Garth Sundem é autor de The Geeks' Guide to World Domination - Be Afraid, Beautiful People (O guia geek para a dominação mundial - Tenha medo, gente bonita, inédito no Brasil). O psicólogo David Anderegg escreveu Nerds - Who They Are and Why We Need More of Them (Nerds - Quem são e por que precisamos de mais deles, inédito). Os autores americanos falaram a Galileu.
* Afinal, qual a diferença entre o nerd e o geek?
Sundem: Os nerds são definidos pelo que não conseguem fazer: eles não se socializam. Já nós, os geeks, podemos ser entendidos pelo que conseguimos fazer: somos sociais. Nos importamos tanto com algo - computador, ciência, TV, games etc. - que isso nos permite dividir essa coisa com outras pessoas.
Anderegg: O ponto é que existem variações nessas definições. Eu entendo que o nerd se refere muito mais a uma inadequação social e a uma completa falta de interesse sexual. O termo geek está ligado a alguém que tem uma especialidade, que entende profundamente de algo.
* Existe uma dominação geek? É bom ser nerd?
Sundem: Olha, os geeks sempre dominaram o mundo. Mas era dos bastidores. O que mudou é que, agora, ser nerd é ser legal. É uma boa época. É a era de informação, e os geeks dominam a informação.
Anderegg: Ser rotulado como nerd é uma fonte de imensa ansiedade em crianças. Tem um fenômeno curioso aqui nos EUA: já observei jovens com lapsos incríveis em sua formação profissional porque eles simplesmente se afastaram de áreas que achavam típicas de nerds... Ser nerd não é nada positivo quando você é novo.
* Obama, "o homem mais poderoso da Terra", o "presidente blackberry", é o nerd/geek mais importante do mundo?
Sundem: De fato, em primeiro lugar é o Obama. Ele restaurou praticamente sozinho a cultura da inteligência nos EUA. Mas o geek comum, aquele estudante que passa a hora do almoço jogando RPG, esse é o mais importante. É esse cara que mantém o mundo geek vibrando - ainda que com ajuda de J.J. Abrams, Bill Gates e Steve Jobs.
Anderegg: J.J. Abrams produz entretenimento pseudointelectual para pessoas que não gostam de ler. Peter Orszag, diretor do Escritório de Gestão e Orçamento dos EUA, o conselheiro de Obama, esse é o nerd do momento.
* Facebook, Orkut e MSN não despersonalizam as relações?
Sundem: Há mesmo um risco de as "pessoas normais" terem relações menos "pessoais". Nesse ponto, para os nerds não muda muito. Mesmo antes da internet, não tínhamos um cara a cara. Na verdade, tínhamos pouquíssimo contato social. A tecnologia nos permitiu dar um passo adiante. Já os "normais" talvez tenham dado um passo para trás. Isso igualou as nossas chances no campo dos relacionamentos, não? Ao menos um pouquinho...
Érico Borgo- Revista GALILEU- julho/09
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