terça-feira, 5 de maio de 2015

Falando sobre DISLEXIA


A aprendizagem é um processo complexo e mesmo as dificuldades associadas a ele envolvem muitos fatores que precisam ser conhecidos. Quando conhecemos causas e funcionamento, conseguimos lidar melhor com os obstáculos. Então, vamos falar um pouco melhor sobre Dislexia?
  • Você sabe o que é Dislexia?
A Dislexia é um transtorno de aprendizagem de origem neurobiológica e sua principal característica é a dificuldade no reconhecimento (leitura) preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e na soletração.(Definição adotada pela IDA – International Dyslexia Association, em 2002. Essa também é a definição usada pelo National Institute of Child Health and Human Development – NICHD) É importante ressaltar que a Dislexia não está associada à inteligência ou à capacidade de pensar, não significa falta de motivação ou de vontade de aprender, não é um problema psicológico, de comportamento ou social. E também não se trata de uma doença. “É um funcionamento peculiar do cérebro para o processamento da linguagem”.
  • Os sinais apresentados:
Cada pessoa é um ser único, individual. E cada pessoa com Dislexia também tem características próprias, nenhuma é exatamente igual à outra e, sendo assim, os sinais podem se mostrar diferentes de um indivíduo para o outro. Mas alguns sinais são mais comuns, como: dificuldade de pronunciar alguns fonemas, dificuldade para rimas, inversão de letras e palavras (como trocar o “p” pelo “q” ou o “d” pelo “b”), dificuldade para separar e sequenciar sons (como: b-o-l-a), dificuldade na compreensão de textos, pode apresentar dificuldade de concentração, entre outros.
  • Toda dificuldade de aprendizagem e/ou concentração é um sinônimo de Dislexia?
A resposta é, sem dúvidas, não!
Precisamos tomar muito cuidado com diagnósticos precipitados, ainda mais considerando a era digital em que vivemos, onde poucas escolas se adequam aos novos interesses e demandas de aprendizagem, onde as crianças são excessivamente expostas a estímulos tecnológicos e excessivamente cobradas em múltiplos afazeres. Muitos fatores podem estar relacionados então a uma dificuldade de concentração em tarefas escolares ou mesmo dentro da sala de aula, por exemplo. Em relação à dificuldade de leitura, escrita e aprendizagem, precisamos levar em conta também possíveis problemas de visão e audição, fatores neurológicos, sociais, familiares, psicológicos, de metodologia de ensino no ambiente escolar e outros. Só depois de uma análise muito cuidadosa, poderemos estabelecer um diagnóstico positivo ou negativo para a Dislexia.
  • Descobrindo a Dislexia:
Desde muito cedo é possível observar alguns sinais da Dislexia, mas um diagnóstico seguro é feito a partir de um tempo considerável de exposição da criança ao aprendizado da leitura e da escrita. E é claro, precisamos respeitar as fases de desenvolvimento da criança, pois cada idade responde de uma forma a estímulos novos e cada criança tem seu ritmo de aprendizagem, que nem sempre será exatamente aquele que a família deseja.
  • Por que algumas pessoas só descobrem a Dislexia na fase adulta?
A Dislexia é um quadro que está presente durante toda a vida do indivíduo, desde o nascimento. O que ocorre nos casos em que só se descobre o transtorno na fase adulta é que o disléxico provavelmente encontrou formas de lidar e compensar a suas dificuldades (mediante a um esforço maior do que pessoas que não tem Dislexia), convivendo com elas até que fosse estabelecido um diagnóstico.
  • Papel da família:
Diante da suspeita de Dislexia, ou mesmo após o diagnóstico e durante o acompanhamento do quadro, o papel da família é fundamental. Às vezes os pais se sentem frustrados em suas expectativas ao verem que o aprendizado do filho segue a passos mais lentos do que eles esperavam. No início isso pode resultar em cobranças até sufocantes para as crianças, o que pode piorar as dificuldades que elas já apresentam. Buscar o auxílio de profissionais (fonoaudiólogo, psicólogo, neuropediatra…) irá ajudar a família a lidar com todo este processo e trabalhar a compreensão e paciência, tão importantes para o disléxico. Acompanhar de forma positiva todas as evoluções, respeitar e também dar apoio nas dificuldades deve ser o papel da família sempre.
Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica 

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