sexta-feira, 23 de março de 2012

Birra virou doença. Será que todas as crianças estão doentes?

Dr. Leonardo Posternak


Pai de Luciana e Thiago, é pediatra há 37 anos, presidente do Instituto da Família (IFA) e membro da comissão de saúde mental da Sociedade de Pediatria de SP




"Apesar de você, amanhã há de ser outro dia..."



Birra virou doença. Será que todas as crianças estão doentes?


O título do artigo tomei emprestado de uma canção de Chico Buarque, de 1978, que de maneira sutil denunciava a ditadura militar – nela se vislumbra uma saudável oposição e revolta.


A lembrança, tanto da música quanto da conduta opositora, surgiu em mim quando, nas últimas semanas, foi publicada em jornais de São Paulo uma notícia estarrecedora: um grupo de notáveis psiquiatras, aqueles que classificam doenças e avalizam tratamentos, declara (não se sabe a partir do quê) que as famosas birras infantis serão incluídas na próxima Classificação Internacional de Doenças (CID), exatamente como isso, uma doença!


SENHORES (SUPOSTOS) DONOS DO SABER: DEIXEM AS CRIANÇAS E AS FAMÍLIAS EM PAZ. NÃO TENTEM MAIS UMA VEZ PATOLOGIZAR O QUE É NORMAL. AINDA MAIS A BIRRA, UMA MANIFESTAÇÃO AGUARDADA E NECESSÁRIA PARA O BOM DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE INFANTIL. AS BIRRAS FAZEM PARTE DOS PEQUENOS CONFLITOS E DAS CRISES PREVISÍVEIS NO CICLO VITAL DO SER HUMANO.


O maior perigo dessa interpretação organicista, rígida e engessada, além de criar bruxas onde elas não existem, é que, com certeza, algum laboratório vai inventar um medicamento para tratar um sinal normal e muito conhecido na pediatria. Assim o círculo se fecha: além de patologizar, vai se medicar perigosamente as crianças.


Se a birra é doença, chego a uma conclusão terrível. Há 40 anos cuido de crianças que, entre os 15 e os 36 meses aproximadamente, apresentam birras. Sendo assim, estariam todas doentes. Quanta bobagem! A birra se trata com uma postura adequada dos pais. Como muito seria um sintoma que, se persistir, seria por uma educação deficiente.
Estou ciente de que, quando um prédio em construção desaba, a responsabilidade por negligência é de um engenheiro em particular e não da engenharia – portanto, não devemos generalizar, não é a psiquiatria que estou criticando, e, sim, um grupo de psiquiatras tão irresponsável quanto o engenheiro mencionado. Um aviso aos participantes da nefasta teoria: cuidado, pode ser que alguém decida classificá-los como uma doença no próximo CID.
Retirado da Revista PAIS E FILHOS deste mês (março/2012)

quarta-feira, 21 de março de 2012

O ponto negro


Certo dia, um professor chegou na sala de aula e disse aos alunos para se prepararem para uma prova-relâmpago.
Todos acertaram suas filas, aguardando assustados o teste que viria.
O professor foi entregando, então, a folha da prova com a parte do texto virada para baixo, como era de costume.
Depois que todos receberam, pediu que desvirassem a folha.
Para surpresa de todos, não havia uma só pergunta ou texto, apenas um ponto negro, no meio da folha.

O professor, analisando a expressão de surpresa que todos faziam, disse o seguinte:

- Agora, vocês vão escrever um texto sobre o que estão vendo.

Todos os alunos, confusos, começaram, então, a difícil e inexplicável tarefa.
Terminado o tempo, o mestre recolheu as folhas, colocou-se na frente da turma e começou a ler as redações em voz alta.
Todas, sem exceção, definiram o ponto negro, tentando dar explicações por sua presença no centro da folha.
Terminada a leitura, a sala em silêncio, o professor então começou a explicar:


- Esse teste não será para nota, apenas serve de lição para todos nós. Ninguém na sala falou sobre a folha em branco.
Todos centralizaram suas atenções no ponto negro.
Assim acontece em nossas vidas.
Temos uma folha em branco inteira para observar e aproveitar, mas sempre nos centralizamos nos pontos negros.
A vida é um presente da natureza dado a cada um de nós, com extremo carinho e cuidado.
Temos motivos para comemorar sempre!
A natureza que se renova, os amigos que se fazem presentes, o emprego que nos dá o sustento, os milagres que diariamente presenciamos. No entanto, insistimos em olhar apenas para o ponto negro!
O problema de saúde que nos preocupa, a falta de dinheiro, o relacionamento difícil com um familiar, a decepção com um amigo.
Os pontos negros são mínimos em comparação com tudo aquilo que temos diariamente, mas são eles que povoam nossa mente.

Pense nisso!
Tire os olhos dos pontos negros de sua vida.
Tranquilize-se e seja … FELIZ!”

terça-feira, 20 de março de 2012

Dia Mundial de Conscientização do AUTISMO



Autista é um ser isolado, que vive no seu mundo interior, tem dificuldades de se comunicar. Existe, indubitavelmente, uma falha no sistema cognitivo destas crianças, que faz com que o cérebro não tome conhecimento perfeito do que os seus órgãos do sentido captam. O primeiro passo é desenvolver este sistema cognitivo, estabelecer um canal de comunicação, abrir um elo entre o seu universo fechado e o exterior.
As chances de uma criança autista estabelecer uma boa comunicação com o mundo exterior dependem diretamente da idade em que é feito o diagnóstico e se inicie o trabalho, e da habilidade e dedicação do terapeuta. A intervenção deve ser precoce, pois hoje é sabido que o cérebro é particularmente maleável à aquisição de aptidões de comunicação durante os primeiros anos de vida. É entre um e cinco anos que o sistema cognitivo, com sua rede de neurônios cerebrais, se desenvolve mais aceleradamente.
A comunicação deve se iniciar com imagens, gestos, sinais, palavras e bastante explorado o contato físico, que recebe muita ênfase na terapia do abraço (holding therapy).
A Terapia Pedagógica ou educativa deve ser encarada como uma primeira opção.
Uma série de avaliações práticas evidenciaram que as crianças autistas não conseguem estruturar o mundo de uma forma adequada, e daí ser necessário lhes transmitir essa estruturação por pequenas etapas, num quadro de um programa educativo compensatório, que poderíamos designar de psicopedagogia interdisciplinar. Os únicos questionamentos se limitam, de um modo geral, às divergências nas técnicas e na aplicação.
A abordagem pedagógica depende muito do pragmatismo, espírito de criatividade, experiência e bom senso do educador, e deve ser complementada com o auxílio de recursos diversos como imagens, desenhos, pinturas, música, jogos, brinquedos especiais, atividades artísticas, manipulação com massas e, ultimamente, até trabalhos com computador. O importante é estimular a criança, dar-lhe atividades, tanto físicas quanto mentais, e não deixa-la se isolar e se afundar nas estereotipias, que acabarão por domina-la, atrofiando ainda mais o seu sistema cognitivo, caso não haja uma estimulação permanente.




Programação - Porto Alegre
01 de abril

9h - Evento do Brique da Redenção (Tendas, recreação infantil, distribuição de balões, cataventos e panfletos informativos, entre outras atividades)


11h30min - Caminhada organizada de conscientização, com início no Monumento ao Expedicionário, junto ao Brique da Redenção, onde as pessoas poderão vir com roupas na cor azul, cor alusiva ao autismo.

02 de abril


20h - Pocket Show na Usina do Gasômetro em homenagem ao "Dia Mundial de Conscientização do Autismo", com a participação das Bandas "Papas da Língua" e "Chimarruts" e da dupla sertaneja "Edu e Renan". Abertura com a Banda "Ilusão de Ótica". Entrada Franca.


03 de abril

17h - Palestra com Dr. Carlos Gadia, intitulada "Autismo: Como chegamos até aqui e para onde vamos", na Assembleia Legislativa do RS, iniciativa do Deputado Alexandre Lindenmeyer.

20h30min - Concerto da OSPA em homenagem ao "Dia Mundial de Conscientização do Autismo", no Salão de Atos da UFRGS.
04 de abril
22h - Jogadores do Sport Club Internacional entrarão com faixa alusiva ao "Dia Mundial de Conscientização do Autismo", em jogo contra o Santos FC, no Gigante da Beira-Rio.

Será uma oportunidade para pais, familiares, amigos, profissionais, estudantes e demais interessados se unirem pela causa do Autismo

Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail
contato@autismoevida.org.br, no site http://www.autismoevida.org.br/ ou por meio do telefone 51-9335-4053.

sexta-feira, 16 de março de 2012

"As crianças que se perdem no bosque"




Quando uma criança vai à escola é como se fosse levada a um bosque, longe de casa. Há crianças que enchem os bolsos de pedrinhas brancas e as jogam no chão, de modo a saber reencontrar o caminho de casa também a noite, ao luar. Mas há crianças que não conseguem providenciar pedrinhas e deixam umas migalhas de pão seco, como rastro para voltar para casa. É um rastro muito frágil e bastam as formigas para apagá-lo: as crianças perdem-se no bosque e não sabem mais voltar para casa.
A escola é como um bosque no qual alguns sabem reencontrar o própio caminho, sabem interpretá-lo e sabem orientar-se: passam o dia no bosque, divertem-se em descobri-lo, em conhecê-lo, através de seus bichinhos e de suas árvores e conseguem ligar tudo isso ao rastro e às lembranças que os levam pra casa. São donos de um espaço, porque são donos dos sinais para reconhecê-lo e para coligá-lo: a sua casa não está num lugar longínquo e inacessível, mas é uma possibilidade e, portanto, uma presença da qual podem afastar-se certos de retornar.
Outras crianças passam o dia no bosque e aprendem muitas coisas: conhecem árvores e plantas, animais e insetos, mas , no fim do dia, conhecem também o medo de não saber orientar-se, de não saber o caminho de casa. O bosque torna-se o lugar amedrontador no qual se perdem sem reconhecer os próprios rastros, sempre estranhos e sempre rejeitados.
As crianças que sabem voltar para casa sabem também ir para frente, no bosque e além do bosque. As crianças que se perderam não sabem voltar para casa e nem mesmo ir para frente, porque, a cada passo que fazem perdem-se um pouco mais, por não saberem reconhecer nada de si mesmos e das coisas que estão em volta deles. Caso se encontrem, não se reconhecem e nem mesmo sabem tornar-se companheiros de viagem. Não tem caminho, porque não sabem identificar os sinais que podem constituir um caminho e uma trilha, então são condenados a vagabundear sem espaço e sem tempo e podem preferir ser enjaulados.

Extraído de: CANEVARO, Andrea. I bambini che si perdono nel bosque.Identitá e linguaggi nellínfanzia. Firenze, La Nuova Italia, 1976.

O jogo metafórico e profundo do professor Canevaro nos faz refletir...afinal, alguns dos maiores desafios, na ação educativa, dizem respeito à necessária valorização da ausência de percursos preconcebidos . A criatividade deve nos auxiliar a ampliar "pistas" e a "elaborar novos roteiros".
Como as crianças que deixam as marcas para encontrar o caminho de volta, nós também partimos para as nossas viagens com bagagens variadas que mudam continuamente.


Afinal , " APsicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana: seus padrões normais e patológicos considerando a influência do meio - família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia."

segunda-feira, 12 de março de 2012

Regulamentação da PSICOPEDAGOGIA- nossa profissão





Caros profissionais segue link da Câmara Federal com a integra da aprovação do projeto de regulamentação de nossa profissão, que posteriormente foi enviado ao Senado Federal: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=398499

sexta-feira, 9 de março de 2012

Seu filho é girassol ou miosótis?

A mensagem abaixo abriu a reunião de pais de filhos que estão no 1º ano na escola do meu pequeno, na última terça-feira.

Achei sensacional, só que não consegui enquadrar o pequeno num único tipo. Acho que ele é mais girassol, mas tem muitas características de miosótis...

E o seu? Seu filho é girassol ou miosótis?
O texto é do Padre Zezinho.

GIRASSÓIS E MIOSÓTIS


O girassol é flor raçuda, que enfrenta até a mais violenta intempérie e acaba sobrevivendo.
Ela quer luz e espaço e em busca desses objetivos, seu corpo se contorse o dia inteiro.
O girassol aprendeu a viver com o sol e por isso é forte.

Já o miosótis é plantinha linda, mas que exige muito mais cuidado.
Gosta mais de estufa.

O girassol se vira... e como se vira!
O miosótis quando se vira, vira errado.
Precisa de atenção redobrada.

Há filhos girassóis e filhos miosótis.
Os primeiros resistem a qualquer crise: descobrem um jeito de viver bem, sem ajuda.
As mães chegam a reclamar da independência desses meninos e meninas, tal a sua capacidade de enfrentar problemas e sair-se bem.


Por outro lado, há filhos e filhas miosótis, que sempre precisam de atenção.
Todo cuidado é pouco diante deles.
Reagem desmesuradamente, melindram-se, são mais egoístas que os demais, ou às vezes, mais generosos e ao mesmo tempo tímidos, caladões, encurralados.
Eles estão sempre precisando de cuidados.

O papel dos pais é o mesmo do jardineiro que sabe das necessidades de cada flor,
incentiva ou poda na hora certa.

De qualquer modo, fique atento.
Não abandone demais os seus girassóis porque eles também precisam de carinho...
E não proteja demais os seus miosótis.

As rédeas permanecem com vocês...
mas também a tesoura e o regador.

Não negue, mas não deem tudo que querem:
a falta e o excesso de cuidados matam a planta.

Fabiana Sparremberger ( Jornal ZH)