimento de outras técnicas de cálculo e exploração de novos conceitos matemáticos .

A questão da memorização, a meu ver, é uma atividade de especial importância na formação escolar e, cabe à escola desenvolver no aluno, de acordo com a sua forma de pensar, a capacidade em descobrir as melhores técnicas que facilitem a sua memorização.
Constata-se que a grande dificuldade na memorização da tabuada, na maior parte dos alunos, é a partir da tabuada do seis.

Partindo-se do princípio que o aluno não tem dificuldade em saber a tabuada até ao cinco, toda a outra tabuada se torna muito fácil. Assim, qualquer aluno poderá confirmar, de forma autónoma, o produto de dois números maiores que cinco e de um só dígito.

SUGESTÃO PARA A TABUADA DO 6,7,8 E 9

Tomemos como exemplo o produto de 7 por 8 (7x8). Basta representar o sete numa mão e o oito na outra mão. Dado que as mãos têm apenas cinco dedos, então recorremos aos dedos dos pés para ajudar nessa representação. Assim, tendo cinco dedos nos pés mais 2 dedos levantados na mão, será uma forma de representar o sete. Seguindo a mesma técnica não há dificuldade em representar o oito - três dedos levantados na mão.


Agora, é só adicionar os dedos “levantados”, 2+3=5, e juntar à direita deste, o produto obtido pelos dedos “deitados”, 3x2=6. Obtém-se assim 56 o que corresponde ao produto pretendido: 7x8=56.

Creio que olhar mais vezes para as mãos, este algoritmo que parece ser complicado no início, poderá entrar na rotina e, para além de ajudar a memorizar a tabuada, é um exercício que também desenvolve a abstracção do aluno e consolida outros conhecimentos a favor de outras novas técnicas de cálculo mental.

Importante: Repare que a soma dos dedos “levantados” corresponde ao número de dezenas, e o produto dos dedos “deitados” corresponde ao número de unidades. Estes dois valores adicionados dão sempre o resultado pretendido. Faço este reparo para que saiba aplicar o algoritmo quando pretende determinar 6x6 ou 6x7.

mãos:
dedos "levantados" : 1+1= 2
dedos "deitados" : 4x4= 1 6

ou seja: Dezenas(2 e 1) +unidades(6) = produto ( 6x6=36)

Fonte: Prof. J.Filipe (Portugal)

SUGESTÃO QUE FUNCIONA APENAS PARA A TABUADA DO 9:

Há um modo interessante para se obter a tabuada do nove usando os dedos das mãos. Coloque as mãos abertas sobre a mesa.
Figura 97

Vamos obter, por exemplo, 3 x 9. Dobre o 3° dedo, a contar da esquerda para a direita.
Figura 98

Veja que, á esquerda do dedo dobrado, ficaram dois dedos e, á sua direita, 7 dedos.
Figura 99

Eis o resultado: 3 x 9 = 27!

Veja como se obtém 6 x 9:
Figura 100

terça-feira, 7 de junho de 2011

DIFERENÇA...NÃO É DEFICIÊNCIA!!


"UMA ROSA COM OUTRO NOME"
Imagine por um instante que você está visitando um viveiro de plantas. Você percebe uma agitação lá fora e vai investigar. Você encontra um jovem assistente lutando contra uma roseira. Ele está tentado forçar as pétalas da rosa a se abrirem, e resmunga insatisfeito. Você lhe pergunta o quê está fazendo e ele explica: "meu chefe quer que todas essas rosas floresçam essa semana, então na semana passada eu cortei todas as precoces e hoje estou abrindo as atrasadas". Você protesta dizendo que cada rosa floresce a seu tempo, é absurdo tentar retardar ou apressar isso. Não importa quando a rosa vai desabrochar - uma rosa sempre desabrocha no momento mais oportuno para ela. Você olha novamente a rosa e percebe que ela está murchando, mas quando você o alerta, ele responde: "Ah, isso é mau, ela tem disdesabrochamento congênito. Vamos ter que chamar um especialista". Você diz: "Não, não! Foi você quem fez a rosa murchar! Você só precisaria satisfazer as exigências de água e luz da planta e deixar o resto por conta da natureza!" Você mal consegue acreditar no que está acontecendo. Por quê o chefe dele é tão mal informado e tem expectativas tão irreais em relação às rosas? Essa cena nunca teria se passado em um viveiro, é claro, mas acontece todo o dia em nossas escolas. Professores pressionados por um sistema seguem calendários oficiais que exigem que todas as crianças aprendam no mesmo ritmo e do mesmo jeito. No entanto, as crianças não diferem das rosas em seu desenvolvimento: elas nascem com a capacidade e o desejo de aprender, e aprendem em ritmos diferentes e de modos diferentes. Se formos capazes de satisfazer suas necessidades, proporcionar um ambiente seguro e propício e evitar nos intrometer com dúvidas, ansiedades e calendários arbitrários, aí então - como as rosas - as crianças irão desabrochar cada uma há seu tempo.

Por Jan Hunt, Psicóloga Diretora do "The Natural Child Project”.