- Acabo
de dar uma aula a uma turma de Filosofia, na escola onde me formei em
Contabilidade, em Lajeado, Rio Grande do Sul. Minhas primeira palavras
foram a constatação triste de uma diferença: "Quando eu estudava aqui, e
entrava um convidado na sala de aula, todos nos levantávamos". A
constatação não fez outro efeito que provocar a satisfação de um
professor e talvez certo constrangimento do diretor.
Ao comentar o episódio com amigos, no dia seguinte, fiquei sabendo
de que num município da Grande Porto Alegre, Viamão, um aluno pixara a
parede recém pintada da escola. A professora, para dar-lhe a necessária
lição, estabeleceu como castigo que o adolescente repintasse a parede
que sujara. O pai do aluno mal-educado reclamou, foi à Justiça, e a
professora foi condenada por maus-tratos.
Sabe-se que alunos ameaçam professores - até de morte. E os matam,
como já vi em Brasília. Professores são agredidos por alunos - e os
pais, em vez de corrigir suas criaturas mal-criadas, apoiam os
desordeiros. Por isso não surpreende que até professores demagogos e
populistas, tenham se manifestado ao lado dos arruaceiros que invadiram a
reitoria da USP. Como se a presença da polícia no câmpus obnubilasse as
luzes que se espera sejam geradas pela universidade.
Confundem liberdade de pensar e de criar com liberdade para assaltar, matar, destruir ou fumar maconha. No
geral, é uma covardia lesa-pátria a atitude de professores de abrir mão
da disciplina, ainda que algum juíz do ridículo politicamente correto
dê ganho de causa para um aluno pixador. É bom lembrar esses professores
frouxos que a definição de populismo é "a degradação da democracia".
Portanto, estão desensinando os conceitos de liberdade, democracia e
cidadania - que não sobrevivem sem disciplina. A ausência de disciplina é
um cavalo de tróia para a desordem, a anarquia.
Não pensem que isso afeta apenas as crianças, os adolescentes, os
jovens. Como esse mal já vem de mais de uma geração, chegou até ao
ministério da República. Vocês devem ter se chocado com a falta de
educação do Ministro do Trabalho. Inclusive, como lembrou o escritor
João Ubaldo, com o tuteio de Lupi em "Eu te amo, Dilma."
Como assim, cadê o respeito? Até Marilyn Monroe, que tinha um caso com o
presidente Kennedy, quando cantou o famoso "Parabéns", foi respeitosa:
"Happy birthday, mister president". Para aprender, é preciso se
disciplinar. E ensinar é disciplinar. A natureza nos dá a lição.
Desrespeitada, devolve o deserto. Sem respeito, sem ordem, sem
disciplina, não há direitos, só a bagunça do deserto de civilidade.Quem quiser viver na selvageria, que continue a se acovardar diante da desordem.
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília e escreve semanalmente em Só Notícias
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