domingo, 25 de outubro de 2009
Timidez na infância
A timidez pode ser definida como a tendência para evitar interações sociais, devido ao receio de ser avaliado negativamente por parte dos outros. Em termos somáticos, as manifestações de timidez caracterizam-se, sobretudo, por rubor, tensão muscular, palpitações, tremuras e sudação intensa.
Se o seu filho rói as unhas, tem as mãos sempre bastante suadas, é retraído, é muito passivo e tem dificuldade em relacionar-se com colegas da mesma idade, então provavelmente é uma criança tímida.
Apesar de não existir muito consenso sobre a origem da timidez, muitos investigadores consideram que, embora esta tenha uma origem genética, ela pode ser exacerbada ou modificada a partir das interacções que a criança estabelece com os outros. A falta de vivências sociais é uma das causas mais relevantes para a timidez. Tudo indica que o isolamento social durante a infância perturba bastante o normal desenvolvimento da expressão emocional. Para além disto, Rosenbaum constatou, através de um estudo, a existência de uma forte correlação entre o elevado nível de ansiedade interpessoal dos pais e as condutas de timidez dos filhos.
Existe uma série de consequências negativas associadas à timidez. As crianças tímidas têm geralmente mais dificuldade em fazer e em manter amizades porque carecem de habilidades sociais, o que contribui para se tornarem mais solitárias. As dificuldades de se defenderem são outra consequência negativa, na medida em que os outros por vezes abusam delas. A timidez é também frequentemente interpretada pelas outras crianças como sinal de indiferença e desinteresse, o que contribui para que estas crianças sejam ignoradas ou excluídas. Como elas têm dificuldade em expressar as suas emoções, por vezes procuram escondê-las, com tudo o que de negativo daí advém.
O fato de a timidez implicar um elevado desgaste emocional para a criança, deve levar-nos a procurar formas de a minimizarmos. Uma das estratégias que poderão ajudar a criança a vencer a timidez é tentar criar, no contexto familiar, espaços onde ela possa falar relaxadamente, aproveitando todas as oportunidades para se reforçar positivamente o seu comportamento.
É fundamental também que no contexto escolar os educadores ou professores ajudem neste processo, estimulando a criança a participar sempre que esta seja capaz de o fazer.
Para além do que foi referido, é importante ter presente que numerosos comportamentos se podem adquirir através da aprendizagem social ( observação de modelos). Se os pais apresentarem comportamentos extrovertidos, as crianças mais facilmente poderão interiorizar este tipo de comportamento. O contrário também acontece, ou seja, pais tímidos e pouco sociáveis poderão potenciar o desenvolvimento de condutas tímidas nos filhos.
O que daqui se pode concluir é que, apesar de a genética contribuir para o aparecimento da timidez, os pais podem contrariá-la se exibirem perante os seus filhos, comportamentos marcadamente extrovertidos e se criarem oportunidades que permitam à criança ter uma grande variedade de experiências sociais.
Adriana Campos
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