Jogos de regra podem ser um importante instrumento no diagnóstico psicopedagógico.
As situações que surgem durante o jogo – escolhido livremente ou proposto pelo psicopedagogo permitem observar: como o sujeito usa seus próprios recursos cognitivos e expressa suas emoções, como compreende e como aprende instruções e regras do jogo, se aparecem respostas constantes do tipo: “Não sei”, “Não entendi”, “Esse é difícil”, “Mas…tem solução?”, o modo de enfrentar situações novas, o nível de atenção e o foco na tarefa, as indecisões para iniciar, para continuar, como enfrenta as dificuldades, seus esforços, ograu de paciência e persistência nas tentativas e estratégias, o nível de resistência à frustracão, as estratégias que usa para jogar – se faz planejamentos, antecipações,se joga “ao acaso” ou faz escolhas “refletidas”, se explora possibilidades –, o nível de solução de problemas,a lógica usada na busca de soluções, se pede ajuda ou não, se parece admitir que pode contar com a ajuda do psicopedagogo, o nível de autonomia ao jogar – quando já conhece o jogo/quando ainda não conhece o jogo, a ansiedade mobilizada pelo jogo, a agressividade, os medos, conflitos e defesas, como lida com o erro – o erro paralisante e o erro como estímulo para buscar novos caminhos-, os argumentos que usa para justificar os erros e os acertos, como lida com o ganhar e o perder.
Os dados observados nos jogos de regra são analisados e integrados ao conjunto de dados obtidos durante a avaliação psicopedagógica para se chegar à Compreensão Diagnóstica.
Fragmentos de casos clínicos em que jogos de regra são utilizados no diagnóstisco psicopedagógico – como O Jogo da Velha, Quarteto, Resta Um, Cara a Cara, Can Can, Torre de Hanói, A Hora do Rush – são relatados e discutidos.
Os jogos de regra constituem também um dos pilares do trabalho de intervenção psicopedagógica: desempenham uma função estruturante que gera transformações e abre possibilidades de aprendizagem.
O jogo cria um espaço transicional – possibilita “conversar sobre o que realmente importa como se não importasse tanto”.
Ao experimentar acontecimentos totais – como os jogos de regra – a criança/o adolescente recupera a possibilidade de aprender com a experiência e pode transpor essa experiência para outras situações de aprendizagem.
Rosa Maria Junqueira Scicchitano
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