quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A PEQUENA VÍTIMA DE SALVE JORGE



A Pequena Vítima de Salve Jorge

Criança só custa caro quando é educada por duas criaturas mais infantis do que ela

Quando Salve Jorge começou, disse a mim mesma que não veria um único capítulo. Ainda estava meio surda por causa da gritaria de Avenida Brasil e queria minha paz de volta. E assim foi: não assisti aos primeiros capítulos. Mas aí, um dia, gostei de adiante lembrei que o ótimo Alexandre Nero estava no elenco, além do colírio do Domingos Montagner, e passei a simpatizar com a maquiavélica Wanda de Totia Meireles, e quando dei por mim, havia sido capturada para o dramalhão mais inverossímil da televisão brasileira – ou alguém consegue aguentar a moscona da Morena que, com a finada Jéssica, passava as tardes na casa da delegada sem conseguir denunciar que havia sido traficada?

Me irrita a trouxice das personagens femininas da maioria das novelas. Acho louvável que a autora Gloria Perez procure usar o maior petardo da programação da Globo para trazer à tona assuntos pouco discutidos pela sociedade, como é o caso do tráfico de pessoas, mas a forma canastrona com que esses dramas costumam ser apresentados faz com que eles pareçam pouco reais.

O que tem me deixado chocada nessa novela não é a seringa que o personagem de Claudia Raia leva na bolsa para algum imprevisto ou os tapas que o parrudo Russo distribui no cativeiro das beldades. O que me cala e me constrange é uma criança que está sendo manipulada pelo pai em meio a um divórcio litigioso. Aquilo ali, sim, é real, muitíssimo comum e igualmente criminoso.

Não consigo imaginar nada mais brutal do que dizer para um filho: “Tua mãe não te ama”. O mesmo vale para mães que dizem isso aos filhos a respeito dos pais. Quem faz essa covardia com uma criança é quem verdadeiramente não a quer bem. Usar o sentimento de inocentes a fim de atingir um cônjuge que passamos a odiar é de uma agressividade tão letal quanto uma injeção no pescoço, tão dolorido quanto um soco de um brutamontes.

Nem todos que agem assim o fazem por maldade. Muitos o fazem por ignorância. Mas até ignorantes deveriam possuir alguma sensibilidade para entender que uma criança necessita de segurança emocional e não de ser envolvida nas brigas de um casal que um dia resolveu se unir, e que mais adiante resolveu se separar. Casamento não precisa ser para sempre, mas a responsabilidade parental, sim.

Crianças não conseguem processar direito o que vivenciam. Assumem culpas que não possuem, fantasiam abandonos, se responsabilizam pela infelicidade dos pais, e pior do que tudo, se sentem desprotegidas em um lar briguento. Crescem e se tornam homens e mulheres paranoicos, inseguros, acovardados diante da vida.

É uma tecla insistentemente batida, mas pouco escutada: criança precisa ser amada. Não precisa de um iPhone aos nove anos, não precisa ir a Disney antes de ser alfabetizada, não precisa de um guarda-roupa de estrela de cinema. Precisa ser amada. Sai de graça.Só custa caro quando é educada por duas criaturas mais infantis do que ela.
 
Martha Medeiros- ZH - 03/02/13

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Volta às aulas: o papel da escola e dos pais

 
Um dos momentos mais esperados na vida de uma criança, onde ela sente um misto de curiosidade, entusiasmo e medo...é o inicio do ano letivo!
Para os veteranos a expectativa é pelas mudanças , novidades...reencontros. Para os que chegam à escola pela primeira vez predomina o temor do desconhecido...não apenas para a criança, mas à todos os envolvidos emocional e familiarmente (nos dias atuais precisamos abranger pais, avós, babás...) Em ambos os casos o mais importante é a fase de readaptação/adaptação.
Priorizar a afetividade e a socialização no momento de receber os alunos é papel da escola. Cada criança que chega tem seu jeito de ser, sua individualidade...que aliada aos demais colegas que também estão chegando, forma-se um grupo de diferentes. O professor deve estar atento aos desejos das crianças, cabendo-lhe proporcionar um ambiente de integração, onde a aprendizagem flua dinâmica e participativamente. Satisfazer a curiosidade das crianças, apresentar a rotina, regras e combinações , devem ser expostas aos poucos para não acontecer acúmulo de informações, muitas das quais a crianças não consegue registrar e assimilar.
A aprendizagem quando acontece com prazer, jamais é esquecida. E cabe aos adultos que a cercam, proporcionar esses momentos inesquecíveis.
Aos pais a tarefa de valorizar a escola e incentivar a criança , preparando-a para o reingresso/ingresso, preocupando-se com os detalhes ( materiais, uniforme...) fazendo com que a criança participe dos preparativos. Deixar claro para a criança qual é o papel da escola , do(a) professor(a), dos colegas..para que a confiança e a credibilidade nessa nova etapa da vida estudantil seja realmente aproveitada de maneira intensa e eficaz.
Os pais devem estar bem informados sobre a metodologia e rotinas da escola, para que não ocorram dúvidas e desencontros . Caso isso ocorra, nunca devem ser questionados na frente das crianças. Deve haver integração entre família/aluno/escola para que haja respaldo e confiança de que todos desejam o melhor para a criança.

Integrar seu filho a escola e permitir que seja educado para a vida é o maior desafio de todos os pais.