segunda-feira, 25 de agosto de 2014

A formação da moral na primeira infância

















PALESTRANTE DESTA NOITE no Fronteiras do Pensamento,

 o especialista em psicologia cognitiva Paul Bloom falará sobre os instintos humanos

Logo na infância surgem a moralidade, que define se seremos bons ou maus, a empatia, responsável por determinar de quem se gosta ou não, e até o preconceito, que leva à rejeição e à vontade de afastar semelhantes. Mesmo os recém- nascidos têm, em seu âmago, princípios e noções de justiça – que, presentes mas ainda adormecidas nos primeiros anos de vida, sofrem influências, positivas ou negativas, da criação e da ação da sociedade.

É defendendo essas ideias, fruto de anos de pesquisa em psicologia cognitiva, que o canadense Paul Bloom palestra hoje na Capital.

O desenvolvimento social dos bebês, foco principal de sua produção acadêmica, aparece em O que nos Faz Bons ou Maus, seu livro mais recente. Nele, Bloom argumenta que a bondade e a maldade vêm de berço, assim como compaixão e indiferença, entre outros.

Ph.D em psicologia cognitiva pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, o psicanalista concentra suas pesquisas em explorar como crianças e adultos percebem o mundo físico e social. Em entrevista publicada na edição de ontem em ZH, Bloom comentou suas descobertas, especialmente as últimas, realizadas na Universidade Yale em parceria com sua mulher, Karen Wynn, também canadense e acadêmica de Psicologia.

– Há muitas evidências de que até os bebês muito jovens definem o mundo em termos de “nós contra eles” e são fortemente inclinados a favorecer o “nós”. Nossa natureza não é apenas gentil, também é cruel e egoísta – explicou ele.

Para ele, os recém-nascidos não apenas evitam aqueles que são diferentes: querem vê-los punidos. É o princípio de um senso moral que, apesar de não plenamente desenvolvido, toma forma nos primeiros meses de vida. É também assim que ocorrem as primeiras representações do preconceito – algo que, reforçado por estereótipos, seria inclusive benéfico para a sociedade, conforme Bloom.

– Em alguns casos, é uma coisa boa e racional, porque generalizações sobre grupos-estereótipos são com frequência precisas. Mas, ainda assim, há uma razão moral para não usarmos essas informações em determinadas circunstâncias. Há uma forte intuição moral, compartilhada por mim, que nos diz que, em muitos domínios, as pessoas merecem ser julgadas como indivíduos, não como membros das categorias a que pertencem – afirma.

Fonte: Zero Hora

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