terça-feira, 26 de outubro de 2010

Educar pode ser mais fácil


Quando questionado sobre o que é ter um filho difícil de educar, o terapeuta espanhol Emilio Pinto é objetivo: é aquela criança que não quer ser educada, não escuta, não atende aos pedidos dos pais, decide o que quer fazer e parece impossível de mudar de opinião. Para dar uma mãozinha aos pais, o autor do livro Filhos Difíceis de Educar selecionou oito dicas.


1. NÃO BATA

Controle sua raiva. Os pais devem ser mais sensatos e maduros que os filhos. Se a criança bate, os adultos não podem batê-la com mais força. A solução está no controle verbal, expressões como “isto não se faz”,“comporte-se”,“respeite as pessoas” ajudam a crianç a aprender que o comportamento nã estácorreto. Se o controle verbal nã funcionar, a dica éa contençã fíica: segurar as mãs,as pernas ou o corpo da crianç para impedi-la de agir.

2. COLOQUE LIMITES

Se os pais não estabelecem limites aos filhos quando pequenos, não conseguirão fazê-lo quando eles chegarem na adolescência. Quando os deixam brincar com tudo, falar de tudo, ou criar o próprios horários, pensarão que vivem em território ilimitado. Os limites ajudam a traçarem fronteiras. O “não” deve ser sempre um “não”, o “sim”sempre“sim”.

3. NÃO SEJA SERVIÇAL

Por mais que você queira ajudar seu filho, pense bem. Não confunda paternidade ou maternidade com servilismo. Ao criar um “mundo perfeito”, os pais nã ajudam os filhos a crescer. Não épreciso fazer tudo ou fazer nada, mas manter um equilírio, convidar a criança para algumas atividades.

4. ENSINE-O A ESPERAR

Os filhos precisam aprender a esperar e a ter paciência. Assim, não furarão filas, esperarão a vez para falar e respeitarão os mais velhos. Os pais devem ensinar às crianças o valor da espera, fazendo-as esperar. Esse aprendizado tem muito a ver com aprender a escutar, com controlar instintos e a saber aceitar o fracasso.

5. ELOGIE SEU FILHO

A estima deve incluir o reconhecimento, a demonstração de que você valoriza o que seu filho faz. Pode ser um “obrigado” sincero ou um “parabéns”. A autoestima alta ajuda a crianç a ganhar autoconfianç, a ser capaz de acreditar em si mesma. Assim, realizarátarefas com mais empenho e, quem sabe, com mais sucesso. Quando não se dá aos filhos a oportunidade de demonstrarem o que tê de melhor, eles poderão usar o pior de si mesmos.

6. SAIBA A HORA DE PREMIAR

O prêmio deve ter um momento certo. Não se pode premiar tudo e todos os dias. Além disso, não deve ser uma forma de recompensa, porque pode causar frustrações. Os prêmios não podem ser compras ou chantagens, mas o resultado de um esforço. A melhor recompensa é ver o resultado do esforço realizado. Equivocadamente, os pais podem acostumar os filhos a receber recompensas materiais por quase qualquer esforço que façam.

7. ORGANIZE SEU DIA

Todo mundo sabe que é difícil conciliar a vida profissional com o dia a dia da casa. Mas os adultos devem sempre saber que os filhos precisam do tempo que os pais lhe dedicam, e o que ajuda a educar é a qualidade do tempo, e não sua quantidade.

8. CONTE ATÉ 10

Na dê castigos motivado pela raiva, o melhor é que os castigos sejam reparadores e tenham um motivo. Se a criança estiver com raiva, não entre no jogo dela. O castigo deve ser cumprido, do contrário,você ensinará que as ações ruins não têm consequência. Evite também castigos longos, que possam ser esquecidos ou não possam ser cumpridos.

Jornal Zero Hora(25/10/2010)

sábado, 23 de outubro de 2010

Prato de arroz


ÓTIMA REFLEXÃO!


"Um sujeito estava colocando flores no túmulo de um parente quando vê um chinês colocando um prato de arroz na lápide ao lado. Ele se vira para o chinês e pergunta:
- Desculpe-me, mas o senhor acha mesmo que o seu defunto virá comer o arroz?
E o chinês responde:
- Sim, geralmente na mesma hora que o seu vem cheirar as flores!



"Respeitar as opções do outro "em qualquer aspecto" é uma das maiores virtudes que um ser humano pode ter. As pessoas são diferentes, agem diferente e pensam diferente. Nunca julgue. Apenas compreenda".

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A QUESTÃO DO TEMPO




O aprender está relacionado à essência do "estar vivo", ou seja, estar interagindo como aprendente. A aprendizagem não é um amontoado sucessivo de coisas que vão se reunindo. Consiste numa cadeia complexa de saltos qualitativos.
Portanto, a sociedade do conhecimento é chamada assim, porque o conhecimento não são simples dados digitalizados; é e será o recurso humano, econômico e sócio-cultural mais determinante na nova fase da história humana.
A sociedade aprendente pretende inculcar que a sociedade inteira deve entrar em estado de aprendizagem e transformar-se numa rede de ecologias cognitivas.
Para Hugo Assmann, no atual estado de pesquisas, "ninguém ainda sabe exatamente o que acontece num sistema complexo como o cérebro humano quando ocorre a aprendizagem."
Quanto ao tempo, este é oscilatório em seu próprio fluxo, sendo o prazer do cérebro/mente um acontecimento que se dá quando o tempo do eu e o tempo do ambiente/universo se encontram.
A dimensão temporal do processo de aprendizagem não se refere apenas ao tempo cronológico/(horários) mas a uma pluralidade de tempos que estão em jogo, conjuntamente, na educação:
horário escolar,
tempo da informação instrucional,
tempo da apropriação personalizada de conehcimentos,
tempo de leitura e estudo,
tempo de autoexpressão construtiva,
tempo do erro comom parte da conjectura e da busca,
tempo da inovação curricular criativa,
tempo de gestos e interações,
tempo do brinquedo e do jogo,
tempo para desenvolver a autoestima,
tempo de dizer sim a vida,
tempo de organizar esperanças.
A interpenetração do tempo cronológico com o tempo vivo é uma tarefa sumamente exigente. Há os tempos compactados das novas tecnologias da informação e da comunicação, que convergem para o minguado tempo da sala de aula.
Na sala de aula ou em outro espaço, como o clínico, o que mais importa são os tempos subjetivos, isto é, a temporalidade histórica dos sujeitos aprendentes. O tempo vivo é a propriedade na construção do conhecimento e no processo de aprendizagem.

sábado, 4 de setembro de 2010

A criança e o ritmo da maturação


...Lembro-me de uma manhã em que eu havia descoberto um casulo na casca de uma árvore, no momento em que a borboleta rompia o invólucro e se preparava para sair. Esperei bastante tempo, mas estava demorando muito e eu estava com pressa.
Irritado, curvei-me e comecei a esquentá-lo com meu hálito. Eu o esquentava, impaciente e o milagre começou a acontecer diante de mim, a um ritmo mais rápido que o natural.
O invólucro se abriu, a borboleta saiu se arrastando e nunca hei de esquecer o horror que senti então: suas asas ainda não estavam abertas e com todo o seu corpinho que tremia, ela se esforçava para desdobrá-las.
Curvando por cima dela, eu a ajudava com o meu hálito, em vão.
Era necessária uma paciente maturação,o desenrolar das asas devia ser feito lentamente ao sol; agora era tarde demais. Meu sopro obrigara a borboleta a se mostrar toda amarrotada antes do tempo. Ela se agitou desesperada e alguns segundos depois, morreu na palma da minha mão.
Aquele pequeno cadáver é, eu acho, o peso maior que tenho na consciência.
Pois, hoje, entendo bem isto: é um pecado mortal forçar as grandes leis. Temos que não nos apressar, não ficarmos impacientes, seguir com confiança e ritmo eterno.

Texto extraído de "ZORBA" de Nikos Kasantzanki

domingo, 22 de agosto de 2010

PARABÉNS PROFESSORA!!!!



Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”. É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS razões que geram este panorama desalentador.
Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas para diagnosticar as falhas da educação. Há necessidade de todos os que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira.
Que alunos são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital? Em que pais de famílias oriundas da pobreza trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos em suas atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras.
Está na hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas. Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola.
Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”. Estímulos de quê? De passar o dia na rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite, (quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda pior envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida.
Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e disciplina.
Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos, há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria. Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais. Para quê o estudo? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens? Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos, de ir aos piqueniques, subir em árvores? E, nas aulas, havia respeito, amor pela pátria.. Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência. Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série. Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E tínhamos motivação para isso.
Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução), levam alunos à biblioteca e a outros locais educativos (benza Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta, até a passeios interessantes, planejados minuciosamente, como ir ao Beto Carrero.
E, mesmo assim, a indisciplina está presente, nada está bom. Além disso, esses mesmos professores “incapazes”, elaboram atividades escolares como provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração;
Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. Professores têm 10 minutos de intervalo, quando têm de escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40 h.semanais. E a saúde? É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas. Plano de saúde? Muito precário.
Há de se pensar, então, que são bem remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar, os que estão se aposentando e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “cair fora”.Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que se esforcem em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”pu**”, “gordos “, “velhos” entre outras coisas. Como isso é motivante e temos ainda que ter forças para motivar. Mas, ainda não é tão grave.
Temos notícias, dia-a-dia, até de agressões a professores por alunos. Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares.

Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite. E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem. Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime! Vão passando série após série, e não sabem escrever nem fazer contas simples. Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são adultos.
Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais importante é porque há disciplina.E é isso que precisamos e não de cronômetros. Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se. Em vez de cronômetros, precisamos de carteiras escolares, livros, materiais,quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e em maior quantidade. Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa realidade! E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões (ô, coisa arcaica!), e ainda assim se ouve falar em cronômetros. Francamente!!
Passou da hora de todos abrirem os olhos e fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo, e finalmente, se os professores até agora não responderam a todas as acusações de serem despreparados e “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO.

Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas.

** Carta de uma professora(desconheço o nome, mas poderia ser eu, você e tantos milhares de professores brasileiros)... em resposta à Revista VEJA.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Temple Grandin - O Mundo necessita de todos os tipos de mentes


http://www.ted.com/talks/lang/por_br/temple_grandin_the_world_needs_all_kinds_of_minds.html



Temple Grandin, diagnosticada com autismo na infância, fala sobre como a sua mente funciona -- compartilhando a sua habilidade de "pensar em imagens", que a ajuda a resolver problemas que cérebros neurotípicos não conseguiriam. Ela traz à tona que o mundo precisa de pessoas com o espectro autista: pensadores visuais, pensadores em padrões, pensadores verbais e todos os tipos de crianças espertas e inteligentes.


Assista ao filme...UMA AULA SOBRE SUPERAÇÃO E UM ALERTA AOS NOSSOS PROFESSORES


Sinopse: Como o título adianta, o longa mostra a vida Temple Grandin, a qual conseguiu superar as dificuldades impostas pelo seu autismo (como pensar em ‘imagens’ e conectá-las) até tornar-se especialista altamente reconhecida no manejo de animais para o abate, além de responsável pelo avanço nos estudos relativos à sua condição. A história acompanha desde o período no qual estava prestes a ir para a universidade (no qual conhece a sua tia Anne e o professor Carlock, duas figuras importantes em sua trajetória) até o reconhecimento nacional de seu trabalho. O roteiro de Christopher Monger e Merritt Johnson (baseado nos livros de Grandin) também chama a atenção ao mostrar a peculiar relação com sua mãe, aqui vivida por Julia Ormond em performance discreta e eficiente.

Temple Grandin superando o AUTISMO

terça-feira, 3 de agosto de 2010

"A INTERNET ESTÁ DEIXANDO VOCÊ BURRO?"

Lendo a revista Galileu(agosto) cuja reportagem de capa"A INTERNET ESTÁ DEIXANDO VOCÊ BURRO?" selecionei um tópico para incitar uma provável discussão. Na clínica psicopedagógica, onde trabalho com crianças e adolescentes, o uso( ou mau uso) da internet está sendo apontada ( via queixas de pais , professores...) como um "dificultador da aprendizagem".
Atualmente... Quem é o aprendente?? Quem é o ensinante?

* Parte da reportagem que fala da multitarefa que caracteriza uma grande parte dos nossos alunos...


"A sobrevivência multitarefa em um contexto diferenciado pode estar criando um outro tipo de inteligência, argumenta Dornelles. Exemplo desse novo tempo é Gustavo Jreige, gerente de criação da empresa de comunicação Polvora!, em São Paulo. Aos 13 anos, ele ficava 15 horas por dia no computador. Hoje, aos 21, passa o tempo todo conectado e acredita que não conseguiria viver sem ser multitarefa. Assim como o músico Igor, ele também sente revezes na memória, mas não se incomoda com isso: “Para que eu preciso lembrar de certas coisas se posso fazer uma pesquisa e encontrar muito mais do que eu supostamente já deveria saber?. Gustavo sintetiza a forma de pensar da geração que está conectada desde a infância. “Já não é o que você sabe que conta, é o que você pode aprender. No mundo de hoje, o mais importante é ter habilidade para processar a informação na velocidade da luz”, diz o executivo Don Tapscott, autor do livro Wikinomics (...) O canadense liderou uma pesquisa de US$ 4 milhões que analisou, em 2008, os hábitos de 11 mil pessoas entre 11 e 30 anos, grupo que ele convencionou chamar de “geração net”.

Tapscott afirma que a web está fazendo com que essa geração seja a mais inteligente de todas, baseado em testes que mostram aumento de quociente de inteligência (QI). No entanto, a média de QI das pessoas cresce em ritmo estável desde antes da Segunda Guerra. Ou seja, não é o efeito da propagação da internet que está causando isso. Essa nova inteligência se mostra de outras formas, como prova Gustavo. Em 2006, então com 17 anos, ele reuniu jovens do Brasil pela internet para entrevistar candidatos à eleição presidencial. Aos 18, escrevia reportagens de tecnologia no jornal O Estado de S. Paulo. “No dia a dia eu lido com mais de dez clientes e projetos diferentes. Não preciso estar 100% focado em alguma coisa para conseguir dar conta dela.”

O prêmio Nobel de Medicina Eric Kandel diz que há, sim, risco de que uma mudança de comportamento em direção à multitarefa possa trazer consequências ruins aos nossos cérebros. Entretanto, ele vê mais motivos para sermos otimistas frente à revolução digital. “É incrível que crianças pobres que não têm acesso a bibliotecas e a livros estejam mais perto disso tudo com a internet. Eu posso conseguir referências imediatas a qualquer artigo de jornal nos últimos 20 anos e a livros em poucos segundos”, diz.

E quanto a não guardar mais tantas informações e deixar o Google se transformar em nossa memória, não se trata de algo perigoso? Kandel filosofa: “Quem disse que a memória é tão maravilhosa se você não tem nenhum uso para ela? Não é a memória em si que é tão bonita. É a recitação dela, a sensualidade, o prazer em revisitá-la”.

A diferença entre a internet e a leitura de um livro tradicional, segundo Nicholas Carr:
O livro impresso e a internet são o que chamo de "ferramentas da mente" mas seria difícil de imaginar duas ferramentas mais diferentes. Como tecnologia, um livro foca nossa atenção, nos isola das várias distrações que enchem nossas vidas diárias. Um computador conectado faz o oposto. É desenhado para dispersar nossa atenção. Ele não protege a gente das distrações do ambiente; se une a elas. Ao passo em que nos movemos do mundo da página para o mundo da tela, nós estamos treinando nosso cérebro para ser rápido, mas superficial.


Agradeço se postarem seus comentários.


Fonte: Revista Galileu

domingo, 18 de julho de 2010

“Filho criado, trabalho redobrado.”




“Filho criado, trabalho redobrado.” Esse conhecido ditado popular ganha sentido quando chega a adolescência. Nessa fase, o filho já não precisa dos cuidados que os pais dedicam à criança, tão dependente. Mas, por outro lado, o que ele ganha de liberdade para viver a própria vida resulta em diversas e sérias preocupações aos pais. Temos a tendência a considerar a adolescência mais problemática para os pais do que para os filhos. É que, como eles já gozam de liberdade para sair, festejar e comemorar sempre que possível com colegas e amigos de mesma idade e estão sempre prontos a isso, parece que a vida deles é uma eterna festa. Mas vamos com calma porque não é bem assim.
Se a vida com os filhos adolescentes, que alguns teimam em considerar um fato aborrecedor, é complexa e delicada, a vida deles também o é. Na verdade, o fenômeno da adolescência, principalmente no mundo contemporâneo, é bem mais complicado de ser vivido pelos próprios jovens do que por seus pais. Vejamos dois motivos importantes.
Em primeiro lugar, deixar de ser criança é se defrontar com inúmeros problemas da vida que, antes, pareciam não existir: eles permaneciam camuflados ou ignorados porque eram da responsabilidade só dos pais. Hoje, esse quadro é mais agudo ainda, já que muitos pais escolheram tutelar integralmente a vida dos filhos por muito mais tempo.
Quando o filho, ainda na infância, enfrenta dissabores na convivência com colegas ou pena para construir relações na escola, quando se afasta das dificuldades que surgem na vida escolar -sua primeira e exclusiva responsabilidade-, quando se envolve em conflitos, comete erros, não dá conta do recado etc., os pais logo se colocam em cena. Dessa forma, poupam o filho de enfrentar seus problemas no presente, é claro, mas também passam a idéia de que eles não existem por muito mais tempo.
É bom lembrar que a escola -no ciclo fundamental- deveria ser a primeira grande batalha da vida que o filho teria de enfrentar sozinho, apenas com seus recursos, como experiência de aprender a se conhecer, a viver em comunidade e a usar seu potencial com disciplina para dar conta de dar os passos com suas próprias pernas.
Em segundo lugar, o contexto sociocultural globalizado atual, com ideais como consumo, felicidade e juventude eterna, por exemplo, compromete de largada o processo de amadurecimento típico da adolescência, que exige certa dose de solidão para a estruturação de tantas vivências e, principalmente, interlocução. E com quem os adolescentes contam para conversar?
Eles precisam, nessa época de passagem para a vida adulta, de pessoas dispostas a assumir o lugar da maturidade e da experiência com olhar crítico sobre as questões existenciais e da vida em sociedade para estabelecer com eles um diálogo interrogador. Várias pesquisas já mostraram que os jovens dão grande valor aos pais e aos professores em suas vidas. Entretanto, parece que estamos muito mais comprometidos com a juventude do que eles mesmos.
Quem leva a sério questões importantes para eles em temas como política, sexualidade, drogas, ética, depressão e suicídio, vida em família, vida escolar, violência, relações amorosas e fidelidade, racismo, trabalho etc.? Quando digo levar a sério me refiro a considerar o que eles dizem e dialogar com propriedade, e não com moralismo ou com excesso de jovialidade. E, desse mal, padecem muitos pais e professores que com eles convivem.
Os adolescentes não conseguem desfrutar da solidão necessária nessa época da vida, mas parece que se encontram sozinhos na aventura de aprender a se tornarem adultos. Bem que merecem nossa companhia, não?”

Rosely Sayão

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Brincadeira TEM limite...Diga NÃO ao BULLYING!


Colocar apelidos, discriminar, perseguir, excluir, agredir, roubar material: atitudes como essas, praticadas por crianças e adolescentes, têm um forte impacto na vida dos seus colegas. Ninguém parece escapar de provocações de mau gosto no corredor ou na sala de aula, mas quando esse comportamento se torna recorrente, pode ser caracterizado como bullying ou, em português, violência ou assédio moral infantil. Nesses casos, a brincadeira não tem a mínima graça.

Uma criança que sofre desse tipo de assédio pode apresentar desde queda no rendimento escolar ao suicídio, em casos extremos.(...)

Sinais como chorar e não querer ir à escola podem ajudar pais a perceberem que o filho está sendo vítima do bullying. Foi o que aconteceu com a filha de Claudinei Antônio dos Santos, funcionário da Prefeitura da Esalq. "Ela reclamava e só ia para escola chorando. Um dia chegou chorando em casa e só depois contou que as coleguinhas falavam que ela era feinha e magricela, puxavam seu cabelo, pegavam o material e jogavam fora."

O funcionário acredita que a menina, que tinha 9 anos na época e estava na 3ª. série, devia estar sofrendo ataques das colegas por muito tempo, mas não comentava nada com ninguém. "Ela é muito quieta, não reage, é passiva", conta. Quando finalmente entenderam seu drama, Claudinei e a esposa foram falar com a coordenadora da classe da filha, que disse não saber que a violência moral estava acontecendo.
Segundo a Abrapia ( Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência ), os autores do bullying procuram pessoas que tenham alguma característica que sirva de foco para suas agressões. Por isso a abordagem de quem se diferencie do grupo por apresentar obesidade, baixa estatura ou deficiência física. Já na opinião de Marieta, a aparência não é o fator determinante: "uma 'gordinha' pode ser bem ajustada e uma 'loirinha', não".

No entanto, ela destaca a importância de ajudar meninos e meninas a encarar a diversidade sem preconceito, e defende que a troca aberta de pontos de vista e o debate de idéias são essenciais para que as "crianças aceitem coisas que de início não eram delas".
O bullying entre adolescentes ganha traços peculiares na opinião da professora Marieta. "Nessa fase a auto-suficiência é maior, o jovem pode encontrar o ponto fraco do outro com mais facilidade", ressalta.
A funcionária Paula (nome fictício) chegou a trocar a filha de 13 anos de escola. Como tinha o costume de dançar músicas de axé no recreio, a garota levou a fama de "exibicionista" e alguns meninos se sentiram livres para avançar o sinal. "Eles ficavam provocando e mexendo com ela. Uma vez um deles tentou 'passar a mão', conta a mãe, que diz que a filha, por sua vez, garantia que dançava por brincadeira.
Para Marieta, esses problemas precisam ser encarados o mais cedo possível, para evitar que o adolescente leve para a vida adulta a carga dos conflitos não resolvidos. "A auto-imagem negativa tem influência futura nos estudos, trabalho e relações amorosas", prevê ela, que reforça a importância do diálogo sincero como melhor remédio contra a propagação do bullying.

Julia Tavares




Sugestão de leitura: Garota fora do jogo de Raquel Simmons

A cultura oculta da agressão nas meninas foi tema de profundo estudo da autora e cientista política norte-americana. Para ela, geralmente os meninos são o centro das atenções quando se fala no bullying, só que as garotas, apesar de não deixarem rastros de violência, apresentam em seu comportamento um tipo de agressividade indireta e dissimulada. Elas preferem usar a manipulação, a exclusão e a fofoca para causar sofrimento às suas vítimas. O problema é que essas atitudes podem passar despercebidas mesmo aos olhos mais atentos de pais e educadores.
Rachel atualmente é treinadora nacional numa fundação que combate a violência nas escolas americanas. Seu livro ficou várias semanas na lista dos mais vendidos do The New York Times.