quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O Fim dos Maluquinhos - Uma reflexão




O Menino Maluquinho é um personagem que trabalha muito com o afeto. Se você for ...analisar bem, é a única coisa importante na vida. Quando você fica velho, você descobre que nada é mais importante que o afeto, gostar e precisar do próximo e admitir que precise do amor dele.
Ziraldo

Uma geração de jovens dependentes químicos está em formação nesse momento, patrocinada com sucesso por produtos de uma indústria farmacêutica cada vez mais "criativa" e comercial.

A droga da vez é a Ritalina, nome simpático até demais, levando em consideração sua origem, uma tal de Anfetamina.

Criada em 1887 na Alemanha, a Anfetamina foi utilizada em larga escala pelos soldados alemães na Segunda Guerra Mundial. Hitler ordenava que seus comandados tomassem a droga diariamente, ele sabia que a pílula sintética estimulava as capacidades físicas e psíquicas de seus asseclas, eliminando a fadiga no front e por tabela economizaria na dieta alimentar dos soldados: um dos seus efeitos é a falta de apetite.

Décadas depois, já nos anos 70, a Anfetamina era o combustível da geração "Flower & Power" , dos hippies e de toda a turma do Rock, que não podiam deixar de "dar suas viajadas extra sensoriais ". A venda sem prescrição médica já estava proibida nos principais países do mundo, mas a Anfetamina era a droga símbolo da juventude setentista, que com seus excessos ajudaram a demonizar de vez o uso de drogas.

Como tudo é reciclável na indústria do consumo (incluindo a farmacêutica), da Anfetamina cria-se a Ritalina, já com a fama de salvadora para os pais (quem diria!) e mestres que não conseguem conviver com suas “crianças elétricas e maluquinhas”.

Outros nomes para a Anfetamina:
• Metilfenidato ou Ritalina
• Dietilpropiona ou Dualid S
• Mazindol ou Dobesix
• Fenpoporex ou Desobesi

Se refletirmos sobre as "ondas de soluções práticas" que tempos em tempos são vendidas como a "única saída", é possível afirmar que a falência da formação do individuo começa dentro de casa, ainda na infância; pela incapacidade dos pais de dedicarem tempo a seus filhos na sociedade pós-moderna em que vivemos.

Um número crescente de casos de crianças “hiperativas” ou com o famigerado “déficit de atenção” brotam a todo instante. Distúrbios existem e remédios são bem vindos, mas não parece óbvio que exageros estão sendo cometidos? Com uma enxurrada de propagandistas visitando diariamente os consultórios médicos, fica difícil imaginar que a industria farmacêutica não tem sua parcela de responsabilidade.Afinal, o produto tem que ser vendido.

Não raro ouço que fulano levou o filho ao médico, pois o menino está muito “agitado e desatento na escola”; médico receitou Ritalina sem pestanejar. Simples assim. Os pais não poderiam buscar uma segunda opinião antes de comprar o remédio?

Os pais abominam a palavra "DROGA" no ambiente familiar, mas não se informam o suficiente, preferem uma solução rápida e prática. Não deixa de ser uma fuga da realidade, e para isso “nada melhor” que uma droga para acompanhar.

A droga dos nazistas e da transgressão dos hippies, agora é a da “obediência recreativa”, acalmando pais e filhos.

É o fim dos nossos “maluquinhos”.

Fonte: site da UNIFESP - Escola Paulista de Medicina- Silvio Crisostomo

sábado, 19 de fevereiro de 2011

1959 X 2010





Cenário
1: João não fica quieto na sala de aula. Interrompe e perturba os colegas.


Ano 1959: É mandado à sala da diretoria, fica parado esperando 1 hora, vem o diretor, lhe dá uma bronca descomunal e volta tranquilo à classe.

Ano 2010: É mandado ao departamento de psiquiatria, o diagnosticam como hiperativo, com trastornos de ansiedade e déficit de atenção em ADD, o psiquiatra lhe receita Rivotril. Se transforma num Zumbí. Os pais reivindicam uma subvenção por ter um filho incapaz.

Cenário 2: Luis quebra o farol de um carro no seu bairro.


Ano 1959: Seu pai tira a cinta e lhe aplica umas sonoras bordoadas no trazeiro... A Luis nem lhe passa pela cabeça fazer outra nova "cagada", cresce normalmente, vai à universidade e se transforma num profissional de sucesso.

Ano 2010: Prendem o pai de Luis por maus tratos. O condenam a 5 anos de reclusão e, por 15 anos deve absterse de ver seu filho. Sem o guia de uma figura paterna, Luis se volta para a droga, delinque e fica preso num presídio especial para adolescentes.

Cenário 3: José cai enquanto corria no patio do colégio, machuca o joelho. Sua professora Maria, o encontra chorando e o abraça para confortá-lo...


Ano 1959: Rapidamente, João se sente melhor e continua brincando.

Ano 2010: A professora Maria é acusada de abuso sexual, condenada a três anos de reclusão. José passa cinco anos de terapia em terapia. Seus pais
processam o colégio por negligência e a professora por danos psicológicos, ganhando os dois juizos. Maria renuncia à docência, entra em aguda depressão e se suicida...

Cenário 4: Disciplina escolar

Ano 1959: Fazíamos bagunça na classe... O professor nos dava umas boa "mijada" e/ou encaminhava para a direção; chegando em casa, nosso velho nos castigava sem piedade.

Ano 2010: Fazemos bagunça na classe. O professor nos pede desculpas por repreendernos e fica com a culpa por faze-lo . Nosso velho vai até

o colégio se queixar do docente e para consolá-lo compra uma moto para o filhinho.

Cenário 5: Horário de Verão.

Ano 1959:Chega o dia de mudança de horário de inverno para horário de verão. Não acontece nada.

Ano 2010: Chega o dia de mudança de horário de inverno para horário de verão. A gente sofre transtornos de sono, depressão, falta de apetite, nas mulheres aparece celulite.

Cenario 6: Fim das férias.

Ano 1959: Depois de passar férias com toda a família enfiada num Gordini, após 15 dias de sol na praia, hora de voltar. No dia seguinte se trabalha e tudo bem.

Ano 2010: Depois de voltar de Cancún, numa viajem 'all inclusive', terminam as férias e a gente sofre da síndrome do abandono, pánico, attack e seborréia...

Vale uma bela reflexão...

EM QUE PARTE DO CAMINHO NOS PERDEMOS?

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

APROVAÇÃO FACILITADA



Escolas estaduais acabarão com repetência até o terceiro ano

Secretário Jose Clovis de Azevedo recomendará que colégios não reprovem nas etapas iniciais do Ensino Fundamental

Homologada pelo Ministério da Educação no fim do ano passado, a recomendação do Conselho Nacional de Educação (CNE) de acabar com a reprovação nos três primeiros anos do Ensino Fundamental será adotada na rede estadual de ensino a partir deste ano letivo. Segundo o secretário estadual de Educação, Jose Clovis de Azevedo, as direções das escolas deverão ser orientadas a mudar gradativamente para o novo sistema, que cria o ciclo de Alfabetização e Letramento e elimina as séries iniciais.

– Não trabalhamos com decretos. Vamos abrir um processo de discussão em todas as coordenadorias. Mas esse é o caminho para que a escola não antecipe a exclusão pelo processo de repetência. Quem tem vivência em escola pública sabe que o investimento nas crianças por mais tempo permite que ela siga em frente. Reprovar no início afasta o aluno – diz o secretário.

Nas redes municipais, o novo método também deverá ser adotado, mas demorará mais. De acordo com assessora técnica do setor de educação da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Salete Cadore, os conselhos de ensino de cada cidade deverão se debruçar sobre o tema e escolher o caminho.

– A alfabetização pode ser complementada no segundo ano, sem problemas. Admitir os três anos é uma novidade grande demais. Os municípios vão precisar de mais tempo até a adoção – aposta Salete.

Entre os especialistas, a recomendação do CNE chancelada pelo ministro Fernando Haddad é pura polêmica. A ex-secretária de Educação de Porto Alegre na gestão Olívio Dutra (1989-1992) e presidente do Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (Geempa), Esther Grossi, é contra e diz que o sistema irá criar uma legião de analfabetos.

– Essa mudança não ajuda a superar o desafio primeiro da escola. Eles estão, sim, empurrando muitos brasileiros ao analfabetismo, perpetuando esta lacuna inaceitável, que é a não alfabetização de tantos milhões, os quais sairão cegos para nossa língua escrita. Esse sistema só adia a reprovação que virá nos anos seguintes – diz Esther.

GUSTAVO AZEVEDO ( Jornal Zero Hora)

E agora???


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O nó do afeto





Em uma reunião de pais, numa escola da periferia, a diretora incentivava o apoio que os pais devem dar aos filhos. Pedia-lhes, também, que se fizessem presentes o máximo de tempo possível.
Ela entendia que, embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade trabalhassem fora, deveriam achar um tempinho para se dedicar e entender as crianças.Mas a diretora ficou muito surpresa quando um pai se levantou e explicou, com seu jeito humilde, que ele não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo,durante a semana.
Quando ele saía para trabalhar, era muito cedo e o filho ainda estava dormindo.
Quando voltava do serviço era muito tarde e o garoto não estava mais acordado.
Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família.
Mas ele contou, também, que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e que tentava se redimir indo beijá-lo todas as noites quando chegava em casa.
E, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria.
Isso acontecia, religiosamente, todas as noites quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado.
O nó era o meio de comunicação entre eles.
A diretora ficou emocionada com aquela história singela e emocionante.
E ficou surpresa quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola.
O fato nos faz refletir sobre as muitas maneiras de um pai ou uma mãe se fazer presente, de se comunicar com o filho. Aquele pai encontrou a sua, simples mas eficiente.
E o mais importante é que o filho percebia, através do nó afetivo, o que o pai estava lhe dizendo.
Por vezes nos importamos tanto com a forma de dizer as coisas e esquecemos do principal, que é a comunicação através do sentimento.
Simples gestos como um beijo e um nó na ponta do lençol, valiam, para aquele filho, muito mais que presentes ou desculpas vazias.
É válido que nos preocupemos com os nossos filhos, mas é importante que eles saibam, que eles sintam isso.
Para que haja a comunicação é preciso que os filhos "ouçam" a linguagem do nosso coração, pois em matéria de afeto os sentimentos sempre falam mais alto que as palavras.
É por essa razão que um beijo, revestido do mais puro afeto, cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o ciúme do bebê que roubou o colo, o medo de escuro.
A criança pode não entender o significado de muitas palavras, mas sabe registrar um gesto de amor.
Mesmo que esse gesto seja apenas um nó. Um nó cheio de afeto e carinho.

E você? Já deu algum nó afetivo no lençol do seu filho hoje?

sábado, 5 de fevereiro de 2011

BIG BROTHER BRASIL



Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil,... encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.

Dizem que em Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos, na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE...

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.

Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.

Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?

São esses nossos exemplos de heróis?

Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros: profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..

Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.

Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.

Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada, meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.

E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!

Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.

Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social: moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?

(Poderiam ser feitas mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.

Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ler a Bíblia, orar, meditar, passear com os filhos, ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.

(Luiz Fernando Veríssimo)


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

CRIANÇAS EM FÉRIAS: A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR




Levando em consideração que as crianças dedicam grande parte do seu tempo aos jogos e brincadeiras, cabe aos pais ou responsáveis proporcionar-lhes diferentes vivências, principalmente neste período de férias, pois brincando as crianças conquistam suas primeiras relações com o mundo exterior e entram em contato com objetos que permitem várias possibilidades de criação, exploração e expressão, assimilando gradativamente regras e padrões. Desenvolvendo, assim, algumas capacidades como a atenção, a imitação, a memória e amadurecem a capacidade de socialização.
Desde bebês comunicam-se através de seu próprio corpo que lhe oferece uma infinidade de sensações. Nos primeiros meses, bichinhos, chocalhos de várias formas e texturas e sons despertam os sentimentos. Até um ano os brinquedos de empurrar e andar acompanham a aventura dos primeiros passos.
A partir dos dois anos a coordenação motora já permite chutar, pedalar, dançar... Com essas brincadeiras aprendem a utilizar objetos, a coordenar seus movimentos tornando-os mais precisos. Jogos de encaixe, montar, empilhar auxiliam a criança a dominar progressivamente o mundo material desenvolvendo confiança e autonomia.
A expansão do movimento e a coordenação motora continuam agindo como fator de autoconhecimento até os cinco anos onde correr, pular, jogar bola reforçam a autoestima da criança. Ao brincar ao ar livre, há um jeito especial de desenvolver o corpo, soltar a imaginação e socializar-se, pois neste espaço há um verdadeiro laboratório de desenvolvimento físico, social e emocional. As crianças dão vida as suas histórias e imaginação. É com outras crianças que se sentem mais a vontade para expressar seus sentimentos. Através da brincadeira aprende a viver, a dar e receber, colaborar, ganhar e perder. A criança tem prazer nas atividades livres. Ela precisa usar sua energia, precisa ter espaços diferenciados de vivências e principalmente oportunidades em experimentar o novo.
Para Champagne, (1989), a brincadeira infantil possui diferentes funções: é o suporte do jogo mediador que permite a criança testar situações da vida real ao seu nível, sem riscos e sob seu controle. O brinquedo proporciona que a criança descubra pouco a pouco suas próprias capacidades de compreensão.
No faz de conta às crianças aprendem a agir em função da imagem de uma pessoa, uma personagem, um objeto, de situações da vida cotidiana, não se tratando de imitação, pois ela modifica a realidade sobre os fatos e representa a realidade acreditando poder influenciar sobre os fatos e representa a realidade como ela gostaria que fosse substituindo e corrigindo momentos desagradáveis. Através do faz de conta dão liberdade à imaginação, colocando em prática suas fantasias sem a intervenção direta do adulto.
À medida que o interesse da criança se aproxima da realidade o jogo torna-se mais construtivo e ela encontra prazer em realizar uma atividade e alcançar um resultado. Gosta de executar tarefas com massa de modelar, tintas, recortes, jogos de encaixe...
Os pais ou responsáveis,observando os interesses que surgem, podem provocar novos estímulos para a compreensão do mundo. O brincar pode ser uma maneira prazerosa de experimentar novas situações e assim compreender, mais facilmente o mundo que a cerca. Devem ter consciência de que o que esta acontecendo à criança, enquanto ela brinca ou joga,é mais importante que o produto final. A criança trabalha de forma criativa, e aprende enquanto brinca, e para ser criativa precisa de espaço, materiais, liberdade, e experiências diversas.
O brincar é o grande segredo para garantir estímulos positivos ao desenvolvimento das crianças. Ela deve ter liberdade para fazer suas escolhas e brincar com o que desejar, mas o importante é proporcionar atividades em que pais ou responsável participem, ativamente, destes momentos . Lembrando que a escolha das brincadeiras ou jogos não se da apenas pelo gosto, mas pelas necessidades de cada fase do desenvolvimento.


Pedagoga Márcia de Almeida Moura

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Hora de repensar o ano



Reprovação ou notas baixas durante o período escolar podem ser motivadoras para novas atitudes de pais e filhos

Por trás de uma nota baixa no final de ano ou de uma reprovação escolar, podem estar questões muito mal resolvidas dentro de casa. Ter de repetir os estudos é uma frustração para pais e filhos, mas deve ser encarado como uma proposta de desafio e um momento para repensar atitudes da família.

É preciso ver até que ponto a reprovação pode ser considerada um insucesso. Inúmeros fatores devem ser analisados, como a falta de interesse da criança pela escola, alguma inadequação no ritmo de vida dela ou até mesmo a falta de interesse dos pais em saber como está a vida escolar do filho – explica a pedagoga Ana Cristina da Silva Rodrigues, doutora em Educação.

Mesmo que os pais deleguem à escola a função de educar, são eles os responsáveis pelo incentivo ao filho e por acompanhar a agenda e as rotinas do pequeno, diz a especialista. Se alguma coisa não vai bem, seja no relacionamento do casal ou na forma com que demonstram preocupação com a criança, pode surgir um resultado indesejado no boletim.

– A reprovação é uma segunda chance para todos e pode indicar que a criança não estava pronta para a próxima etapa. Se pensarmos assim, podemos encontrar consequências positivas, como a possibilidade de ela se integrar melhor na escola – diz Ana Cristina.

Para não fazer da reprovação um castigo, estudantes e familiares devem entender o fato como um aprendizado, seja para reavaliar o ano ou para aprender a lidar com as frustrações. Nesses casos, castigos e pequenas punições só resolvem se forem seguidos de muita conversa e de combinações estabelecidas anteriormente.

– Hoje temos a tendência de evitar um revés na vida dos filhos. Mas a vida não é tão boazinha, e os pais precisam saber viver com os fracassos e os sucessos – analisa a pedagoga Helena Sporleder Côrtes, professora da Faculdade de Educação da PUCRS.

E como garantir a autoestima do estudante que acabou de ser reprovado na escola? Não existe receita, acreditam os especialistas, mas é prudente a aproximação dos pais com a escola e com os filhos. Além disso, reservar um tempo para um bom diálogo (para saber o que houve), estabelecer metas para o ano seguinte e elogiar as conquistas podem ajudar na hora de construir novas referências para 2011.


Refletir para aprovar
- A reprovação da criança é um momento para os pais refletirem sobre suas atitudes e a da escola. Pode ser resultado de desestímulo, problemas de disciplina, baixa autoestima ou pouca identificação com os colegas ou com a escola.
- Avalie se houve descomprometimento com a rotina escolar da criança e se os pais acompanharam pouco o desenvolvimento do filho.
- Encare o momento como uma possibilidade de o seu filho crescer emocionalmente e superar um obstáculo importante para a futura formação dele.
- Converse com o professor para saber o que pode ter causado a reprovação. Em alguns casos, há problemas de aprendizagem relacionados a fatores psicológicos.
- Diálogo é fundamental para que o próximo ano seja diferente. Proponha novos desafios para a criança e para a família, como horários de estudos em casa e de lazer.
- Evite oferecer presentes em troca da aprovação escolar. A criança precisa compreender que os estudos não devem ser uma negociação, mas uma possibilidade de adquirir conhecimento.
Jornal ZERO HORA- Porto Alegre-20/12/2010

domingo, 12 de dezembro de 2010

Pais compram trabalhos escolares


Zero Hora revela nesta reportagem como funciona esse mercado da educação(12/12/10)



Em um ato de desespero para buscar a aprovação dos filhos, famílias contratam professores para resolver questões no lugar dos filhos, estimulando um mercado condenável do ponto de vista do ensino e dando um péssimo exemplo para a formação dos estudantes.
Por R$ 40, R$ 60, o ano letivo de um aluno dos ensinos Fundamental ou Médio pode estar garantido. Esses são alguns dos preços que pais estão pagando a professores de aulas particulares para executarem os trabalhos escolares dos filhos e, assim, engordar a nota final dos filhos, obtendo aprovação.

Sem qualquer participação dos estudantes, profissionais que deveriam educar se aproveitam do desespero e despreparo de famílias para faturar num mercado imoral e também criminoso compactuado por mães e pais.

Zero Hora comprovou essa realidade que ajuda a desfigurar ainda mais a já precária educação brasileira. A reportagem encomendou e comprou de dois professores da Capital trabalhos de matemática que, hipoteticamente, ajudariam a passar de ano um adolescente de 15 anos. Acompanhou também a tentativa de uma mãe para resolver o problema do filho, que arrisca rodar de ano, novamente, numa escola de Porto Alegre.

Com um trabalho de biologia para ser entregue no mesmo dia, essa mãe – que não será identificada para que o garoto permaneça no anonimato – tentava achar alguém que resolvesse as questões. Ao ligar para ela, a reportagem se passou por um professor interessado em fazer a tarefa. Ela já tinha achado um profissional para o serviço, mesmo assim falou de sua intenções:

– Quero que ele passe de uma vez.

Em poucos segundos de conversa, ela revela o seu desespero:

– Está difícil, não adianta mais dar sermão. Se não for assim, não avançam.

Perguntada se o professor escolhido faria as questões ou ensinaria, ela titubeia, sem explicar:

– Ele vai fazer, são só três questões. Mas acho que vai ensinar, acho até melhor que ensine do que fazer pronto, né?

Com o fim do ano se aproximando, os telefones de professores de aulas particulares tocam com muito mais frequência do que o normal. A maior parte procura ajuda para que ensinem seus filhos na última hora, mas alguns buscam o caminho mais curto, pensando exclusivamente em garantir a aprovação.

– Tem muito pai que pede mesmo. Nós orientamos, mas eles não querem saber – revela a secretária de uma escola especializada em aulas particulares.

“O que leva um pai a chegar a esse ponto?”

Nos corredores escolares, a prática não é nova e se infiltra perigosamente nas salas de aula. A diretora da Associação dos Orientadores Educacionais do Estado, Rosângela Diel, lamenta o protagonismo dos pais.

– A gente sabe que existe, mas ver se concretizar assim é bem assustador. O que leva um pai a chegar a esse ponto? – indaga Rosângela.

O pânico da reprovação é o motor que empurra esse pais para essas soluções sombrias, segundo a psiquiatra Nina Furtado, da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul.

Rodar de ano tem uma conotação de fracasso. Não é visto como aprendizado para melhorar. Os pais se perguntam: onde falhei como pai? Ou por que não tive um filho de sucesso? A dificuldade de lidar com isso faz os pais partirem para atitudes extremas e desesperadas como esse péssimo modelo – diz Nina.

Para a especialista, pais que apelam para esse recurso perdem de vez o respeito com os filhos.

– Os pais cobram dos filhos atitudes que eles mesmos não têm. Como vai cobrar ética e bom comportamento? Para os jovens, os fins vão justificar os meios. Situações como essa atacam a base da sociedade, que é a família – pontua.

Para o doutor em psicologia infantil e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Fernando Becker, esses pais estão ensinando os filhos a delinquir:

Desse jeito, os filhos podem pensar assim: posso faturar uma grana fácil vendendo droga, por que não? É o extremo oposto de qualquer processo educacional. Quando um pai chega a esse nível, já tem um longo trajeto de concessões e de falta de atitudes enérgicas e de moral.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Férias escolares . E agora?


Terminaram as aulas, os filhos em casa. Nada de horários, lições, leva e traz da escola, enfim, missão cumprida. Muitos pais comemoram as férias dos filhos, pois elas representam um descanso para eles também. Fazem suas férias coincidirem com as escolares, apreciam conviver com os filhos, aproveitam para colocar os assuntos em dia, passeiam juntos. É hora de reunir a família. Outros, porém, não sabem o que fazer com os filhos em casa e se atrapalham, não planejam férias conjuntas, ficam ansiosos e acabam por desejar que o ano letivo comece logo.

As férias são importantes para as crianças e adolescentes refazerem-se do estresse causado pelas atividades escolares. Esse é um período que pode ser aproveitado pela família toda. Porém, se não for planejado, pode ser um pesadelo para todos. O ideal é que aqueles que gostam de participar ativamente da vida dos filhos planejem férias conjuntas ou pelo menos alguns momentos agradáveis com eles.

As férias são merecidas por todos: os que foram aprovados e mesmo os que não foram. Todos trabalharam o ano todo, fizeram os deveres, se empenharam. Alguns mais, outros menos. Férias devem ser férias. Nada de fazer os filhos estudarem em pouco tempo o que não conseguiram durante o ano letivo. Se a família puder ficar bem com todos juntos, ótimo. Se o convívio não é a melhor opção no momento, faça com que esse período seja agradável aos filhos. Planeje viagens, acampamentos ou deixe-os escolher o que desejam fazer. Forçar uma convivência quando não se está preparado pode colocar todos numa situação desagradável. Que todos tenham boas férias.

Eliza Helena Ercolin


terça-feira, 9 de novembro de 2010

Aluno é transitório. Filho é para sempre!



1. A educação não pode ser delegada à escola. Aluno é transitório. Filho é para sempre.

2. O quarto não é lugar para fazer criança cumprir castigo. Não se pode castigar com internet, som, tv, etc...

3. Educar significa punir as condutas derivadas de um comportamento errôneo. Queimou índio pataxó, a pena (condenação judicial) deve ser passar o dia todo em hospital de queimados.

4. É preciso confrontar o que o filho conta como verdade real. Se falar que professor o xingou, tem que ir até a escola e ouvir o outro lado, além das testemunhas.

5. Informação é diferente de conhecimento, ato de conhecer vem após o ato de ser informado de alguma coisa. Não são todos que conhecem. Conhecer camisinha e não usar significa que não se tem o conhecimento da prevenção que a camisinha proporciona.

6. A autoridade deve ser compartilhada entre os pais. Ambos devem mandar. Não podem sucumbir aos desejos da criança. Criança não quer comer? A mãe não pode alimentá-la. A criança deve aguardar até a próxima refeição que a família fará. A criança não pode alterar as regras da casa. A mãe NÃO PODE interferir nas regras ditadas pelo pai (e nas punições também) e vice-versa. Se o pai determinar que não haverá um passeio, a mãe não pode interferir. Tem que respeitar sob pena de criar um delinquente.

7. Em casa que tem comida criança não morre de fome. Se ela quiser comer, saberá a hora. E é o adulto quem tem que dizer QUAL É A HORA de se comer e o que comer.

8. A criança deve ser capaz de explicar aos pais a matéria que estudou e na qual será testada. Não pode simplesmente repetir, decorado. Tem que entender.

9. É preciso transmitir aos filhos a ideia de que temos de produzir o máximo que podemos. Isto porque na vida não podemos aceitar a média exigida pelo colégio: não podemos dar 70% de nós, ou seja, não podemos tirar 7,0.

10. As drogas e a gravidez indesejada, estão em alta porque os adolescentes estão em busca de prazer. E o prazer é inconsequente.

11. A gravidez é um sucesso biológico e um fracasso sob o ponto de vista sexual.

12. Maconha não produz efeito só quando é utilizada. Quem está são, mas é dependente, agride a mãe para poder sair de casa, para fazer uso da droga . A mãe deve, então, virar as costas e não aceitar as agressões. Não pode ficar discutindo e tentando dissuadi-lo da idéia. Tem que dizer que não conversará com ele e pronto. Deve 'abandoná-lo'.

13. A mãe é incompetente para 'abandonar' o filho. Se soubesse fazê-lo, o filho a respeitaria. Como sabe que a mãe está sempre ali, não a respeita.

14. Se o pai ficar nervoso porque o filho aprontou alguma coisa, não deve alterar a voz. Deve dizer que está nervoso e, por isso, não quer discussão até ficar calmo. A calmaria, deve o pai dizer, virá em 2, 3, 4 dias. Enquanto isso, o videogame, as saídas, a balada, ficarão suspensas, até ele se acalmar e aplicar o devido castigo.

15. Se o filho não aprendeu ganhando, tem que aprender perdendo.

16. Não pode prometer presente pelo sucesso que é sua obrigação.

Tirar nota boa é obrigação.

Não xingar avós é obrigação.

Ser polido é obrigação.

Passar no vestibular é obrigação.

Se ganhou o carro após o vestibular, ele o perderá se for mal na faculdade.

17. Quem educa filho é pai e mãe. Avós não podem interferir na educação do neto, de maneira alguma. Jamais. Não é cabível palpite. Nunca.

18. Muitas são desequilibradas ou mesmo loucas. Devem ser tratadas. (palavras dele).

19. Se a mãe engolir sapos do filho, ele pensará que a sociedade terá que engolir também.

20. Videogames são um perigo: os pais têm que explicar como é a realidade, mostrar que na vida real não existem 'vidas', e sim uma única vida. Não dá para morrer e reencarnar. Não dá para apostar tudo, apertar o botão e zerar a dívida.

21. Professor tem que ser líder. Inspirar liderança. Não pode apenas bater cartão.

22. Pais e mães não podem se valer do filho por uma inabilidade que eles tenham. Filho, digite isso aqui pra mim porque não sei lidar com o computador. Pais têm que saber usar o Skype, pois no mundo em que a ligação é gratuita pelo Skype, é inconcebível pagarem para falar com o filho que mora longe.

23. O erro mais frequente na educação do filho é colocá-lo no topo da casa. O filho não pode ser a razão de viver de um casal. O filho é um dos elementos. O casal tem que deixá-lo, no máximo, no mesmo nível que eles. A sociedade pagará o preço quando alguém é educado achando-se o centro do universo.

24. Filhos drogados são aqueles que sempre estiveram no topo da família.

25. Cair na conversa do filho é criar um marginal. Filho não pode dar palpite em coisa de adulto. Se ele quiser opinar sobre qual deve ser a geladeira, terá que mostrar qual é o consumo (KWh) da que ele indicar. Se quiser dizer como deve ser a nova casa, tem que dizer quanto isso (seus supostos luxos) incrementará o gasto final.

26. Dinheiro "a rodo" para o filho é prejudicial. Mesmo que os pais o tenham, precisam controlar e ensinar a gastar.

Finalizando:
"...A mãe (ou o pai!) que leva o filho para a igreja, não vai buscá-lo na cadeia..."


Palestra ministrada pelo médico psiquiatra Dr Içami Tiba

( 23/07/08)