segunda-feira, 8 de março de 2010

DISPEDAGOGIA



As dispedagogias podem acontecer por vários fatores, interferindo significativamente no processo de aprendizagem de nossas crianças:
1-Descompromisso do professor com o ensino-aprendizagem
2-Falhas metodológicas
3-Sobrecarga de tarefas escolares, que estão além da capacidade real da criança
4-Inadequação da idade/maturidade da criança frente a serie que cursa.
A questão metodológica é seríssima: e no jogo de empurra/empurra, de quem é a responsabilidade (do professor que não sabe utilizar adequadamente as estratégias ou da maneira como a criança é promovida, sem conteúdo necessário, por descaso do responsável pela serie anterior, e assim, numa cadeia sem fim, passa de serie em serie sem nada aprender, rotulando-a de "problemática"?).
Muitos têm relatado como conseguem ensinar apesar da metodologia, da sala de aula sem recurso, ou das crianças com dificuldade que recebem em suas turmas. Isso é ser educador! É o amor á Educação!
Muitas crianças são rotuladas pelos professores como portadoras de déficit de atenção, hiperativas, disléxicas. Rotulam sem terem conhecimento.
A criança pode apresentar alguns comportamentos por conta da Dispedagogia:
1- Está imatura para a série em que se encontra: muitas crianças se alfabetizam antes da idade correta. Muitas mães achando que seus filhos são "superdotados ou inteligentíssimos" forçam a barra na escola, solicitando uma "promoção" para seus "geniosos filhotes". Muitas vezes se esquecem que cognitivamente podem estar hiper estimulados ou á frente da turma, mas que emocionalmente, ou perceptivamente ainda não estão prontos para tamanha promoção.
2- Ás vezes, na competitividade entre quem alfabetiza primeiro, as escolas "jogam" seu conteúdo, ensinam ás pressas, ou ainda pior, iniciam esse processo ainda na educação infantil, esquecendo-se que há tantas etapas a serem cumpridas, nesse brincar maravilhoso da educação infantil, e o ler e escrever se torna uma "neurose" entre as classes da Ed. Infantil, gerando ansiedade, medo e problemas nas crianças.
3- Outras vezes, nos defrontamos com escolas onde não há conhecimento dos processos fundamentais que antecedem o "ler e escrever" e a copia e a identificação das letras, assim como os conceitos matemáticos são jogados e a criança inicia o processo maravilhoso do mundo lido e escrito cheia de medos , ansiedades e "peso", escutando sempre: você está devagar... !O que acontece que você não consegue? Teus amiguinhos já estão conseguindo...
O que fazer quando estamos de frente com essas dificuldades não da criança, mas sim de fatores externos?
1- Reavaliar e ver qual a área em defasagem
2-Dificuldades na leitura e escrita: checar a consciência fonológica e trabalhá-la, esquecer o caderno e estimulá-la através de dinâmicas em grupos, com recorte, colagem e expondo essas produções que valorizam o potencial de cada criança.
3-Falhas perceptivas? Na duvida, trabalhe com a turma toda, pois quem não apresentar problemas, se beneficiará e isso poderá ser feito ludicamente, trabalhando-se fora de sala, envolvendo a psicomotricidade nessa brincadeira deliciosa que dará noções fundamentais á criança.
4-Dificuldades na grafia e reconhecimento das letras? Trabalhar uma a uma, fazer gincanas com cada letra, auto ditado, jogar bola nas letras em questão, numa brincadeira com a turma que estimula varias áreas (psicomotricidade/percepção/ relações espaciais e temporais),etc.
Temos que sempre ter consciência do que a criança precisa, identificar as falhas ou lacunas que precisam ser reorganizadas e passo a passo, ir trabalhando, sem pressa. Só assim conseguiremos ensinar a ler e a escrever essas crianças, que esbarram em falhas que não são oriundas delas, mas sim da escola, da metodologia utilizada.

Na minha prática, sempre avalio primeiro o que a criança tem, o que percebe para depois chegar às falhas perceptivas que possam existir. Valorizar a criança, mostrar a ela que a dificuldade não é dela, mas sim da maneira com está a aprender, é fundamental para que se sinta segura e assim, confiante, reiniciará essa caminhada, sedenta de novos saberes.
Portanto, muitas das dificuldades na aprendizagem não são por conta da criança, mas sim de causas externas a elas.
Professores despreparados, estressados, desanimados e frustrados com o que fazem o que poderão ensinar?
Metodologias capengas, sem base ou jurássicas, serão prazerosas?
Escola sem preparo, sem material, sem aconchego e ambiente acolhedor é bom para aprender?
Vamos refletir sobre isso antes de rotular nossos alunos.

Fonte: Juliane Feldmann

2 comentários:

Sheyla disse...

Sensacional essa postagem! Parabéns!

sou estudante do cruso de Psicopedagogia e Educação Especial. Pretendo escrever meu artigo para TCC fazendo uma análise sobre a problemática da distorção idade-série de crianças adolescentes que apresentam dificuldades de aprendizagem, transtornos e deficiência. Muitas vezes, reflexo da não intervenção precoce, a falta de avaliação eficaz e diagnóstico preciso.

Gostaria de saber se podemos considerar que crianças e adolescentes que apresentam distorção idade-série por conta de transtornos, deficiências e dificuldades de aprendizagem, também são consideradas "vitimas" de instituições de ensino que podem ser "produtoras" de dificuldades de aprendizagem ou a origem dessas? Seria isso dispedagogia?

marijaques disse...

Infelizmente isso acontece na escola. Precisamos ficar atentos para que isso não aconteça aos nossos estudantes.