quinta-feira, 15 de julho de 2010
Brincadeira TEM limite...Diga NÃO ao BULLYING!
Colocar apelidos, discriminar, perseguir, excluir, agredir, roubar material: atitudes como essas, praticadas por crianças e adolescentes, têm um forte impacto na vida dos seus colegas. Ninguém parece escapar de provocações de mau gosto no corredor ou na sala de aula, mas quando esse comportamento se torna recorrente, pode ser caracterizado como bullying ou, em português, violência ou assédio moral infantil. Nesses casos, a brincadeira não tem a mínima graça.
Uma criança que sofre desse tipo de assédio pode apresentar desde queda no rendimento escolar ao suicídio, em casos extremos.(...)
Sinais como chorar e não querer ir à escola podem ajudar pais a perceberem que o filho está sendo vítima do bullying. Foi o que aconteceu com a filha de Claudinei Antônio dos Santos, funcionário da Prefeitura da Esalq. "Ela reclamava e só ia para escola chorando. Um dia chegou chorando em casa e só depois contou que as coleguinhas falavam que ela era feinha e magricela, puxavam seu cabelo, pegavam o material e jogavam fora."
O funcionário acredita que a menina, que tinha 9 anos na época e estava na 3ª. série, devia estar sofrendo ataques das colegas por muito tempo, mas não comentava nada com ninguém. "Ela é muito quieta, não reage, é passiva", conta. Quando finalmente entenderam seu drama, Claudinei e a esposa foram falar com a coordenadora da classe da filha, que disse não saber que a violência moral estava acontecendo.
Segundo a Abrapia ( Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência ), os autores do bullying procuram pessoas que tenham alguma característica que sirva de foco para suas agressões. Por isso a abordagem de quem se diferencie do grupo por apresentar obesidade, baixa estatura ou deficiência física. Já na opinião de Marieta, a aparência não é o fator determinante: "uma 'gordinha' pode ser bem ajustada e uma 'loirinha', não".
No entanto, ela destaca a importância de ajudar meninos e meninas a encarar a diversidade sem preconceito, e defende que a troca aberta de pontos de vista e o debate de idéias são essenciais para que as "crianças aceitem coisas que de início não eram delas".
O bullying entre adolescentes ganha traços peculiares na opinião da professora Marieta. "Nessa fase a auto-suficiência é maior, o jovem pode encontrar o ponto fraco do outro com mais facilidade", ressalta.
A funcionária Paula (nome fictício) chegou a trocar a filha de 13 anos de escola. Como tinha o costume de dançar músicas de axé no recreio, a garota levou a fama de "exibicionista" e alguns meninos se sentiram livres para avançar o sinal. "Eles ficavam provocando e mexendo com ela. Uma vez um deles tentou 'passar a mão', conta a mãe, que diz que a filha, por sua vez, garantia que dançava por brincadeira.
Para Marieta, esses problemas precisam ser encarados o mais cedo possível, para evitar que o adolescente leve para a vida adulta a carga dos conflitos não resolvidos. "A auto-imagem negativa tem influência futura nos estudos, trabalho e relações amorosas", prevê ela, que reforça a importância do diálogo sincero como melhor remédio contra a propagação do bullying.
Julia Tavares
Sugestão de leitura: Garota fora do jogo de Raquel Simmons
A cultura oculta da agressão nas meninas foi tema de profundo estudo da autora e cientista política norte-americana. Para ela, geralmente os meninos são o centro das atenções quando se fala no bullying, só que as garotas, apesar de não deixarem rastros de violência, apresentam em seu comportamento um tipo de agressividade indireta e dissimulada. Elas preferem usar a manipulação, a exclusão e a fofoca para causar sofrimento às suas vítimas. O problema é que essas atitudes podem passar despercebidas mesmo aos olhos mais atentos de pais e educadores.
Rachel atualmente é treinadora nacional numa fundação que combate a violência nas escolas americanas. Seu livro ficou várias semanas na lista dos mais vendidos do The New York Times.
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