quarta-feira, 21 de abril de 2010

Posso errar?


Há pouco tempo fui obrigada a lavar meus cabelos com o xampu “errado”. Foi num hotel, onde cheguei pouco antes de fazer uma palestra e, depois de ver que tinha deixado meu xampu em casa, descobri que não havia farmácia nem shopping num raio de 10 quilômetros. A única opção era usar o dois-em-um (xampu com efeito condicionador) do kit do hotel. Opção? Maneira de dizer. Meus cabelos, superoleosos, grudam só de ouvir a palavra “condicionador”. Mas fui em frente. Apliquei o produto cautelosamente, enxaguei, fiz a escova de praxe e.... surpresa! Os cabelos ficaram soltos e brilhantes — tudo aquilo que meus nove vidros de xampu “certo” que deixei em casa costumam prometer para nem sempre cumprir. Foi aí que me dei conta do quanto a gente se esforça para fazer a coisa certa, comprar o produto certo, usar a roupa certa, dizer a coisa certa — e a pergunta que não quer calar é: certa pra quem? Ou: certa por quê?

O homem certo, porexemplo: existe ficção maior do que essa? Minha amiga se casou com um exemplar da espécie depois de namorá-lo sete anos. Levou um mês para descobrir que estava com o marido errado. Ele foi “certo” até colocar a aliança. O que faz surgir outra pergunta: certo até quando? Porque o certo de hoje pode se transformar no equívoco monumental de amanhã. Ou o contrário: existem homens que chegam com aquele jeito de “nada a ver”, vão ficando e, quando você se assusta, está casada — e feliz — com um deles.

E as roupas? Quantos sábados você já passou num shopping procurando o vestido certo e os sapatos certos para aquele casamento chiquérrimo e, na hora de sair para a festa, você se olha no espelho e tem a sensação de que está tudo errado? As vendedoras juraram que era a escolha perfeita, mas talvez você se sentisse melhor com uma dose menor de perfeição. Eu mesma já fui para várias festas me sentindo fantasiada. Estava com a roupa “certa”, mas o que eu queria mesmo era ter ficado mais parecida comigo mesma, nem que fosse para “errar”.

Outro dia fui dar uma bronca numa amiga que insiste em fumar, apesar dos problemas de saúde, e ela me respondeu: “Eu sei que está errado, mas a gente tem que fazer alguma coisa errada na vida, senão fica tudo muito sem graça. O que eu queria mesmo era trair meu marido, mas isso eu não tenho coragem. Então eu fumo”. Sem entrar no mérito da questão — da traição ou do cigarro — concordo que viver é, eventualmente, poder escorregar ou sair do tom. O mundo está cheio de regras, que vão desde nosso guarda-roupa, passando por cosméticos e dietas, até o que vamos dizer na entrevista de emprego, o vinho que devemos pedir no restaurante, o desempenho sexual que nos torna parceiros interessantes, o restaurante que está na moda, o celular que dá status, a idade que devemos aparentar. Obedecer, ou acertar, sempre é fazer um pacto com o óbvio, renunciar ao inesperado.

O filósofo Mario Sergio Cortella conta que muitas pessoas se surpreendem quando constatam que ele não sabe dirigir e tem sempre alguém que pergunta: “Como assim?! Você não dirige?!”. Com toda a calma, ele responde: “Não, eu não dirijo.. Também não boto ovo, não fabrico rádios — tem um punhado de coisas que eu não faço”. Não temos que fazer tudo que esperam que a gente faça nem acertar sempre no que fazemos. Como diz Sofia, agente de viagens que adora questionar regras: “Não sou obrigada a gostar de comida japonesa, nem a ter manequim 38 e, muito menos, a achar normal uma vida sem carboidratos”. O certo ou o “certo” pode até ser bom. Mas às vezes merecemos aposentar régua e compasso.

(Leila Ferreira é jornalista, apresentadora de TV e autora do livro Mulheres – Por que será que elas...)

domingo, 11 de abril de 2010

Principais Fatores Relacionados à Linguagem que Podem Dificultar a Aprendizagem



Quando falamos de aprendizagem estamos nos referindo a um processo global de crescimento, pois toda aprendizagem desencadeia, em algum sentido, crescimento individual ou grupal.
A aprendizagem infantil, no que tange ao processo escolar em geral, está intimamente relacionada ao desenvolvimento da criança, às figuras representativas desta aprendizagem (escola, professores), ambiente de aprendizagem formal, condições orgânicas, condições emocionais e estrutura familiar.
Qualquer intercorrência em um ou mais destes fatores, pode influenciar direta ou indiretamente o processo de aquisição da aprendizagem.


LINGUAGEM


Podemos definir linguagem como um instrumento que, através de diversas formas, o ser humano utiliza para se comunicar.
A comunicação ocorre através de gestos, expressões faciais, fala e escrita formal obedecendo as regras da comunidade lingüística na qual está inserida.
Diversas são as alterações que podem ser diagnosticadas durante o processo de aprendizagem e conseqüentemente, o processo educacional em geral, como desempenho e qualidade globais.

FATORES:

- Atraso de Linguagem - Atraso Global de Desenvolvimento - Déficits cognitivos / Síndromes Neurológicas - Déficits Perceptivos - Emocionais - Síndrome do Déficit de Atenção com Hiperatividade - DDAH


ATRASO DE LINGUAGEM


Traduz-se pela ausência da mesma na idade em que, normalmente, ela se manifesta.
Caracteriza-se pela permanência de certos padrões lingüísticos além da fase da idade cronológica.
No atraso simples ou moderado observa-se a redução de padrões fonológicos.
No atraso grave de linguagem a criança apresenta todos os padrões fonológicos reduzidos e também os padrões morfossintáticos estão muito reduzidos com, praticamente, ausência dos elementos de ligação e estruturas frasais primitivas.
Sendo o atraso propriamente dito, apresenta transtornos nas demais áreas de linguagem podendo estar implicados os mecanismos de memória imediata.
Dificuldades oro-motoras acompanham o atraso de linguagem necessitando de um maior enriquecimento ou ajustamento das sensações proprioceptivas, facilitando a fixação dos padrões fonológicos corretos.


ATRASO GLOBAL DE DESENVOLVIMENTO


Caracterizado pelo atraso psicomotor, da linguagem oral e da comunicação em geral, estando a criança defasada em diversas áreas do desenvolvimento com ou sem problemas motores.
Aspectos cognitivos e perceptivos também podem acompanhar o Atraso Global de Desenvolvimento.
Os padrões espertados para cada faixa etária depende, além da estimulação ambiental com qualidade, da maturação neurológica.
No quadro de atraso da linguagem devemos ressaltar a disfasia onde existem, quase sempre, problemas de compreensão e sua evolução terapêutica é muito lenta.


DÉFICITS COGNITIVOS


Podem ser causados por lesões neurológicas ou por alterações perceptivas graves e não valorizadas precocemente que levem ao desenvolvimento aquém das possibilidades da criança.
No caso das síndromes neurológicas podemos citar, por exemplo, aberrações cromossômicas: Síndrome do 21, Síndrome de Turner, Síndrome Kleinefelter.
Erros inatos ao metabolismo e transtornos endócrinos, também são responsáveis por desenvolvimento de déficits cognitivos.
Também consideramos, como causa dos mesmos, transtornos endócrinos, patologias pré-natais (rubéola, sífilis, uso de medicamentos); peri-natais (prematuridade e imaturidade, sofrimento neo-natal); pós-natais (encefalites, meningites, etc.)


DÉFICITS PERCEPTIVOS


As capacidades de percepção visual e auditiva, permitem captação dos estímulos ambientais e sua decodificação.
A linguagem vai se estruturando à medida em que esses fatores (visão e audição) se desenvolvem, juntamente com a maturação neurológica e as habilidades psicomotoras.
Necessárias para um adequado desempenho da escrita e da leitura a visão e suas áreas perceptivas (coordenação viso-motora, posição no espaço, relação espacial, constância de percepção e figura-fundo), bem como a audição e suas habilidades (atenção, localização e discriminação) formam e estruturam a base desta formalização da escrita e da leitura e interpretação da mesma.


FATORES EMOCIONAIS


Permeando toda e qualquer relação que o indivíduo faça ou venha a fazer consigo mesmo ou com o mundo exterior, o fator emocional e sua estrutura não devem ser desprezados.
Levando-se em conta a estrutura familiar, social e as relações estabelecidas entre si e o meio e a forma com que estas relações são feitas, influenciam, sem dúvida, o desenvolvimento do processo de aprendizagem.
A maneira de encarar novas informações, a relação com este "novo" e a disponibilidade da criança para permitir-se a aprender, estão intrinsecamente ligadas com suas condições psicológicas.


SÍNDROME DDAH


A Síndrome do Déficit de Atenção com Hiperatividade – DDAH, faz com que a criança apresente características como:
- Dificuldade de concentração
- Impulsividade
- Dificuldade de manutenção de atenção mesmo durante as brincadeiras
- Parece não escutar quando é chamado
- Não termina as atividades
- Perde com facilidade os objetos
- Facilidade para distrair-se com estímulos externos
- Movimento freqüente de mãos ou pés
- Dificuldade de permanecer sentado
- Dificuldade em se engajar em jogos ou atividades de leitura onde necessita permanecer sentado

Para se obter um diagnóstico seguro desta Síndrome é necessário que a criança seja avaliada por uma equipe multidisciplinar que inclui neuropsicologia, fonoaudiologia, psicologia, neurologia e que estejam presentes ao menos em seis das características acima citadas.
Certamente esta Síndrome influenciará na qualidade do desenvolvimento da aprendizagem escolar e muitas vezes defasagem em alguma área relacionada com a linguagem.


Tereza Cristina dos Santos Lopes



terça-feira, 6 de abril de 2010

A INCLUSÃO ESCOLAR


O que é inclusão?

É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo.

Costumo dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com o outro.

Que benefícios a inclusão traz a alunos e professores?

A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O grande ganho, para todos, é viver a experiência da diferença. Se os estudantes não passam por isso na infância, mais tarde terão muita dificuldade de vencer os preconceitos.

A inclusão possibilita aos que são discriminados pela deficiência, pela classe social ou pela cor que, por direito, ocupem o seu espaço na sociedade. Se isso não ocorrer, essas pessoas serão sempre dependentes e terão uma vida cidadã pela metade.

Você não pode ter um lugar no mundo sem considerar o do outro, valorizando o que ele é e o que ele pode ser. Além disso, para nós, professores, o maior ganho está em garantir a todos o direito à educação.

O que faz uma escola ser inclusiva?

Em primeiro lugar, um bom projeto pedagógico, que começa pela reflexão. Diferentemente do que muitos possam pensar, inclusão é mais do que ter rampas e banheiros adaptados.

A equipe da escola inclusiva deve discutir o motivo de tanta repetência e indisciplina, de os professores não darem conta do recado e de os pais não participarem.

Um bom projeto valoriza a cultura, a história e as experiências anteriores da turma.

As práticas pedagógicas também precisam ser revistas. Como as atividades são selecionadas e planejadas para que todos aprendam?

Atualmente, muitas escolas diversificam o programa, mas esperam que no fim das contas todos tenham os mesmos resultados. Os alunos precisam de liberdade para aprender do seu modo, de acordo com as suas condições. E isso vale para os estudantes com deficiência ou não.

Como está a inclusão no Brasil hoje?

Estamos caminhando devagar. O maior problema é que as redes de ensino e as escolas não cumprem a lei. A nossa Constituição garante desde 1988 o acesso de todos ao Ensino Fundamental, sendo que alunos com necessidades especiais devem receber atendimento especializado preferencialmente na escola , que não substitui o ensino regular.

Há outra questão, um movimento de resistência que tenta impedir a inclusão de caminhar: a força corporativa de instituições especializadas, principalmente em deficiência mental.

Muita gente continua acreditando que o melhor é excluir, manter as crianças em escolas especiais, que dão ensino adaptado. Mas já avançamos. Hoje todo mundo sabe que elas têm o direito de ir para a escola regular.

Estamos num processo de conscientização. A escola precisa se adaptar para a inclusão?

Além de fazer adaptações físicas, a escola precisa oferecer atendimento educacional especializado paralelamente às aulas regulares, de preferência no mesmo local. Assim, uma criança cega, por exemplo, assiste às aulas com os colegas que enxergam e, no contraturno, treina mobilidade, locomoção, uso da linguagem braile e de instrumentos como o soroban, para fazer contas. Tudo isso ajuda na sua integração dentro e fora da escola.

Como garantir atendimento especializado se a escola não oferece condições?

A escola pública que não recebe apoio pedagógico ou verba tem como opção fazer parcerias com entidades de educação especial, disponíveis na maioria das redes.

Enquanto isso, a direção tem que continuar exigindo dos dirigentes o apoio previsto em lei. Na particular, o serviço especializado também pode vir por meio de parcerias e deve ser oferecido sem ônus para os pais. Estudantes com deficiência mental severa podem estudar em uma classe regular?

Sem dúvida. A inclusão não admite qualquer tipo de discriminação, e os mais excluídos sempre são os que têm deficiências graves.

No Canadá, vi um garoto que ia de maca para a escola e, apesar do raciocínio comprometido, era respeitado pelos colegas, integrado à turma e participativo.

Há casos, no entanto, em que a criança não consegue interagir porque está em surto e precisa ser tratada. Para que o professor saiba o momento adequado de encaminhá-la a um tratamento, é importante manter vínculos com os atendimentos clínico e especializado.

A avaliação de alunos com deficiência mental deve ser diferenciada?

Não. Uma boa avaliação é aquela planejada para todos, em que o aluno aprende a analisar a sua produção de forma crítica e autônoma. Ele deve dizer o que aprendeu, o que acha interessante estudar e como o conhecimento adquirido modifica a sua vida.

Avaliar estudantes emancipados é, por exemplo, pedir para que eles próprios inventem uma prova. Assim, mostram o quanto assimilaram um conteúdo. Aplicar testes com consulta também é muito mais produtivo do que cobrar decoreba. A função da avaliação não é medir se a criança chegou a um determinado ponto, mas se ela cresceu. Esse mérito vem do esforço pessoal para vencer as suas limitações, e não da comparação com os demais.

Um professor sem capacitação pode ensinar alunos com deficiência?

Sim. O papel do professor é ser regente de classe, e não especialista em deficiência. Essa responsabilidade é da equipe de atendimento especializado. Não pode haver confusão. Uma criança surda, por exemplo, aprende com o especialista libras (língua brasileira de sinais) e leitura labial.

Para ser alfabetizada em língua portuguesa para surdos, conhecida como L2, a criança é atendida por um professor de língua portuguesa capacitado para isso. A função do regente é trabalhar os conteúdos, mas as parcerias entre os profissionais são muito produtivas. Se na turma há uma criança surda e o professor regente vai dar uma aula sobre o Egito, o especialista mostra à criança com antecedência fotos, gravuras e vídeos sobre o assunto. O professor de L2 dá o significado de novos vocábulos, como pirâmide e faraó. Na hora da aula, o material de apoio visual, textos e leitura labial facilitam a compreensão do conteúdo.

Como ensinar cegos e surdos sem dominar o braile e a língua de sinais?

É até positivo que o professor de uma criança surda não saiba libras, porque ela tem que entender a língua portuguesa escrita. Ter noções de libras facilita a comunicação, mas não é essencial para a aula.

No caso de ter um cego na turma, o professor não precisa dominar o braile, porque quem escreve é o aluno. Ele pode até aprender, se achar que precisa para corrigir textos, mas há a opção de pedir ajuda ao especialista. Só não acho necessário ensinar libras e braile na formação inicial do docente.

O professor pode se recusar a lecionar para turmas inclusivas?

Não, mesmo que a escola não ofereça estrutura. As redes de ensino não estão dando às escolas e aos professores o que é necessário para um bom trabalho. Muitos evitam reclamar por medo de perder o emprego ou de sofrer perseguição. Mas eles têm que recorrer à ajuda que está disponível, o sindicato, por exemplo, onde legalmente expõem como estão sendo prejudicados profissionalmente.

Os pais e os líderes comunitários também podem promover um diálogo com as redes, fazendo pressão para o cumprimento da lei. Há fiscalização para garantir que as escolas sejam inclusivas?

O Ministério Público fiscaliza, geralmente com base em denúncias, para garantir o cumprimento da lei. O Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Especial, atualmente não tem como preocupação punir, mas levar as escolas a entender o seu papel e a lei e a agir para colocar tudo isso em prática.


Maria Tereza Montoan

terça-feira, 23 de março de 2010

UM EXPERIMENTO (para refletir)



Um professor de economia da Universidade Texas Tech disse que nunca repetiu um só aluno antes.
Teve apenas uma vez que repetiu uma classe inteira. Veja seu relato:
Esta classe - em particular - tinha insistido na tese de que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e 'justo. '

O professor então disse, "Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas em testes."
Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e, portanto seriam 'justas. ' Isso quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, o que significou que ninguém repetiria. Isso também quis dizer, claro, que ninguém receberia um A...
Depois que a média das primeiras provas foram tiradas, todos receberam Bs. Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.
Quando o segundo teste foi aplicado, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Portanto, agindo contra suas tendências, eles copiaram os hábitos dos preguiçosos. Como um resultado, a segunda média dos testes foi D.
Ninguém gostou.
Depois do terceiro teste, a média geral foi um F.
As notas não voltaram a patamares mais altos. O que cresceu foram as desavenças entre os alunos, buscas por culpados. Palavrões e impropérios passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe. A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. Desconfianças e traições entre os alunos se tornaram constantes. No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala. Portanto, todos os alunos repetiram... Para sua total surpresa e falência.
O professor explicou que o experimento socialista tinha falhado porque ele foi baseado no menor esforço possível da parte de seus participantes. Afinal, quem já não se esforça em benefício próprio, porque se esforçará em benefício de outros? Resultado: Preguiça e mágoas.
E o professor sentenciou: "Sempre haverá fracasso na situação a partir da qual o experimento tinha começado.
Quando a recompensa é grande", ele disse, "o esforço pelo sucesso é (ou pode ser) grande, pelo menos para alguns de nós. Mas quando o governo elimina todas as recompensas, ao tirar coisas dos outros sem seu consentimento para dar àqueles que não batalharam por elas, então o fracasso é inevitável."

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sexta-feira, 19 de março de 2010


BRINCADEIRAS DE PÁSCOA

Além de comprar os ovos que mais chamam a atenção dos filhos, os pais se preocupam em cultivar o encantamento da criança com o espírito da época. Por isso, se sacrificam acordando cedo para esconder os ovinhos, fazem “pegadas” de coelho que acabam sujando a casa toda, tudo para ver o sorriso estampado em seus rostos.
A tradicional caça ao ovo é a brincadeira mais comum. As crianças seguem as patinhas do coelhinho, geralmente feitas com farinha, até o local onde estão os ovos que o coelho da Páscoa trouxe. Outra opção é espalhar pela casa ovos pequenos de chocolate e cenouras para indicar o caminho. Mas, existem outras brincadeiras que os pais podem fazer.

Brincadeiras individuais
Jogo da memória: cortar cartões com desenhos de ovos e coelhos diferentes e brincar de jogo de memória com as crianças.
Fantasia: vestir as crianças com fantasia de coelhinho. Um detalhe divertido é fazer uma pintura com tinta vermelha específica para pele (de preferência anti-alérgica) para o nariz, lápis preto de maquiagem para os bigodes (três fios de cada lado saindo da boca até o meio do rosto), dente de coelho de plástico e batom vermelho na boca. Orelhas de cartolina ou papel ondulado nas cores branco e rosa, com uma tira fixá-las ao redor da cabeça, completam a fantasia.
Armadilha para o coelhinho: Na noite do Sábado de Aleluia, a criança pode fazer uma "armadilha" para o coelhinho deixando algumas cenouras ao lado de um pote com farinha de trigo. No dia seguinte, ela encontrará as pegadas de farinha do coelho e buscará o esconderijo dos ovos. Para fazer as pegadas é só juntar os dedos da mão, encostar na farinha de trigo e depois no chão, formando as marcas. É bom não esquecer de deixar algumas cenouras mordidas para caracterizar a visita de um coelho faminto durante a noite e mostrar que ele caiu na armadilha preparada.
Ovo de bexiga: A criança pode encher uma bexiga e embrulhá-la em papel celofane para dar a impressão de um ovão de Páscoa e usar para decorar a casa, colocar no ninho do coelhinho ou até mesmo pregar uma peça em alguém.

Brincadeiras em turma
Pintura: as crianças podem expressar sua própria idéia de como é um coelhinho da Páscoa decorando um desenho do animal.
Brincadeira do quantos ovos? A criança pode imaginar quantos ovos pequenos de chocolate tem uma cesta. Quem acertar ganha todos os ovos.
Ache seu ovo correspondente: Desenhos de ovos e coelhos, cortados pela metade podem ser distribuídos entre as crianças para que encontrem sua metade. Quem encontrar pode partir para uma nova brincadeira.
Corrida com o ovo: as crianças têm que equilibrar ovos em cima de colheres, e correr sem deixar o ovo cair até a chegada para ganhar um prêmio.

Decoração de ovos: As crianças podem pintar ovos de galinha cozidos.
Aula de culinária: A criança poderá ajudar a fazer bombons em formato de coelhinhos, cenouras, e até um bolo de cenoura com cobertura de chocolate.

segunda-feira, 8 de março de 2010

DISPEDAGOGIA



As dispedagogias podem acontecer por vários fatores, interferindo significativamente no processo de aprendizagem de nossas crianças:
1-Descompromisso do professor com o ensino-aprendizagem
2-Falhas metodológicas
3-Sobrecarga de tarefas escolares, que estão além da capacidade real da criança
4-Inadequação da idade/maturidade da criança frente a serie que cursa.
A questão metodológica é seríssima: e no jogo de empurra/empurra, de quem é a responsabilidade (do professor que não sabe utilizar adequadamente as estratégias ou da maneira como a criança é promovida, sem conteúdo necessário, por descaso do responsável pela serie anterior, e assim, numa cadeia sem fim, passa de serie em serie sem nada aprender, rotulando-a de "problemática"?).
Muitos têm relatado como conseguem ensinar apesar da metodologia, da sala de aula sem recurso, ou das crianças com dificuldade que recebem em suas turmas. Isso é ser educador! É o amor á Educação!
Muitas crianças são rotuladas pelos professores como portadoras de déficit de atenção, hiperativas, disléxicas. Rotulam sem terem conhecimento.
A criança pode apresentar alguns comportamentos por conta da Dispedagogia:
1- Está imatura para a série em que se encontra: muitas crianças se alfabetizam antes da idade correta. Muitas mães achando que seus filhos são "superdotados ou inteligentíssimos" forçam a barra na escola, solicitando uma "promoção" para seus "geniosos filhotes". Muitas vezes se esquecem que cognitivamente podem estar hiper estimulados ou á frente da turma, mas que emocionalmente, ou perceptivamente ainda não estão prontos para tamanha promoção.
2- Ás vezes, na competitividade entre quem alfabetiza primeiro, as escolas "jogam" seu conteúdo, ensinam ás pressas, ou ainda pior, iniciam esse processo ainda na educação infantil, esquecendo-se que há tantas etapas a serem cumpridas, nesse brincar maravilhoso da educação infantil, e o ler e escrever se torna uma "neurose" entre as classes da Ed. Infantil, gerando ansiedade, medo e problemas nas crianças.
3- Outras vezes, nos defrontamos com escolas onde não há conhecimento dos processos fundamentais que antecedem o "ler e escrever" e a copia e a identificação das letras, assim como os conceitos matemáticos são jogados e a criança inicia o processo maravilhoso do mundo lido e escrito cheia de medos , ansiedades e "peso", escutando sempre: você está devagar... !O que acontece que você não consegue? Teus amiguinhos já estão conseguindo...
O que fazer quando estamos de frente com essas dificuldades não da criança, mas sim de fatores externos?
1- Reavaliar e ver qual a área em defasagem
2-Dificuldades na leitura e escrita: checar a consciência fonológica e trabalhá-la, esquecer o caderno e estimulá-la através de dinâmicas em grupos, com recorte, colagem e expondo essas produções que valorizam o potencial de cada criança.
3-Falhas perceptivas? Na duvida, trabalhe com a turma toda, pois quem não apresentar problemas, se beneficiará e isso poderá ser feito ludicamente, trabalhando-se fora de sala, envolvendo a psicomotricidade nessa brincadeira deliciosa que dará noções fundamentais á criança.
4-Dificuldades na grafia e reconhecimento das letras? Trabalhar uma a uma, fazer gincanas com cada letra, auto ditado, jogar bola nas letras em questão, numa brincadeira com a turma que estimula varias áreas (psicomotricidade/percepção/ relações espaciais e temporais),etc.
Temos que sempre ter consciência do que a criança precisa, identificar as falhas ou lacunas que precisam ser reorganizadas e passo a passo, ir trabalhando, sem pressa. Só assim conseguiremos ensinar a ler e a escrever essas crianças, que esbarram em falhas que não são oriundas delas, mas sim da escola, da metodologia utilizada.

Na minha prática, sempre avalio primeiro o que a criança tem, o que percebe para depois chegar às falhas perceptivas que possam existir. Valorizar a criança, mostrar a ela que a dificuldade não é dela, mas sim da maneira com está a aprender, é fundamental para que se sinta segura e assim, confiante, reiniciará essa caminhada, sedenta de novos saberes.
Portanto, muitas das dificuldades na aprendizagem não são por conta da criança, mas sim de causas externas a elas.
Professores despreparados, estressados, desanimados e frustrados com o que fazem o que poderão ensinar?
Metodologias capengas, sem base ou jurássicas, serão prazerosas?
Escola sem preparo, sem material, sem aconchego e ambiente acolhedor é bom para aprender?
Vamos refletir sobre isso antes de rotular nossos alunos.

Fonte: Juliane Feldmann

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Falar: Quando e como?



A fala está diretamente ligada ao entendimento de conversas. Ouvindo ao que outras pessoas falam a criança vai aprendendo nomes de objetos, como pronunciar e aos poucos vai aprendendo à colocar palavras juntas, montando frases.
No comecinho, os bebês aprendem à produzir sons, depois eles aprendem à dar sentido aos sons, como mama e papa lá pelos 9 ou 10 meses de vida. E com um ano de vida, ele está realmente tentando imitar aos sons ao seu redor - você provavelmente já o viu conversando em algum canto alguma coisa que ele consegue entender. Agora vem um período de crescimento extraordinário, você vai começar à presenciar como o seu toddler começa à falar umas poucas palavras e aí começa a fazer perguntas e a te dar instruções e contar pequenas estórias que ele mesmo inventou.
12 - 18 meses
Por volta de seu primeiro aniversário, a criança está sabendo falar entre uma ou cinco palavras e sabe exatamente o que elas significam. Por volta de 14 meses de vida, esse vocabulário pode crescer até 7 palavras e algumas crianças podem falar até 20 "palavras"(a pronúncia é deficiente) nessa idade. Muitas vezes aó elas mesmas entendem e alguém que está mais tempo com elas. A criança pode até mudar a tonalidade de sua voz quando é uma pergunta o que ela está tentando dizer.
Essa idade é fantástica! A criança está descobrindo a importância das palavras para sua comunicação e receber respostas às suas necessidades. Até que ela aprenda mais palavras ela vai estar combinando sons com gestos na tentativa de mostrar o que ela quer. Na verdade, a grande maioria dos gestos agora são bem claros e não é difícil de entender o que a criança está querendo dizer ou onde ela está querendo ir.
Você poderá notar que ela cobre o rosto quando está com vergonha ou bate na mesa quando está nervosa. Não se preocupe se ela se irritar se você não estiver entendendo à mensagem. Esse é um sinal de que ela está tentando fortemente passar uma mensagem adiante e se importa que você entenda a mensagem.
Por volta dos 16 meses de vida, a criança vai estar produzindo mais sons com consoantes. No começo podem ainda não ser palavras mas você vai poder notá-lo treinando aos poucos.
19 - 24 meses
Com dois anos de idade, a criança poderá estar entendendo até 200 palavras e falando por volta de 50 dessas palavras regularmente. Muitas dessas palavras serão nomes de objetos que ela usa ou brinca no dia-a-dia, como bola, carro e outras. Entre 18 e 20 meses, se alguém estiver ajudando e focalizando a criança para aprender a falar, ela poderá aprender uma nova palavra a cada 90 minutos. Durante essa fase ela poderá estar aprendendo à colocar duas palavras juntas montando pequenas frases.
À partir do segundo aniversário, a criança já poderá fazer frases usando três palavras e poderá também cantar. A sua auto estima está começando a amadurecer e a criança começa a expressar com a linguagem o que ela gosta ou não, o que ela quer ou não quer, o que ela pensa e sente. Nessa época ela vai usar bastante "eu" ou "mim" para falar de si mesma ou começará a usar o seu próprio nome. Muitas vezes elas podem se confundir com pronomes e vai procurar não usá-los.
25 - 30 meses

Agora a criança está com um vocabulário extenso. O volume da voz pode ainda estar meio fora de sintonia. Ela pode estar gritando sem ter a intensão. Ou falar muito baixo ao responder uma pergunta também tendo a intensão de falar normalmente. Com o tempo ela vai pegando o tom e entendendo porque alguém grita ou sussurra.
Ela também estará começando a entender melhor pronomes como Eu, Mim e Você.
Entre 2 e 3 anos, o seu vocabulário poderá ser de 300 palavras (mas ela poderá entender até 900 palavras). Suas frases agora poderão conter pronomes e verbos. Ele também começará a contar eventos que aconteceram no passado. Os verbos nem sempre estarão corretamente pronunciados mas ele está tentando.
31 - 36 meses

No seu terceiro ano de vida, a criança já será um conversador mais sofisticado. Ela será capaz de manter uma convesação e estará ajustando bem o seu tom de voz e seu vocabulário estará mais organizado.
Agora, outros adultos, incluindo estranhos, poderão entender claramente o que seu filho está falando.


Fonte: Familynet

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Dislexia


Definida como um disturbio ou transtorno de aprendizagem na area da leitura, escrita e soletracao, a dislexia e o disturbio de maior incidencia nas salas de aula. Pesquisas realizadas em varios paises mostram que entre 05% e 17% da populacao mundial e dislexica.

Ao contrario do que muitos pensam, a dislexia nao e o resultado de ma alfabetizacao, desatencao, desmotivacao, condicao socio-economica ou baixa inteligencia. Ela e uma condicao hereditaria com alteracoes geneticas, apresentando ainda alteracoes no padrao neurologico.

Por esses multiplos fatores e que a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar. Esse tipo de avaliacao da condicoes de um acompanhamento mais efetivo das dificuldades apos o diagnostico, direcionando-o as particularidades de cada individuo, levando a resultados mais concretos.


Sinais de Alerta
Como a dislexia e genetica e hereditaria, se a crianca possuir pais ou outros parentes dislexicos quanto mais cedo for realizado o diagnostico melhor para os pais, a escola e a propria crianca. A crianca podera passar pelo processo de avaliacao realizada por uma equipe multidisciplinar especializada (vide adiante), mas se nao houver passado pelo processo de alfabetizacao o diagnostico sera apenas de uma "crianca de risco".

Havera sempre:
*dificuldades com a linguagem e escrita ;
*dificuldades em escrever;
*dificuldades com a ortografia;
*lentidao na aprendizagem da leitura;

Havera muitas vezes :
*disgrafia (letra feia);
*discalculia, dificuldade com a matematica, sobretudo na assimilacao de simbolos e de decorar tabuada;
*dificuldades com a memoria de curto prazo e com a organizacao;
*dificuldades em seguir indicacoes de caminhos e em executar sequencias de tarefas complexas;
*dificuldades para compreender textos escritos;
*dificuldades em aprender uma segunda lingua.

Havera as vezes:

*dificuldades com a linguagem falada;
*dificuldade com a percepcao espacial;
*confusao entre direita e esquerda.

Pre -Escola
Fique alerta se a crianca apresentar alguns desses sintomas:
*Dispersao;
*Fraco desenvolvimento da atencao;
*Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem;
*Dificuldade em aprender rimas e cancoes;
*Fraco desenvolvimento da coordenacao motora;
*Dificuldade com quebra cabeca;
*Falta de interesse por livros impressos;

O fato de apresentar alguns desses sintomas nao indica necessariamente que ela seja dislexica; ha outros fatores a serem observados. Porem, com certeza, estaremos diante de um quadro que pede uma maior atencao e/ou estimulacao.

Idade Escolar
Nesta fase, se a crianca continua apresentando alguns ou varios dos sintomas a seguir, e necessario um diagnostico e acompanhamento adequado, para que possa prosseguir seus estudos junto com os demais colegas e tenha menos prejuizo emocional:· Dificuldade na aquisicao e automacao da leitura e escrita;
*Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteracao (sons iguais no inicio das palavras);
*Desatencao e dispersao;
*Dificuldade em copiar de livros e da lousa;
*Dificuldade na coordenacao motora fina (desenhos, pintura) e/ou grossa (ginastica,danca,etc.);
*Desorganizacao geral, podemos citar os constantes atrasos na entrega de trabalhos escolares e perda de materiais escolares;
*Confusao entre esquerda e direita;
*Dificuldade em manusear mapas, dicionarios, listas telefonicas, etc...
*Vocabulario pobre, com sentencas curtas e imaturas ou sentencas longas e vagas;
*Dificuldade na memoria de curto prazo, como instrucoes, recados, etc...
*Dificuldades em decorar sequencias, como meses do ano, alfabeto, tabuada, etc..
*Dificuldade na matematica e desenho geometrico;
*Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomias)
*Troca de letras na escrita;
*Dificuldade na aprendizagem de uma segunda lingua;
*Problemas de conduta como: depressao, timidez excessiva ou o ‘’palhaco’’ da turma;
*Bom desempenho em provas orais.

Se nessa fase a crianca nao for acompanhada adequadamente, os sintomas persistirao e irao permear a fase adulta, com possiveis prejuizos emocionais e consequentemente sociais e profissionais.
Entao, como diagnosticar a dislexia?

Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve se procurar ajuda especializada.

Uma equipe multidisciplinar, formada por Psicologa, Fonoaudiologa e Psicopedagoga Clinica deve iniciar uma minuciosa investigacao. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangencia do processo de avaliacao, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista e outros, conforme o caso.

A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnostico de dislexia. E o que chamamos de AVALIACAO MULTIDISCIPLINAR e de EXCLUSAO.

Outros fatores deverao ser descartados, como deficit intelectual, disfuncoes ou deficiencias auditivas e visuais, lesoes cerebrais (congenitas e adquiridas), desordens afetivas anteriores ao processo de fracasso escolar (com constantes fracassos escolares o dislexico ira apresentar prejuizos emocionais, mas estes sao consequencias, nao causa da dislexia).

Neste processo ainda e muito importante:

Tomar o parecer da escola, dos pais e levantar o historico familiar e de evolucao do paciente.

Essa avaliacao nao so identifica as causas das dificuldades apresentadas, assim como permite um encaminhamento adequado a cada caso, por meio de um relatorio por escrito.

Sendo diagnosticada a dislexia, o encaminhamento orienta o acompanhamento consoante as particularidades de cada caso, o que permite que este seja mais eficaz e mais proveitoso, pois o profissional que assumir o caso nao precisara de um tempo, para identificacao do problema, bem como tera ainda acesso a pareceres importantes.

Conhecendo as causas das dificuldades, o potencial e as individualidades do individuo, o profissional pode utilizar a linha que achar mais conveniente.

Os resultados irao aparecer de forma consistente e progressiva. Ao contrario do que muitos pensam, o dislexico sempre contorna suas dificuldades, encontrando seu caminho. Ele responde bem a situacoes que possam ser associadas a vivencias concretas e aos multiplos sentidos. O dislexico tambem tem sua propria logica, sendo muito importante o bom entrosamento entre profissional e paciente.

Outro passo importante a ser dado e definir um programa em etapas e somente passar para a seguinte apos confirmar que a anterior foi devidamente absorvida, sempre retomando as etapas anteriores. E o que chamamos de sistema MULTISSENSORIAL e CUMULATIVO.


FONTE: Ass. Brasileira de Dislexia

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Como evitar ansiedade, insegurança e o desinteresse dos alunos em retornar às aulas?




O início das aulas pode ser marcado por sentimentos mistos, que vão da euforia, alegria e entusiasmo à insegurança, medo e desinteresse. Dessa forma, enquanto para alguns alunos surge a confortável e motivadora expectativa do reencontro com amigos e professores, para outros, esse momento do primeiro contato com a escola e com tudo que ela propõe pode gerar ansiedade e desinteresse.

Antes de qualquer coisa, é fundamental que pais e educadores tenham consciência de que após uma temporada sem compromissos e responsabilidades ligadas aos estudos, é natural que alguns estudantes se sintam “meio perdidos” e encontrem dificuldade para se adaptarem ao novo ritual. Assim sendo, a primeira semana de aula costuma ser um período de adaptação e readaptação, pois todos estão vindo de um ritmo de férias, no qual os horários tendem a ser mais flexíveis.

Nesse período é interessante que os pais aproveitem a oportunidade para conversarem com os filhos de maneira clara e abertamente. É importante dizer que, assim como eles retornam ao trabalho e às suas responsabilidades profissionais após as férias, visando a manutenção da produtividade, progresso e crescimento pessoal constante, os filhos também devem retornar à escola e às suas atividades, pois são atitudes que fazem a diferença e os preparam para a vida.


Fonte: Revista Fanzini

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

ESCUTATÓRIA - Rubem Alves



Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.

Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir.

Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular.

Escutar é complicado e sutil.

Diz Alberto Caeiro que... Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores.

É preciso também não ter filosofia nenhuma.

Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas.

Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.

Parafraseio o Alberto Caeiro:

Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito.

É preciso também que haja silêncio dentro da alma.

Daí a dificuldade:

A gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor...

Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.

Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração...

E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.

Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade.

No fundo, somos os mais bonitos...

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.

Contou-me de sua experiência com os índios: Reunidos os participantes, ninguém fala.

Há um longo, longo silêncio.

Vejam a semelhança...

Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio...

Abrindo vazios de silêncio... Expulsando todas as idéias estranhas.

Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala.

Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.

Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos...

Pensamentos que ele julgava essenciais.

São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.

Se eu falar logo a seguir... São duas as possibilidades.

Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza.

Na verdade, não ouvi o que você falou.

Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala.

Falo como se você não tivesse falado.

Segunda: Ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo.

É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.

Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.

O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.

E, assim vai a reunião.

Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos.

E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.

Eu comecei a ouvir.

Fernando Pessoa conhecia a experiência...

E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras... No lugar onde não há palavras.

A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa.

No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos.

Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia...

Que de tão linda nos faz chorar.

Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio.

Daí a importância de saber ouvir os outros: A beleza mora lá também.

Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.