O Menino Maluquinho é um personagem que trabalha muito com o afeto. Se você for ...analisar bem, é a única coisa importante na vida. Quando você fica velho, você descobre que nada é mais importante que o afeto, gostar e precisar do próximo e admitir que precise do amor dele.
Ziraldo
Uma geração de jovens dependentes químicos está em formação nesse momento, patrocinada com sucesso por produtos de uma indústria farmacêutica cada vez mais "criativa" e comercial.
A droga da vez é a Ritalina, nome simpático até demais, levando em consideração sua origem, uma tal de Anfetamina.
Criada em 1887 na Alemanha, a Anfetamina foi utilizada em larga escala pelos soldados alemães na Segunda Guerra Mundial. Hitler ordenava que seus comandados tomassem a droga diariamente, ele sabia que a pílula sintética estimulava as capacidades físicas e psíquicas de seus asseclas, eliminando a fadiga no front e por tabela economizaria na dieta alimentar dos soldados: um dos seus efeitos é a falta de apetite.
Décadas depois, já nos anos 70, a Anfetamina era o combustível da geração "Flower & Power" , dos hippies e de toda a turma do Rock, que não podiam deixar de "dar suas viajadas extra sensoriais ". A venda sem prescrição médica já estava proibida nos principais países do mundo, mas a Anfetamina era a droga símbolo da juventude setentista, que com seus excessos ajudaram a demonizar de vez o uso de drogas.
Como tudo é reciclável na indústria do consumo (incluindo a farmacêutica), da Anfetamina cria-se a Ritalina, já com a fama de salvadora para os pais (quem diria!) e mestres que não conseguem conviver com suas “crianças elétricas e maluquinhas”.
Outros nomes para a Anfetamina:
• Metilfenidato ou Ritalina
• Dietilpropiona ou Dualid S
• Mazindol ou Dobesix
• Fenpoporex ou Desobesi
Se refletirmos sobre as "ondas de soluções práticas" que tempos em tempos são vendidas como a "única saída", é possível afirmar que a falência da formação do individuo começa dentro de casa, ainda na infância; pela incapacidade dos pais de dedicarem tempo a seus filhos na sociedade pós-moderna em que vivemos.
Um número crescente de casos de crianças “hiperativas” ou com o famigerado “déficit de atenção” brotam a todo instante. Distúrbios existem e remédios são bem vindos, mas não parece óbvio que exageros estão sendo cometidos? Com uma enxurrada de propagandistas visitando diariamente os consultórios médicos, fica difícil imaginar que a industria farmacêutica não tem sua parcela de responsabilidade.Afinal, o produto tem que ser vendido.
Não raro ouço que fulano levou o filho ao médico, pois o menino está muito “agitado e desatento na escola”; médico receitou Ritalina sem pestanejar. Simples assim. Os pais não poderiam buscar uma segunda opinião antes de comprar o remédio?
Os pais abominam a palavra "DROGA" no ambiente familiar, mas não se informam o suficiente, preferem uma solução rápida e prática. Não deixa de ser uma fuga da realidade, e para isso “nada melhor” que uma droga para acompanhar.
A droga dos nazistas e da transgressão dos hippies, agora é a da “obediência recreativa”, acalmando pais e filhos.
É o fim dos nossos “maluquinhos”.
Fonte: site da UNIFESP - Escola Paulista de Medicina- Silvio Crisostomo
2 comentários:
Oi Ana, é a Jane (Casa Amarela), tu autoriza o repasse desse texto muitissímo esclarecedor (com os devidos créditos) para minha lista de amigos? Bjos.
Claro que sim.... Grande abraço Jane
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